Anacaona: a cacique que desafiou o domínio espanhol na Ilha de São Domingos

04/11/2022 às 09:002 min de leitura

Anacaona é um dos nomes que representa a coragem e a resistência diante da colonização espanhola ocorrida no período das Grandes Navegações. Nascida na região que hoje corresponde ao Haiti, Anacaona era irmã de um dos chefes indígenas locais, aprendendo com ele e vendo, no decorrer de anos, o destino do povo taíno ficar na mão dos europeus.

Antes de tudo, é necessário lembrar que assim como em outras regiões da América, a Ilha de São Domingos também abrigava diversos recursos cobiçados, como o ouro e outros recursos naturais, atraindo o interesse dos espanhóis assim que chegaram ao local em 1492. Inclusive, Anacaona teria recebido Cristóvão Colombo em uma de suas viagens que resultou no apossamento de vastas porções de terras na América. 

E se a princípio os povos nativos receberam e negociaram com os espanhóis sem suspeitar dos planos que a Coroa tinha para aquela região, chegando mesmo a desenvolver um relacionamento mais amistoso, em menos de um ano após o início da exploração da nova colônia as intenções já eram mais claras e já havia se estabelecido uma série de conflitos entre os indígenas e os espanhóis.

Além de poetiza, Anacaona se tornou uma líder admirada e respeitada pelo povo taíno. (Fonte: Wikimedia)Além de poetiza, Anacaona se tornou uma líder admirada e respeitada pelo povo taíno. (Fonte: Wikimedia)

Enfraquecimento da resistência indígena

Num desses episódios trágicos, Anacaona viu seu marido Caonabo, líder de uma das cinco maiores regiões, Maguana, ser capturado a mando de Cristóvão Colombo. Acusado de coordenar um ataque à colônia e enviado para a Espanha, ele acabou sendo vítima fatal de um naufrágio em 1496.

Anacaona, então, teve de assumir seu posto. Mas a essa altura, o poder de resistência à influência espanhola já estava enfraquecido: em 1498, seu irmão Bohechío foi forçado a reconhecer a soberania da Coroa. Quatro anos depois, após sua morte, ela herdou sua posição de cacique da região de Jaragua, tornando-se a primeira mulher a liderar duas tribos.

É importante lembrar que os ataques realizados aos nativos não consistiam apenas na exploração dos recursos naturais, mas também na imposição do pagamento de impostos destinados à Coroa, na escravidão desse povo e mesmo na recorrência de massacres.

Assim como ocorreu em outras colônias na América, os episódios mais violentos dizimaram a população indígena de forma impiedosa. Anacaona, ciente de tal fato, tentou estabelecer uma nova forma de resistência: ela acreditava que os embates realizados entre pequenos grupos tornavam ainda mais evidente a desvantagem para os indígenas, já que estes não tinham os mesmos recursos para lutar que os europeus.

Anacaona se tornou cacique de Maguana e de Jaragua e foi vista como uma ameaça pelos espanhóis. (Fonte: Wikipedia)Anacaona se tornou cacique de Maguana e de Jaragua e foi vista como uma ameaça pelos espanhóis. (Fonte: Wikipedia)

Um ataque premeditado

A existência de relacionamentos entre integrantes de ambos os grupos, mais frequente naquele momento, era um forte indício de que a integração entre os povos havia se fortalecido e que a pacificação poderia ser o caminho. No entanto, um novo episódio acabou por dar um desfecho fatal para a história de Anacaona e dos indígenas nativos da ilha.

Do ponto de vista espanhol, a figura de Anacaona era considerada uma ameaça, já que sua postura mais conciliatória foi interpretada como um mecanismo para promover o relacionamento entre os indígenas e os colonizadores para enfraquecer de forma menos evidente a influência do domínio europeu.

E foi em meio a um encontro com um grupo de espanhóis que a líder viu um novo ataque impiedoso ocorrer sob o comando de Nicolau de Ovando. A reunião, que seria realizada para selar a paz entre os povos, na verdade, era uma armadilha para capturar os líderes indígenas e evitar que armassem qualquer tentativa de insurreição. 

Os caciques, junto de Anacaona, foram sumariamente executados. Enquanto eles foram queimados, a líder indígena foi julgada, condenada por traição e enforcada aos 29 anos. Sua figura, apesar de não aparecer representada nos livros de História como ocorre com os grandes colonizadores, ainda hoje é lembrada na história da Ilha de São Domingos, sendo considerada uma de suas fundadoras.

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