Ciência
19/12/2023 às 08:00•2 min de leitura
O Perseverance rover, que vem explorando uma cratera de Marte desde que pousou em 2021, descobriu evidências de um antigo lago. Segundo a NASA, uma amostra chamada "Otis Peak" contém grande quantidade de fosfato, "frequentemente associado à vida como a conhecemos", disse a agência em um comunicado oficial.
Outra amostra coletada da cratera Jezero, nomeada de "Lefroy Bay", contém abundância de sílica em grãos finos — utilizada para a preservação de fósseis na Terra. Ambos os exemplares são ricos em carbonato, algo que contribui para que os cientistas possam entender melhor as condições ambientais do lago que teria existido.
A cratera Jezero foi escolhida para a missão após imagens orbitais da região mostrarem um delta, evidência de que a área já foi preenchida por um lago. "Um lago é um ambiente potencialmente habitável, e as rochas do delta são um ótimo ambiente para sepultar sinais de vida antiga como fósseis no registro geológico", explica Ken Farley, cientista da Caltech e do projeto Perseverance.
Delta da cratera Jezero em Marte
Até agora, o Perseverance coletou um total de 23 amostras em Jezero. A cratera foi formada devido ao impacto de um asteroide há cerca de 4 bilhões de anos. A pesquisa é realizada em parceria entre o JPL (Laboratório de Propulsão a Jato) da NASA e a Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia).
O fundo da Jezero é formado por rocha ígnea, formada a partir de alguma atividade vulcânica ou magma subterrâneo. Acima dessa camada, é possível identificar argilitos ricos em sal, outra evidência de um lago evaporado.
"Temos condições ideais para encontrar sinais de vida antiga onde encontramos carbonatos e fosfatos, que apontam para um ambiente aquático e habitável, além de sílica, que é ótima para preservação", declara Morgan Cable, pesquisadora do JPL.
A etapa seguinte da missão do Perseverance será explorar a borda da cratera. Segundo os cientistas da NASA, carbonato em abundância foi encontrado próximo da margem — onde antes haveria um rio que inundou o lago.
Um dos principais motivos para a presença do rover em Marte é a busca por vida microbiana antiga. A ideia também é analisar a geologia e o clima do passado marciano, além de abrir portas para a exploração humana do planeta.