Como canários salvavam a vida dos mineiros no século XX

11/12/2023 às 14:002 min de leitura

Os especialistas enfatizam que a mineração está entranhada no DNA da raça humana, portanto, faz sentido que seja considerada uma das profissões mais antigas do mundo. Tão antiga são as minas, com a Mina Ngwenya, em Essuatíni, no sul da África, com seus 43 mil anos, é a profissão de mineiro e os riscos associados a ela.

No início do século XX, entre o período de 1900 a 1909, a mineração enfrentou seu momento mais mortal. Um relatório publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos apontou que a mineração subterrânea de carvão no país teve 3.660 baixas em mais de 100 incidentes. Em comparação, apenas 7.946 mineiros morreram entre 1910 e 2006, enfatizando como a tecnologia melhorou as condições da profissão, apesar dos seus riscos.

Na primeira metade do século XX, o médico britânico John Scott Haldane usou canários para salvar a vida de mineiros.

O ressuscitador de canários

John Scott Haldane. (Fonte: GettyImages/Reprodução)John Scott Haldane. (Fonte: GettyImages/Reprodução)

Haldane ficou conhecido por suas pesquisas sobre gases e seus efeitos nas pessoas, o que lhe rendeu a alcunha de "pai da oxigenoterapia". Ele inventou uma das primeiras máscaras de oxigênio e pesquisou amplamente sobre a doença da descompressão, mas um de seus principais interesses foi entender o que causava tantos desastres na mineração de 1900.

Foi assim que Haldane acabou inventando o seu ressuscitador de canários. O médico britânico descobriu que as aves canárias são mais sensíveis a pequenas quantidades de gases nocivos, como monóxido de carbono, muito presente em minas, e, portanto, reagiam mais rapidamente aos seus efeitos do que os humanos.

(Fonte: Ripleys/Reprodução)(Fonte: Ripleys/Reprodução)

A maneira que Haldane encontrou para detectar o gás inodoro antes que pudesse prejudicar os mineiros foi criando um sistema de alerta que consistia colocar um canário em uma gaiola com uma grade de proteção, para evitar que o animal escapasse pela porta aberta. Uma vez que o canário mostrasse sinais de intoxicação ao respirar o monóxido de carbono, a porta era fechada por um mineiro e uma válvula aberta, permitindo que o oxigênio do tanque em cima da gaiola fosse liberado e reanimasse a ave. Isso significava que os mineiros deveriam evacuar o perímetro imediatamente.

Com isso, não demorou muito para que os canários se tornassem uma espécie de item básico em todas as minas regulamentadas pelo Reino Unido, Canadá e EUA.

Um velho amigo

(Fonte: GettyImages/Reprodução)(Fonte: GettyImages/Reprodução)

Apesar de tudo, é interessante pensar que Haldane tenha se esforçado para tornar o trabalho das aves o mais não letal o possível, em uma época que direitos e proteção aos animais nem sequer eram discutidos.

A presença dos canários se transformou em um fenômeno na profissão, tanto por sua eficiência quanto pela companhia que prestavam aos mineiros solitários. Não é para menos que muitos se opuseram ao advento dos sensores eletrônicos, chamados de “nariz eletrônico”, que surgiram em meados da década de 1980, porque isso significava que eles perderiam um companheiro.

Mas isso não impediu que o uso de canários cedesse à tecnologia, afinal, os sensores eram muito mais eficientes, podendo detectar vários tipos de gases nocivos à saúde humana. Além disso, eram bem mais econômicos.

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