Ciência
25/03/2023 às 04:00•2 min de leitura
De acordo com os dados mais recentes do IBGE, 6,6% dos brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos — não sabem ler e escrever. É uma situação que ainda pode melhorar, é claro, mas é fato que a educação hoje é muito mais acessível do que há 100 anos atrás, ou quando o país foi colonizado pelos portugueses.
As primeiras "salas de aula" do Brasil foram criadas pelos jesuítas assim que eles colocaram os pés por aqui. Os padres pretendiam converter os indígenas e fazer com que eles assimilassem os padrões culturais europeus. Esse era um período delicado para a Igreja Católica, que perdera muitos fiéis para a Reforma Protestante.
Sendo assim, catequizar os indígenas era uma ótima oportunidade para expandir o número de fiéis do catolicismo no "Novo Mundo".
O Colégio dos Jesuítas, em Salvador, foi a primeira escola do Brasil. (Fonte: WIkimedia Commons)
Com oobjetivo de catequizar os nativos, portanto, os padres fundaram sua primeira escola no Brasil em 1549: o Colégio dos Jesuítas, em Salvador, na Bahia. No ano seguinte, Leonardo Nunes, que também era padre, abriu mais uma escola em São Vicente (São Paulo).
Em 1554, São Paulo foi fundada ao redor de outra escola jesuíta. Na época, era uma cabana de folhas de palmeira, que depois foi reformada diversas vezes e serviu a outros propósitos. Hoje, a praça do Pátio do Colégio abriga o Museu Anchieta e é um importante ponto turístico da capital.
Nessa época, as aulas eram bem diferentes das que conhecemos hoje: somente os meninos indígenas (meninas não) aprendiam língua portuguesa, matemática básica e os princípios do cristianismo. Os negros escravizados, quando começaram a chegar, também não foram para essas escolas jesuítas.
Ginásio Pernambucano é a escola mais antiga do Brasil ainda em atividade (Fonte: Wikimedia Commons)
Por volta de 1759, os padres jesuítas começaram a se estranhar com os administradores da colônia — e acabaram sendo expulsos. Muitos de seus colégios deixaram de existir e outros passaram a ser administrados pelo Estado. Mas, com isso, a qualidade piorou. Até porque a metrópole não queria muita gente educada na colônia.
Novas mudanças iriam acontecer só no século XIX, com a chegada da corte portuguesa no Brasil. A Família Real queria deixar o país mais parecido com a Europa e até criou algumas faculdades, começando pela Faculdade de Medicina de Salvador, em 1808.
Após a Independência, foi aprovada uma lei determinando a criação de escolas em todas as vilas e províncias do Brasil. Ainda assim, só 10% das crianças em idade escolar estudavam. É nessa época, aliás, que são criadas as escolas mais antigas do Brasil ainda em atividade. Em Recife, o Ginásio Pernambucano foi fundado em 1825. Muita gente importante estudou nele, de ex-presidentes da República a escritores, como Clarice Lispector e Ariano Suassuna.
Colégio Gentil Bittencourt. (Fonte: Wikimedia Commons)
Há ainda o Colégio Gentil Bittencourt, de Belém, cujas portas foram abertas em 1804. Mas essa instituição começou como abrigo filantrópico para meninas indígenas, tornando-se uma escola só em 1879. Portanto, o Ginásio Pernambucano é o mais antigo.
Da mesma época, ainda estão em atividade o Colégio Atheneu Norte-Riograndense, de Natal, fundado em 1834; e também o tradicional Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, aberto em 1837.