Por que o Brasil é dividido em cinco regiões?

09/04/2023 às 09:004 min de leitura

Vivendo no Brasil, a gente pode se esquecer do quanto ele é gigantesco: com 8,5 milhões de km2, temos o quinto maior território do mundo. Estamos atrás somente de Rússia, Canadá, EUA e China. Desses países enormes, somos únicos: nosso território é contínuo e a população está relativamente espalhada por todas as regiões.

Desde a época da colonização, essa vastidão precisava ser dividida em pedaços menores: no século XVI, foram as capitanias hereditárias. Elas se tornariam as províncias, que deram origem aos atuais estados do Brasil. Porém, mesmo nosso menor estado — Sergipe — já é do tamanho de um país inteiro. Israel tem cerca de 20 mil km2, enquanto Sergipe tem 21 mil.

Já o Amazonas, nosso maior estado, com 1,5 milhão de km2, é maior que a Mongólia — um dos 20 maiores países do mundo. Isso sem falar que o Reino Unido inteiro caberia em São Paulo, e que a Bahia é maior que a França todinha. Nós temos até um município que, sozinho, é maior que Portugal. É muito território!

Por isso, faz sentido ter outras formas de dividir esse território enorme, além das 27 unidades federativas. Desde o início do século XX, quando a Região Norte estava sendo mais ocupada, se falava sobre uma divisão do Brasil por regiões. Mas o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) só oficializou em 1942. 

O Brasil com sete regiões

Nessa primeira divisão oficial, o Brasil tinha sete regiões. Só o Nordeste atual era dividido em três — fora as outras mudanças. Observe:

As sete regiões do Brasil, na década de 1940. (Fonte: Wikimedia Commons)As sete regiões do Brasil, na década de 1940. (Fonte: Wikimedia Commons)

  • Norte: Amazonas, Pará e território do Acre.
  • Nordeste Ocidental: Maranhão e Piauí.
  • Nordeste Oriental: Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
  • Leste Setentrional: Bahia e Sergipe.
  • Leste Meridional: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Distrito Federal (que, na época, era a cidade do Rio de Janeiro).
  • Centro-Oeste: Goiás, Mato-Grosso e território de Ponta Porã.
  • Sul: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e território do Iguaçu.

Diversos estados (como Mato Grosso do Sul, Tocantins, Amapá e Roraima) não existiam. Outros territórios deixaram de existir — Iguaçu e Ponta Porã foram reincorporados aos antigos estados já em 1946. Além disso, o Distrito Federal mudou de lugar em 1960, com a fundação de Brasília.

As diferenças mais interessantes, ao menos pelos olhos de hoje, é que a Bahia não fazia parte do Nordeste e São Paulo pertencia ao Sul. Mas essa divisão ficou valendo até 1970, quando foi criada a atual, também pelo IBGE.

Desde então, as principais mudanças foram a divisão de Mato Grosso do Sul (ainda na década de 1970) e a criação do Tocantins — que, mesmo saindo de Goiás, foi incorporado ao Norte.

As atuais cinco regiões do Brasil

Mais do que uma divisão geográfica, as cinco regiões do Brasil também compartilham aspectos socioeconômicos e culturais semelhantes. Isso nos ajuda a compreender melhor esse território gigantesco — facilitando a análise de estatísticas e a aplicação de políticas públicas. 

Mas a verdade é que as regiões do Brasil são só isso: um agrupamento de estados para fins de compreensão e análise. Existem iniciativas como o Fórum de Governadores da Amazônia Legal e o Consórcio Nordeste, mas só porque os estados resolveram se unir. As 5 regiões, em si, não têm personalidade jurídica própria, nem autonomia política ou escolha de representantes. 

Dito isso, vamos fazer uma breve viagem pelas cinco regiões do Brasil.

Região Norte

Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá, Pará e Tocantins.

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Com 3,8 milhões de km2, ela corresponde a cerca de 45% de todo o território brasileiro. Porém, com uma população de cerca de 17,8 milhões (2022), ela é a segunda menos povoada e possui a menor densidade demográfica. Ainda assim, Manaus está entre as 10 maiores cidades do país.

Região Nordeste

Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Alagoas e Bahia

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Essa região tem o maior número de estados (9) e a maior faixa litorânea. Aliás, você sabia que Teresina (Piauí) é a única capital do Nordeste que não fica à beira mar? 

Além disso, é interessante observar que foi no Nordeste que o Brasil "nasceu", com a primeira capital e outros acontecimentos históricos importantes. Com 55,3 milhões de habitantes, ela é a segunda mais populosa das cinco. 

Região Centro-Oeste

Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

O Centro-Oeste é quase do tamanho do Nordeste (1,6 e 1,5 milhão de km2, respectivamente), mas não tem nem um terço de sua população: são 16,4 milhões de pessoas, que fazem dela a menos populosa do Brasil. 

Nesse contexto, há grandes concentrações de população — Brasília, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande... — e enormes áreas vazias. Nesses "vazios", há grandes propriedades agrícolas, mas também devem existir áreas de preservação ambiental, especialmente no Pantanal e Cerrado.

Região Sudeste

Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Aqui, há uma grande concentração de população — 89 milhões de pessoas, cerca de 40% do total — e de riquezas, com 55% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Mas o Sudeste só tem 10% do território do Brasil. 

Essa concentração, é claro, tem raízes históricas: do ouro em Minas Gerais, à escolha do Rio de Janeiro como capital e o ciclo do café em São Paulo. Além disso, a região recebeu uma grande quantidade de investimentos, indústrias e migrantes — estrangeiros e do próprio Brasil.

Região Sul

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Além de ser a região mais fria do Brasil, o Sul também é a menor em área (574 mil km2). Com cerca de 30 milhões de habitantes, ela é densamente povoada para os padrões nacionais, assim como o Sudeste. Além disso, também recebeu muitos imigrantes, indústrias e investimentos — alcançando bons indicadores econômicos e sociais. 

Com tantas semelhanças, há quem proponha que Sul e Sudeste sejam unidos em uma "Região Concentrada" — é a ideia dos geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira, que criaram esse conceito dos "quatro Brasis" nos anos 2000. Além disso, eles mudariam o Tocantins da Região Norte (que passaria a ser a Amazônica) para o Centro-Oeste.

Há ainda a proposta de divisão por regiões geoeconômicas (Amazônia, Centro-Sul e Nordeste), do geógrafo Pedro Pinchas Geiger. Mas, oficialmente, o IBGE ainda considera a divisão pelas 5 regiões do Brasil. 

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