Artes/cultura
09/08/2019 às 05:00•3 min de leitura
Como você sabe, as bombas de Hiroshima e Nagasaki foram os primeiros – e, de momento, únicos – artefatos nucleares a serem usados em uma guerra. Os ataques aconteceram depois da rendição da Alemanha e do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa com o objetivo de pressionar o Japão a se render também, uma vez que as ofensivas no Pacífico não pararam com o término do conflito.
(Reprodução/Wikimedia Commons/U.S. National Archives and Records Administration)
Os ataques a Hiroshima e Nagasaki ocorreram nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente, quando Little Boy e Fat Man foram lançadas pelos norte-americanos e explodiram sobre as duas cidades, forçando os japoneses a finalmente se renderem aos aliados no dia 14 de agosto – e o fim da guerra foi oficializado no dia seguinte.
As detonações tiveram consequências devastadoras para as duas localidades e resultaram na destruição e na morte – imediata – de um número estimado em cerca de 80 mil pessoas em Hiroshima e 75 mil em Nagasaki, sem falar nas que morreram depois em consequência de ferimentos, exposição à radiação e contaminação. Mas podia ter sido pior...
De acordo com Micheal Chimaobi Kalu, do site War History Online, caso o Japão tivesse se recusado a se render após os dois ataques, os EUA tinham outras 12 bombas nucleares para detonar sobre o país – então, imagine...
(Reprodução/Wikimedia Commons/Shigeo Hayashi)
Segundo os registros militares, caso o Japão não tivesse se rendido após o ataque a Nagasaki, havia planos para lançar uma nova bomba nuclear sobre o país no dia 19 de agosto. Aliás, os norte-americanos estavam preparados para detonar muitos outros artefatos sobre os japoneses e, se todos tivessem realmente sido usados, é difícil imaginar o que poderia ter acontecido. Entretanto, foi por pouco que os EUA não deram andamento à ideia.
Isso porque, segundo Michael, após a detonação sobre Hiroshima, na falta de qualquer reação por parte dos japoneses, os norte-americanos começaram a transmitir mensagens de rádio a cada 15 minutos para alertar o Japão sobre novos ataques. Ademais, depois de Nagasaki, como tampouco ocorreu qualquer manifestação imediata, aos olhos dos aliados, o silêncio consistia em uma indicação de que os japoneses não pretendiam se render.
Documentos militares apontam que os aliados chegaram a mapear diversas cidades que poderiam ser alvos de novos ataques nucleares, como Tóquio, Yokohama, Niigata, Kokura e Kyoto. Além disso, de acordo com Michael, evidências encontradas em relatórios da Segunda Guerra Mundial apontaram que os norte-americanos tinham duas bombas semelhantes às que explodiram sobre Hiroshima e Nagasaki prontinhas à espera de ordens – e uma inclusive já tinha nome: “Tokyo Joe”.
(Reprodução/Wikimedia Commons/United States Army)
Aparentemente, o plano – batizado de Operação Downfall – era lançar um ataque no dia 14 de agosto e outro no dia 19, com detonações subsequentes organizadas para os meses de setembro e outubro. No entanto, com o avanço das negociações que se deram dias depois de Nagasaki e a rendição dos japoneses, a ofensiva foi suspensa, e o mundo foi poupado de testemunhar uma cadeia de eventos que provavelmente culminariam com a destruição da Terra do Sol Nascente.
Segundo Michael, pode ser que os ataques a Hiroshima e Nagasaki tenham resultado de um mal-entendido. Depois da rendição da Alemanha, foi lançado um ultimato ao Japão, com a promessa de ataques devastadores caso o país não concordasse com a capitulação. As ameaças deram origem a uma série de debates e negociações entre o Governo Japonês e os Aliados, e o combinado foi que os japoneses avaliariam as condições e apresentariam uma resposta em alguns dias.
(Reprodução/Wikimedia Commons/U.S. National Archives and Records Administration/Charles Levy)
Daí, nesse período de espera, o então primeiro-ministro japonês, Kantaro Suzuki, fez uma declaração em que descreveu a reação do país aos termos de rendição com a palavra mokusatsu, que pode ser traduzida como “matar com silêncio”. O político provavelmente quis dizer “um comentário definitivo ainda será divulgado”, só que os Aliados interpretaram a expressão como sendo “rejeição por desprezo”, o que acabou dando origem à cadeia de eventos que resultaram nas duas detonações atômicas.