Ante Pavelic: o ditador croata que foi temido até pelos nazistas

Em 9 de outubro de 1934, o rei Alexandre da Iugoslávia foi morto em Marselha, França. Por trás do assassinato, estava grupo extremista e ultranacionalista conhecido como Ustaše, uma organização paramilitar croata que viria a tomar conta do país durante a Segunda Guerra Mundial sob a liderança de Ante Pavelic.

Amigo de Hitler, Pavelic foi colocado no poder depois que as forças do Eixo conquistaram a Croácia em 1941. Antissemita e extramente violento, ele ajudou a orquestrar o assassinato de mais de 700.000 judeus, ciganos e sérvios em apenas um ano, o que lhe rendeu o apelido de “bestial” por parte dos nazistas.

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A ascensão política de Pavelic

(Fonte: Wikimedia Commons)

Ante Pavelic nasceu no dia 14 de julho de 1889, em Bradina, na Bósnia e Herzegovina. Ele se formou na Faculdade de Direito da Universidade de Zagreb e em 1910 se juntou ao Partido dos Direitos da Croácia, um grupo que exigia que a Croácia se tornasse independente do estado iugoslavo.

Em 1929, Alexandre Karadjordjevic deu início a uma ditadura com o objetivo de unificar a Iugoslávia. Pavelic denunciou abertamente o governo de Alexandre I, se declarando inimigo do rei. Ele se refugiou na Áustria e depois na Itália, onde criou o movimento Ustaše.

Pavelic aproveitou o tempo no autoexílio para se aproximar de governos fascistas, e assim fez amizade com Mussolini. Ao mesmo tempo, os Ustaše estavam treinando e se tornando um grupo cada vez mais forte. Foi com o apoio deles que Vlado Chernozemski assassinou Alexandre I enquanto ele desfilava pelas ruas de Marselha. 

Pavelic  estava por trás do atentado, financiado pela Itália, Hungria e Bulgária. Ele foi condenado por um tribunal francês à pena de morte, porém Mussolini garantiu que ele não fosse levado à França e o deixou preso por apenas dois anos.

A chegada ao poder

Adolf Hitler se encontrando com Pavelic , em 1941. (Fonte: Wikimedia Commons)

No dia 6 de abril de 1941, o exército alemão invadiu a Iugoslávia. Pavelic assumiu o estado “independente” da Croácia a pedido dos nazistas, dando início a um dos períodos mais sanguinários da história do país. 

O slogan oficial do regime Ustaše na Croácia era “Za Dom Spremni”, ou “Prontos para a pátria”. Assim que assumiu o comando da Croácia, Pavelic levou o slogan às últimas consequências. Ele estabeleceu o campo de concentração de Jasenovac, onde mandou prender, torturar e assassinar as minorias que ele considerava “parasitas”. 

Seus métodos de extermínio eram tão brutais e atingiram tantas pessoas em um período tão curto de tempo, que até os nazistas se referiam a ele como “bestial”. O líder da SS alemã, Heinrich Himmler, colocou espiões na Croácia, para saber em primeira mão como Pavelic comandava o país. Nas cartas enviadas à Alemanha, eles destacavam os métodos de violência da Ustaše, que eram igualmente violentos para “mulheres, crianças e idosos”.

Ao todo, o grupo ultranacionalista foi responsável por torturar e assassinar mais de 200.000 sérvios, 30.000 judeus e 29.000 ciganos em apenas um ano entre 1941 e 1942. Algumas estimativas sugerem que eles orquestraram mais de um milhão de mortes, das quais 700.000 eram sérvios.

O início do fim de Pavelic aconteceu em 1943, quando Mussolini foi tirado do poder. Em 1945, com o suicídio de Hitler, Pavelic e a Ustaše ficaram sem apoio político e financeiro. Quando Pavelic percebeu que não iria mais conseguir fazer frente aos Aliados, ordenou que o exército croata se retirasse e tentou se render aos britânicos.

Embora sua rendição não tenha sido aceita, Pavelic pediu exílio ao Vaticano, que o ajudou com um passaporte clerical que ele usou para fugir para a Argentina. Ante Pavelic se escondeu no país até 1957, quando foi encontrado por um partidário sérvio e baleado várias vezes no estômago. Ele sobreviveu ao atentado, mas decidiu fugir para a Espanha, onde morreu em dezembro de 1959.