Estilo de vida
18/04/2023 às 04:00•2 min de leitura
Para ler este artigo, você está usando uma base de dados que nem sempre se deu conta que possui: o seu vocabulário. Um vocabulário nada mais é que um conjunto de palavras de uma determinada língua. Portanto, se você não sabia o que significava o termo “vocabulário”, agora você sabe — e, agora, ele faz parte do seu.
Mas será que o cérebro tem um limite para o número de palavras que consegue aprender? Será que, mesmo na nossa língua materna, chegará uma hora em que não conseguiremos mais aprender novas palavras?
Essas perguntas já foram objeto de pesquisa de acadêmicos de vários países, independentemente da língua que falam. Apesar desses estudos divergirem sobre a quantidade de palavras que uma pessoa é capaz de aprender durante a vida, eles dão pistas sobre a maneira como o nosso cérebro processa essas informações.
Fonte: GettyImages
Em 2013, a publicação The Economist mostrou os resultados de uma pesquisa divulgada por um site que testava o vocabulário das pessoas. Foram mais de dois milhões de testes realizados. Os resultados mostraram que o total de palavras que os participantes adultos dominavam variava entre 20 mil e 35 mil termos.
Entre as pessoas com até 8 anos, o número de palavras conhecidas era de 10 mil. As crianças com 4 anos conheciam 5 mil palavras.
O teste foi feito com nativos do inglês. Considerando essa língua, o mesmo estudo concluiu que os estrangeiros falantes do inglês conheciam cerca de 4,5 mil palavras desse idioma. No entanto, os estrangeiros poderiam mais do que dobrar os seus vocabulários morando em países falantes do inglês. Nesse caso, eles aprendiam cerca de 10 mil palavras.
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De acordo com esse estudo, as pessoas expandem os seus vocabulários até completarem 40 anos. Depois disso, elas deixam de aprender novos termos. A pesquisa não crava um motivo, mas é possível levantar hipóteses. Uma delas é que talvez o volume de palavras aprendido até então já seja mais do que o suficiente para se comunicar.
Outra hipótese é que a falta de interesse nas novidades do mundo faça com que as pessoas com 40 anos ou mais não aprendam os significados de novas gírias, ou termos usados pelos mais jovens, por exemplo.
Uma forma de reverter esse cenário é consumindo cultura, seja por meio de livros, filmes, peças de teatro etc. Dessa maneira, o indivíduo aprenderá palavras novas, mesmo que não as use.
Em 1965, os pesquisadores David Ausubel e Mohamed Youssef concluíram que uma pessoa precisava ser exposta a uma palavra 17 vezes antes de incorporá-la ao seu vocabulário, aprendendo a usá-la corretamente.
Contudo, a professora Catherine Snow, da Universidade de Harvard, afirma que existem características dessa palavra que podem tornar o aprendizado mais simples, como a possibilidade de criar uma imagem mental para o termo, usá-lo no cotidiano etc.
O aprendizado das palavras, inclusive em estudo de línguas estrangeiras, se torna mais difícil quando os termos estudados não têm relação entre si, explica Catherine.