'Amor de Mãe' e outras 4 novelas que precisaram sair do ar

13/03/2021 às 03:004 min de leitura

A atual novela das nove da Globo, Amor de Mãe, estava perto de seu centésimo capítulo quando a pandemia começou a se agravar no Brasil, em março de 2020. 

Mais 50 episódios estavam previstos até a conclusão da obra roteirizada por Manuela Dias, que conta a história de três mães: Lurdes (Regina Casé), que tem quatro filhos e luta para reencontrar o que lhe foi roubado, Thelma (Adriana Esteves), que é obcecada pelo amor que sente por seu filho único e Vitória (Taís Araújo), uma rica advogada que não consegue realizar o sonho da maternidade. 

Mas a Globo interrompeu as gravações não apenas de Amor de Mãe, mas também de Salve-se Quem Puder (das 19h) e Nos Tempos do Imperador (das 18h) — esta última não havia estreado, ainda. No lugar, foram escaladas as reprises de Fina Estampa e A Força do Querer (às 21h), Totalmente Demais e Haja Coração (19h), além de Novo Mundo, Flor do Caribe e A Vida da Gente (18h).

Agora em 2021, um ano depois da interrupção, as duas novelas das faixas "superiores" vão voltar ao ar. Amor de Mãe, que se encaminhava para o fim, fez um resumo de duas semanas antes de entrar na nova fase, que terá apenas 23 capítulos. Já Salve-se Quem Puder, que tinha começado em janeiro de 2020, será exibida desde o início antes dos episódios inéditos irem ao ar. As novelas voltam ao ar durante o mês de março.

 Amor de Mãe, novela das nove da Globo, teve suas gravações interrompidas, obrigando a emissora a exibir reprises (Fonte: Estadão)

Isso já aconteceu antes?

Mesmo quem não gosta dela precisa reconhecer que a Globo é a maior rede de TV do Brasil e boa parte dessa liderança se consolidou nos anos 70, quando a empresa criou sua grade de programação. A novela das oito virou a das nove, mas o formato continua o mesmo há quase cinco décadas: três ou quatro novelas, com jornais no meio. 

As novelas são o maior ganha-pão da emissora: anunciantes, vendas para o exterior e por aí vai... Então, interromper a exibição delas e comprometer a audiência é assunto sério para a Globo. Por isso, em cinquenta anos, a pandemia de covid-19 foi a única vez em que a Globo interrompeu todos os três principais horários de novelas. 

Contudo, já houve sim ocasiões em que uma faixa ou outra precisou ser interrompida, por questões pontuais, levando a Globo a exibir reprises nos principais horários da TV brasileira. A gente fala sobre elas nos itens a seguir:

1. Roque Santeiro, em 1975

Para comemorar seus 10 anos de criação, a Rede Globo planejava revolucionar o horário das oito: escalou Dias Gomes, autor de O Bem-Amado, para fazer uma novela regional. Para isso, ele adaptou sua peça de teatro O Berço do Herói para o que seria o enredo principal de Roque Santeiro. Só tinha um problema: a peça tinha sido censurada e o país estava em plena ditadura militar. 

Os militares tinham grampeado o telefone de um amigo de Dias e descobriram a ideia do autor. Na noite da estreia, o apresentador do Jornal Nacional, Cid Moreira, explicou que a novela não poderia ser exibida. Vários e vários capítulos precisaram ser jogados fora e a emissora colocou uma reprise de Selva de Pedra (1973) no ar. 

Enquanto isso, Janete Clair, esposa de Dias, preparou outra produção com o mesmo elenco a toque de caixa: Pecado Capital, que viria a ser um de seus maiores sucessos. Roque Santeiro finalmente foi ao ar após a ditadura, em 85, virando uma mania nacional.

Betty Faria interpretaria a Viúva Porcina na primeira versão de Roque Santeiro, que foi censurada (Fonte: Nexo Jornal)

2. Sol de Verão, em 1983

Nós já falamos aqui no Mega sobre as Helenas de Manoel Carlos. Mas, entre a primeira, em Baila Comigo (1981), e a segunda, em Felicidade (1991), Maneco escreveu essa obra que tinha uma protagonista com outro nome: Sol de Verão

A atriz Irene Ravache fazia Raquel, uma mulher que trocava um casamento estável pela liberdade e se envolvia com um mecânico meio chucro — Heitor, vivido por Jardel Filho. A questão é que Jardel faleceu de repente, por conta de um ataque cardíaco, na época do capítulo 120 (cerca de dois terços da novela). 

Maneco era muito amigo de Jardel e não conseguiu mais escrever a história. A Globo improvisou um final, em menos de 20 capítulos, inventando que o personagem precisou viajar. O problema é que a novela seguinte, Louco Amor, ainda não estava pronta para ir ao ar. Para "tapar o buraco", a Globo ofereceu uma reprise de O Casarão, 1976, por três semanas, enquanto apressou a novela seguinte.

 A morte de Jardel Filho, o protagonista, interrompeu a novela Sol de Verão, em 1983 (Fonte: Rede Globo/Divulgação)

3. Cabocla e Olhai os Lírios do Campo, entre 1979 e 1980

Interrupções também ocorreram na faixa das 18h, mas por ocasiões menos trágicas do que a censura, mortes de atores ou pandemias. No final de 1979, Benedito Ruy Barbosa escrevia a novela Cabocla quando a obra substituta, Olhai os Lírios do Campo, teve sua produção atrasada. 

A Globo até pediu para o autor dar uma esticadinha na sua história, mas ele não aceitou — Benedito já estava com contrato assinado para ir para a Bandeirantes. A solução foi arranjar uma reprise de Escrava Isaura (1976) por cerca de um mês, até o final de janeiro de 1980, para que Olhai os Lírios do Campo pudesse estrear.

Mas Benedito não foi o único que não pode esticar uma novela para ajudar a produção seguinte, que estava atrasada. Em 1996, Glória Perez escrevia Explode Coraçãoquando a produção de O Rei do Gado (de Benedito!) demorou mais que o previsto. A emissora tinha prometido liberar Perez para o julgamento dos culpados pelo assassinato da sua filha, alguns anos antes, e não pediu o alongamento da novela. Mas, dessa vez, eles já tinham uma minissérie gravada, que foi exibida como "mini-novela", O Fim do Mundo.

Globo escalou reprise de Escrava Isaura para tapar buraco deixado por autor que não quis esticar novela (Fonte: Observatório da TV)

4. Direito de Amar, entre 1986 e 1987

Sinhá Moça (escrita por, adivinhem, Benedito Ruy Barbosa) estava chegando ao fim em novembro de 1986, quando a novela substituta, Direito de Amar, teve sua exibição cancelada. Mas, dessa vez, não adiantaria Benedito alongar sua novela: o problema era com o Sindicato dos Artistas e Técnicos do Rio de Janeiro, que exigia uma carga de, no máximo, seis horas de trabalho. A Globo precisaria extinguir o horário das seis. 

Enquanto o imbróglio se resolvia, a Globo colocou uma reprise de Locomotivas (1977) que, na verdade, era uma novela das sete. Direito de Amar finalmente pode estrear — e fazer um grande sucesso! — em fevereiro de 1987.

Direito de Amar quase não foi ar por causa de greve dos artistas e técnicos (Fonte: TV História)

Curiosamente, o horário das 19h é o único que nunca foi interrompido: desde que foi criada, em 1968, a faixa exibiu mais de 90 novelas inéditas. A interrupção de Salve-se Quem Puder, entre 2020 e 2021, é a primeira em cinco décadas. Você está animado para assistir aos novos capítulos dessa novela e de Amor de Mãe? Conte para a gente nos comentários desse post!

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