Retratos de Faium: as máscaras que revelam os rostos de múmias egípcias

31/01/2019 às 03:002 min de leitura

Se você se interessa por arqueologia e, em especial, pela antiga civilização egípcia, já deve ter visto alguma reconstrução moderna de como era a aparência de algumas figuras importantes que tiveram seus corpos mumificados. No entanto, esse trabalho de investigação não foi necessário com muitas das múmias descobertas em Faium, situada na região oeste do Nilo, ao sul de Cairo.

(Wikimedia Commons/Sailko)

Isso porque, de acordo como o pessoal do site Amusing Planet, uma boa parte dos cadáveres encontrados por lá estavam acompanhados de “máscaras” realistas que revelavam como eram as feições daquelas pessoas em vida. Confira um deles abaixo:

(Wikimedia Commons/Domínio Público)

“Fotos” da Antiguidade

Até onde se tem registros, os primeiros Retratos de Faium foram descobertos por um explorador italiano chamado Pietro della Valle durante uma visita ao Egito no começo do século 17. Entretanto, foi apenas no final do século 19 que um número maior desses artefatos foi encontrado – em escavações conduzidas pelo egiptólogo britânico Flinders Petrie, enquanto ele tentava localizar tumbas de 3 mil a.C. nas imediações de uma pirâmide em Hawara.

(Wikimedia Commons/Eloquence)

O arqueólogo não achou o que buscava, mas se deparou com uma necrópole romana do século 1 e, nela, corpos mumificados adornados com belas máscaras pintadas à mão. A região onde o antigo cemitério foi encontrado se situa em uma das áreas mais férteis do Egito, lugar que, na época da ocupação romana, se tornou um dos principais polos agrícolas do Império Romano.

Miscelânea cultural

Os pesquisadores acreditam que a prática de pintar as imagens surgiu por volta do século 1 a.C. e se manteve em uso até o século 4 d.C., pelo menos. As imagens, produzidas sobre placas de madeira, provavelmente eram feitas em vida com o objetivo de servirem exclusivamente como peças mortuárias e, pela forma como foram criadas, tudo indica que os habilidosos artistas costumavam usar apenas uma fonte de luz para iluminar o rosto do “modelo”.

(Wikimedia Commons/Sailko/Domínio Público)

Em sua maioria, os retratos mostram o defunto dos ombros para cima e, uma vez que o corpo fosse preparado e embalado com tecidos, as placas de madeira eram posicionadas sobre as cabeças das múmias como se fossem máscaras.

(Wikimedia Commons/Sailko/Domínio Público)

Uma curiosidade é que Faium reunia pessoas de diversas culturas – como a egípcia, a grega, a romana, a síria etc. –, e o hábito de sepultar corpos mumificados acompanhados dos retratos dos defuntos é resultado da mistura de costumes. Afinal, o que vemos aqui é a prática de preservar os corpos por meio da mumificação utilizada pelos egípcios, combinada com belas pinturas em estilo greco-romano, quando, tanto na Grécia como na Roma Antiga, o mais habitual era que os mortos fossem cremados ou enterrados.

(Wikimedia Commons/Walters Art Museum/Metropolitan Museum of Art)

Outro detalhe é que, se observarmos atentamente, apesar de as pessoas retratadas nas placas serem de origem egípcia, a maioria apresenta penteados, roupas, joias e acessórios com influência romana – refletindo o período de ocupação na época. Já os nomes dos defuntos, informações sobre quem eles eram e quais eram suas profissões, por exemplo, eram redigidas em grego.

(Wikimedia Commons/Eloquence)

Segundo os estudiosos, o costume de pintar os rostos dos mortos caiu em desuso no final do século 4, possivelmente por conta da chegada e do fortalecimento do cristianismo na região, que promoveu o abandono de antigas práticas religiosas e funerárias. No entanto, ainda assim, as máscaras de Faium consistem na mais antiga coleção de retratos da Antiguidade.

(Wikimedia Commons/Eloquence/Dave e Margie Hill/Marcus Cyron)

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