Ciência
23/12/2022 às 02:00•2 min de leitura
Você sabia que existem alguns idiomas que têm sistemas de escrita e outros não? E o que acontece quando uma língua não escrita deseja um sistema de escrita?
Primeiramente, sabemos que os idiomas podem ser falados, sinalizados (como a linguagem de sinais) ou táteis (como os usados com pessoas surdas e cegas). Isso é separado da “escrita”, que é uma representação física e visual de uma linguagem gestual, falada ou tátil — mas não é a linguagem em si.
Essas formas de linguagem mencionadas são todas momentâneas, ou seja, depois que a mensagem é enviada (seja ela falada ou assinada), ela desaparece! Calma, aqui terei que recorrer à física para explicar melhor: a onda sonora da fala se dissipa e você espera que seu ouvido a tenha captado a tempo. O sinal visual acontece e seu olho precisa vê-lo antes que o próximo sinal apareça, ou o sinal tátil toma forma e você deve senti-lo antes que a próxima forma seja gerada. Como pode ver, esta é uma resposta muito simplificada para um processo complexo.
Há milênios os humanos falavam e assinavam antes de termos, de fato, maneiras de escrever os nossos idiomas. E naquela época, essas línguas sem escrita eram exatamente como as línguas que usamos hoje: tinham dialetos diferentes, gramática, formas de expressar pensamentos e significados diferenciados. Ao contrário do que conhecemos hoje, nossos antepassados não usavam papel, paredes de cavernas ou telas de computador para compartilhar toda aquela linguagem. A escrita evoluiu muito mais tarde, depois que nós falamos uns com os outros por (pelo menos) centenas de milhares de anos.
Com esta "nova tecnologia", nós, falantes de idiomas, podemos agora transmitir a linguagem por períodos de tempo mais longos e distâncias maiores e, assim, registrar diferentes momentos das nossas vidas para todo o mundo e nossos futuros descendentes, além de ler sobre linguagem na internet, como você está fazendo agora.
Hoje, as línguas faladas sem um sistema de escrita são às vezes chamadas de “línguas orais” e, infelizmente, esse termo tem sido usado como um julgamento da língua ou sobre seus falantes. Porém, a linguagem é o sistema de comunicação humano e a escrita é uma possível representação dele. Não ter escrita não diz muito sobre como é a língua.
Gravações de vídeo ou áudio são outras formas de representar o idioma, por exemplo. No Duolingo, todos os cursos são projetados para ajudar a aprender a ler, escrever, falar e ouvir um idioma. No app temos desafios específicos para o ensino de idiomas com padrões de escrita menos estabelecidos. Quando decidimos fazer um novo curso para uma dessas línguas, consultamos especialistas em idiomas da comunidade. Um exemplo é o iídiche, cujas ferramentas de áudio não estão amplamente disponíveis, então nossos criadores de cursos tiveram que gravar todas as palavras e frases.
A escrita é uma ferramenta como qualquer outra tecnologia: nos permite fazer algo familiar (como comunicar!) de uma nova forma. Os idiomas que (ainda) não possuem sistemas de escrita são exatamente como os que possuem, em termos de complexidade e nuances em seu vocabulário, gramática e pronúncia. E para as comunidades que desenvolvem essa ferramenta para representar seu idioma, há muitas decisões a serem tomadas sobre os rabiscos e símbolos que mostrarão seu idioma e cultura. No Duolingo, você pode conhecer um pouco mais dessas diversas formas de se expressar e escrever em diferentes idiomas!
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Analigia Martins é diretora de Marketing no Brasil de Duolingo, a maior plataforma de aprendizado de idiomas do mundo e o aplicativo mais baixado na categoria de Educação no iTunes e na Google Play. Responsável por aumentar a notoriedade e o crescimento do Duolingo no Brasil, segundo maior mercado da empresa, a executiva tem 20 anos de experiência em marketing de serviços, especialmente na área de Educação no Brasil e nos Estados Unidos. Analigia é pós-graduada em Administração de Empresas pela Universidade Harvard e bacharel em Publicidade pela Fundação Cásper Líbero.