Ciência
18/10/2018 às 04:30•3 min de leitura
Nesta quinta-feira, 18 de outubro, comemora-se aqui no Brasil o Dia do Médico, que teve essa data escolhida por também ser o Dia de São Lucas. Um dos santos mais influentes da Igreja Católica e autor de dois livros do Novo Testamento – o Evangelho que leva seu nome e o Ato dos Apóstolos –, São Lucas foi médico na região onde hoje se encontra a Síria e teria convivido com os seguidores de Jesus Cristo.
Outro nome importante para a medicina é o de Hipócrates, que ficou conhecido como o pai da medicina moderna. Seu juramento é entoado até hoje nas formaturas dos novos doutores; porém, tirando os médicos, pouca gente sabe exatamente quem foi esse cara e sua importância para a profissão.
Hipócrates recusando os presentes de Artaxerxes (Hektoen International)
Nascido provavelmente no ano 460 a.C., na ilha grega de Cós, Hipócrates acabou se tornando uma lenda, já que sobre sua vida não se tem certeza de muita coisa porque poucos registros datam da época em que ele atuou como curandeiro. Sua primeira biografia foi escrita mais de 500 anos depois, pelo também médico Sorano de Éfeso, que se baseou em relatos que foram passados de geração em geração e em textos incluídos na coletânea Corpus Hippocraticum, que traziam diversas explicações médicas e religiosas para algumas enfermidades – ainda que a sua autoria não possa ser comprovadamente dada a Hipócrates.
Na Grécia Antiga, acreditava-se que a energia vital era uma obra dos deuses, por isso a medicina e a religião andavam muito interligadas. Hipócrates, porém, não se baseava apenas no plano espiritual para exercer a profissão, tendo sido um grande estudioso da medicina e da anatomia humana – primeiro através dos ensinamentos de seu pai, também médico, e depois pela vivência nas regiões onde hoje se encontram a Grécia, a Líbia e o Egito.
Mural retratando Hipócrates e Galeno (Wikimedia Commons)
Ele era tão importante curandeiro que resolveu transmitir seu conhecimento aos dois filhos e criou uma importante escola de medicina na ilha de Cós, por volta do ano 400 a.C. O Corpus Hippocraticum, que é creditado a ele, é uma coleção com mais de 60 textos sobre a medicina, escritos provavelmente por contemporâneos de Hipócrates e até por ele próprio, tendo sido compilado 100 anos após sua morte e considerado um dos mais antigos livros sobre a profissão médica.
O Juramento de Hipócrates, que todo médico faz durante a formatura, se refere às práticas, à ética e à moral da profissão. O que muita gente não sabe é que provavelmente ele foi escrito por seguidores do grego após a sua morte, mas, como reproduzia informações contidas no Corpus Hippocraticum, acabou tendo sua autoria concedida a quem ficou conhecido como o “pai da medicina moderna”.
“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém”, diz um dos trechos do Juramento de Hipócrates. Hoje em dia, porém, a medicina passa por diversos problemas. Ainda que muito se tenha avançado em técnicas e conhecimentos desde a época do pai da medicina, o acesso universal e as condições de trabalho não são os melhores.
Pai da Medicina (Uranium Wisdom)
No texto em que contamos a história do SUS, o Sistema Único de Saúde aqui do Brasil, elencamos alguns dos problemas enfrentados hoje em dia para o bom exercício da medicina no país. Infraestrutura precária, formação abaixo da qualidade, ausência de um plano de carreira estatal e falta de investimento em especialidades são algumas das reclamações apontadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Por conta disso, o CFM lançou um manifesto (que você pode ler na íntegra neste link) apontando os desafios que os novos governantes terão com o SUS a partir de 2019. E como o Dia do Médico acontece a 10 dias do segundo turno das eleições para presidente e governadores, fica a pergunta: você sabe as propostas do seu candidato para a saúde no Brasil? Elas estão de acordo com o que o país realmente precisa? Pense nisso!