Estilo de vida
05/04/2021 às 10:00•2 min de leitura
No dia 4 de abril comemora-se mundialmente o Dia do Rato. A data inusitada foi instituída no ano de 2002 com o objetivo de romper preconceitos contra o roedor e fazer com que estes pequenos sejam reconhecidos também como animais de estimação.
Membro da Federação Européia de Neurociência, o PhD neurocientista e neuropsicólogo Fabiano Abreu aproveita a data para propor uma reflexão interessante acerca dos papéis sociais que essa figura representa na história humana. Para ele, o rato pode ser visto tanto como vilão, quanto como herói da raça humana.
Fabiano nos convida a analisar, por exemplo, o papel do rato no contexto da peste bubônica. “Neste cenário histórico, que é amplamente conhecido por se tratar de uma epidemia que matou aproximadamente 25 milhões de pessoas na Europa, entre 1347 e 1351, o rato assume um lugar de vilão. Além disso, os ratos são portadores de mais de 35 doenças transmissíveis aos homens e aos animais domésticos, condição que sustenta ainda mais a má fama desses pequenos mamíferos entre os humanos ”, afirmou.
Mas ele explica que seria errado definir os roedores com esse rótulo sem antes reconhecermos que existe outro protagonismo importante exercido por estes animais na humanidade: o de cobaia das ciências. “Grandes avanços na saúde pública foram propiciados à humanidade, graças à utilização destes animais na pesquisa científica. Um dos exemplos está na descoberta e no controle de qualidade de vacinas. Os testes em ratos também foram essenciais para a descoberta de anestésicos, de antibióticos, anti-inflamatórios, antidepressivos, quimioterápicos, e dos hormônios anticoncepcionais. Perceba que, neste contexto, os ratos passam a ser definidos como heróis”, comenta ele.
O neurocientista esclareceu ainda que um dos motivos do rato ser escolhido para as diversas experiências é pela sua fisiologia ser semelhante à dos humanos. “É um grande equívoco e desconhecimento da realidade afirmar que os animais não são mais necessários para a descoberta de novas vacinas, medicamentos e terapias”, pontuou.
Para Fabiano, o único consenso possível é aceitarmos que, além das semelhanças fisiológicas, os ratos se assemelham aos humanos no que diz respeito a sua existência dualística. “É engraçado pensar que, assim como nós, os ratos não podem ser definidos como vilões ou heróis, porque os papéis que estes roedores exercem no mundo, a partir da dinâmica humana, faz com que eles sejam ambos. A filosofia do dualismo abraça ratos e humanos”, conclui ele.