Artes/cultura
31/07/2023 às 10:00•2 min de leitura
Recentemente, um estudo publicado pela Escola de Ciências Marinhas e Atmosféricas da Stony Brook University revelou que a poeira gerada pelo deserto do Saara é muito eficiente na remoção do metano na atmosfera do nosso planeta. O metano é um potente gás de efeito estufa (GEE), potencialmente responsável por até um terço do aquecimento global, estimam alguns cientistas.
Conforme relatado em pesquisa divulgada no PNAS, quando a poeira mineral se mistura com o spray do mar para formar o aerossol de spray mineral-poeira do mar (MDSA), a luz solar ativa esse composto para produzir uma abundância de átomos de cloro que mitigam os efeitos totais do metano.
(Fonte: GettyImages)
Em 2003, um grupo de pesquisas observou o papel do monóxido de carbono atmosférico e seus isótopos estáveis (13CO) na atmosfera. Nesse artigo, os autores levantaram a hipótese de que as mudanças sazonais observadas na abundância de 13C no monóxido de carbono atmosférico indicaram que átomos de cloro estavam reagindo com metano.
No entanto, nenhum outro estudo conseguiu explicar o porquê de estar ocorrendo um grau de esgotamento do 13CO na atmosfera. Então, em um novo estudo, o coautor John E. Mak e seus colegas concluíram que a fonte dominante de cloro atmosférico —responsável por toda a interação entre os átomos — estava localizada sobre o Atlântico Norte.
Com isso em mente, os cientistas desenvolveram um modelo químico-climático em 3D para compreender esse fenômeno atmosférico. Foi descoberto que, quando acontece um aumento de cloro no mecanismo MDSA, ocorre uma perda de elementos essenciais no monóxido de carbono — limpando a atmosfera do metano.
(Fonte: GettyImages)
Em relatório oficial, os pesquisadores envolvidos no estudo afirmaram que tal modelo químico-climático demonstra um forte grau de participação do deserto do Saara na limpeza da atmosfera. “Demonstramos um mecanismo no qual uma mistura de poeira do Saara e aerossol de spray marinho ativado pela luz solar produz grandes quantidades de cloro ativo”, escreveram.
Esse mecanismo seria a solução para uma série de observações que eram inexplicáveis até então, mudando completamente a compreensão científica do cloro atmosférico. Caso o efeito MDSA observado no Atlântico Norte seja extrapolado no restante do mundo e seu grau de eficiência seja minimamente parecido, as concentrações de cloro atmosférico em escala global podem aumentar em aproximadamente 40% do que se previa anteriormente.
Contudo, essas são áreas de estudo que ainda não foram muito bem compreendidas e necessitam pesquisas mais aprofundadas. De qualquer forma, incluir esse fator na modelagem global de metano pode potencialmente mudar completamente a compreensão cientifica que a humanidade tem a respeito das proporções relativas das fontes de emissão de metano na Terra.
Esse modelo, dessa forma, se tornaria uma referência global para podermos atacar o núcleo das emissões de gases de efeito estufa no nosso planeta e possivelmente frear o aquecimento global.