Mistérios
28/09/2023 às 04:30•2 min de leitura
Controlar o corpo de um hospedeiro nunca foi tão macabro e engenhoso como no reino dos parasitas. E, quando se trata das formigas zumbis, já existe um protagonista sinistro na dominação do cérebro, que é o fungo Ophiocordyceps unilateralis.
No entanto, uma nova estrela está emergindo nesse mundo de parasitismo perturbador. É o Dicrocoelium dendriticum, um verme do fígado da lanceta que, de acordo com os cientistas, é capaz de manipular formigas e alternar seu "modo zumbi" de forma engenhosa.
As formigas são obrigadas a ficarem na copa das árvores. (Fonte: GettyImages /Reprodução)
Se você sofre de sonambulismo pode já ter acordado em algum lugar sem saber como chegou até lá. Mesmo que esse não seja seu caso, imaginar que algo desse tipo aconteça com você pode ser um pouco assustador. Essa é a realidade sombria das formigas infectadas pelo parasita Dicrocoelium dendriticum que, conforme revelado por pesquisadores da Universidade de Copenhague, controla suas vítimas de maneira mais sofisticada do que imaginávamos.
O ciclo de vida desse verme do fígado começa quando uma formiga infectada, sob o domínio do parasita alojado em seu cérebro, sobe até o topo de uma folha de grama. Essa posição estratégica garante que a formiga esteja à mercê de animais pastadores, como gado e veados, facilitando a transição do verme para seu próximo hospedeiro.
No entanto, há um toque extra de engenhosidade. Os pesquisadores descobriram que as formigas podem ser persuadidas a descer da folha de grama quando a temperatura sobe. Em outras palavras, o parasita possui um mecanismo "liga-desliga zumbi" que é acionado de acordo com o clima. Uma estratégia incrivelmente adaptativa.
Os cientistas compreenderam que, quando as temperaturas estavam mais baixas, as formigas se fixavam firmemente às copas das plantas. A partir do ponto que o calor aumentava, elas se soltavam e desciam. Por isso, as formigas tinham comportamentos diferentes ao amanhecer e ao entardecer, pois a variação de temperatura desses horários servia de gatilho para esse "interruptor" no cérebro.
Há sempre um parasita líder no processo de zumbificação da formiga. (Fonte: GettyImages)
Surpreendentemente, apenas um verme do fígado, entre centenas que invadem o corpo da formiga, assume o controle de seu cérebro, transformando-a em uma formiga zumbi. Esse indivíduo é o maestro da orquestra parasita, ditando o comportamento da formiga e, posteriormente, sacrificando-se durante a transição para o próximo hospedeiro. Os outros vermes do fígado permanecem protegidos dentro de cápsulas, aguardando seu momento.
Como destacam os cientistas, os parasitas desempenham um papel importante na teia da vida, manipulando o comportamento de seus hospedeiros. No entanto, essa área da ciência continua sendo um território relativamente desconhecido devido à sua natureza misteriosa e esquiva.
À medida que os pesquisadores desvendam os segredos dessa macabra dança entre os parasitas e seus hospedeiros, fica claro que a natureza guarda muitos mistérios esperando para serem revelados.