Ciência
02/02/2022 às 04:00•2 min de leitura
Se você fica horas nas redes sociais, é provável que já tenha visto uma foto ou vídeo de um axolote. Trata-se de uma simpática salamandra mexicana que parece estar sempre sorrindo.
Em um mundo que ama emojis e rostos expressivos, não é surpresa para ninguém que esse animalzinho esteja se convertendo em uma espécie de celebridade da web. Contudo, a fama não está livrando esse anfíbio de ter um futuro terrível: seu desaparecimento na natureza.
(Fonte: Pexels)
O axolote é uma espécie curiosa de salamandra. Ao contrário de outros anfíbios, ele não abandona a fase larval depois de adulto. Isso faz com que preserve características comuns às larvas, como a cauda e as brânquias.
Por serem animais aquáticos, os axolotes são muito sensíveis à qualidade da água. Como você deve supor, isso é um problema para a maioria das espécies aquáticas que vivem nos canais e lagos da Cidade do México, uma das maiores metrópoles do planeta.
Além do esgoto, as águas da cidade ainda recebem resíduos de pesticidas e fertilizantes usados na agricultura. Para completar o problema, espécies de peixes não nativas foram introduzidas aos lagos mexicanos, desequilibrando a cadeia alimentar. Para essas espécies, os axolotes são presas perfeitas.
O resultado desse cenário pouco amigável é uma drástica queda populacional dos axolotes na natureza — e esse é um problema antigo. Dados publicados pelo Yahoo News! mostraram que, em 1998, havia 1,5 mil axolotes por milha quadrada. Em 2008, esse número caiu para apenas 25.
Em 2014, o aparecimento do animal no lago Xochimilco, na capital mexicana, foi celebrado e se tornou notícia mundial. Isso porque os únicos ambientes naturais que podem servir de habitat para esses animais são os lagos mexicanos.
(Fonte: Pexels)
Bem, como vimos, viajar para a Cidade do México não é uma boa ideia se o seu objetivo é ver um axolote. Nesse caso, você tem duas opções: ir a uma loja de animais ou visitar um laboratório em alguma universidade que estuda regeneração de membros.
Como o axolote se converteu em uma espécie popular de pet de estimação, não é difícil comprá-lo, inclusive, pela internet. Contudo, isso não anima os cientistas que estudam o animal. Em primeiro lugar, porque a ausência de axolotes nos lagos mexicanos é um triste indicador da alta poluição das águas — um problema que afeta várias espécies, inclusive a humana.
Em segundo lugar porque esse bichinho pode conter respostas sobre um tema muito interessante: a regeneração de membros. O axolote consegue regenerar completamente seus membros, espinha e até partes do cérebro. Por isso, ele pode contribuir para avanços na medicina — mas isso, é claro, só se a fama lhe garantir a sobrevivência na natureza.