Ciência
26/03/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 26/03/2024 às 20:00
Os recifes de corais estão entre os ecossistemas mais ameaçados pela atividade do homem, e por consequência, pelas mudanças climáticas. Estima-se que desde a década de 1950 eles tenham se reduzido à metade justamente por essa razão.
Em um dos fenômenos mais observados, o branqueamento de corais, é consequência direta da ausência de algas que são fonte de alimentos, e por sua vez, permitem que os recifes tenham cores tão belas e variadas. É assim, gradativamente, que muitos corais morrem diante dos nossos olhos.
Registrar momentos em que eles se apresentam em seu esplendor, portanto, tem sido cada vez mais difícil, mas ainda assim um grupo de estudiosos conseguiu esse feito.
No golfo da Tailândia, no início do mês de março, uma equipe de biólogos testemunhou a ação dos corais pouco após o pôr do sol. Só que neste caso, não se trata de um registro qualquer, mas do momento raro em que os recifes de coral depositam pequenas bolas no oceano, numa espécie de "chuva invertida". Essas esferas, que se assemelham a pérolas, parecem flutuar nas águas.
Esse fenômeno é chamado de desova, e está englobado no processo reprodutivo destes seres, onde as bolinhas são justamente os óvulos e espermatozoides. Apesar de ser um evento particular de cada colônia, os corais conseguem surpreender: diversas colônias se alinham e desovam no mesmo instante, facilitando o encontro dos óvulos e espermatozoides lançados e transformando o momento em uma reprodução em massa.
Trata-se de um espetáculo belíssimo, mas que também renova as esperanças envolvendo a renovação do ecossistema marinho. Isso porque, como consequência dos problemas citados anteriormente, também é perceptível que os corais acabam postergando esse momento ou mesmo reduzindo a possibilidade de desovar. Confira, no vídeo abaixo, como esse evento se desdobrou.
O registro, fornecido pela organização ambiental Fauna & Flora, é impressionante, e rendeu comentários: “a primeira vez que vi corais liberando seus feixes de ovos que flutuaram na coluna de água, senti como se estivesse em uma tempestade de neve. Espero que tenhamos muitos corais bebês no futuro”, disse Tharamony Ngoun, que faz parte da organização.
Por lá, os problemas também existem, mas os recifes permanecem estáveis, de certa forma até contrastando com o declínio observado em outras porções do globo. Ainda vale lembrar que, por se tratar de um processo que ocorre anualmente e dura apenas alguns minutos, é grande a dificuldade de registrá-lo em seus mínimos detalhes.
Embora especulem que espécies menos sensíveis aos impactos climáticos estejam mudando a composição do ecossistema marinho, ainda é muito cedo para afirmar isso. A biodiversidade presente nesta região, no entanto, é o que mais se destaca. Estudá-la, portanto, é necessário para compreender melhor como preservar a vida marinha.