Ciência
14/12/2023 às 06:30•2 min de leitura
Em centenas de centros de reabilitação de vida selvagem nos Estados Unidos, as pessoas são ensinadas sobre os animais selvagens. Através dessas plataformas, que podem ser administradas por organizações sem fins lucrativos ou universidades, geralmente podemos encontrar exposições de como algumas criaturas se tornaram acostumadas a ser alimentadas por humanos e por aí vai.
O dado menos visível, no entanto, é como esses animais selvagens doentes e feridos foram internados para tratamento. Todos os anos, indivíduos trazem centenas de milhares de animais selvagens para centros de reabilitação. Contudo, muitos deles têm um vilão comum para suas histórias: nós, seres humanos.
(Fonte: GettyImages)
Recentemente, pesquisadores analisaram registros digitalizados de centros de reabilitação de vida selvagem para identificar as atividades humanas que são mais prejudiciais para essas criaturas. No maior estudo desse tipo, mais de 674 mil casos foram analisados — sobretudo entre 2011 e 2019 —, de 94 centros espalhados por EUA e Canadá.
Segundo os pesquisadores, os humanos são responsáveis pelas mortes e lesões de bilhões de animais todos os anos. Exemplos indiretos de nossas ações podem ser vistos com pássaros e morcegos, que voam contra edifícios, linhas de energia e turbinas eólicas com determinada frequência. Cães e gatos domésticos também costumam matar pássaros e animais de quintal.
O desenvolvimento, a agricultura e a indústria alteram ou destroem os habitats dos animais selvagens, expondo-os a substâncias tóxicas como chumbo e pesticidas. Além disso, eventos climáticos extremos ligados às alterações climáticas, como inundações e incêndios florestais, podem devastar muitas espécies.
(Fonte: GettyImages)
Usando o conjunto de dados, os investigadores montaram um padrão de casos pela América do Norte. Durante o estudo, eles identificaram as principais ameaças que afetam a vida selvagem por região e por espécies. No geral, 12% dos animais levados para centros de reabilitação foram atropelados — algo particularmente comum entre as grandes corujas.
Os morcegos marrons, por sua vez, foram a espécie mais afetada pelas colisões com janelas de edifícios, enquanto as tartarugas marinhas Ridley de Kemp são as mais ameaçadas por incidentes de pesca no Golfo do México. Substâncias tóxicas e doenças infecciosas representam apenas 3,4% dos casos, mas atingem diretamente as águas americanas e outras aves de rapina.
Em termos gerais, cerca de um terço dos animais analisados foram devolvidos com sucesso à natureza. Contudo, cerca de 60% das criaturas morreram devido aos ferimentos ou doenças, ou tiveram que ser sacrificados por não conseguirem se recuperar. Porém, nem tudo é um desastre. De acordo com os pesquisadores, existem medidas que podem ser adotadas para diminuir essas ameaças.
Por exemplo, os departamentos de transporte podem construir travessias rodoviárias para a vida selvagem, como pontes ou passagens subterrâneas. A proibição ou limitação de munições que contenham chumbo na pesca é outra medida importante. Por fim, as pessoas também podem fazer alterações por conta própria. Segundo os cientistas, se todos nós prestássemos um pouco mais de atenção na vida selvagem, o número de animais em centros de reabilitação poderia cair drasticamente.