Saúde/bem-estar
06/05/2023 às 07:00•2 min de leitura
Encontrados em praticamente todas as regiões do planeta, os desertos podem se apresentar de diferentes formas, seja com extensas dunas de areia ou completamente cobertos de gelo, por exemplo. Apesar das variações, todas elas têm em comum o tempo seco.
Isto leva a uma dúvida frequente quando se fala nas áreas de clima hostil: por que os desertos são secos? De modo geral, a falta de chuva nestes locais tem a ver com os padrões globais de circulação do ar, principalmente, de acordo com a ecologista Lynn Fenstermaker.
Como a luz do Sol atinge a região do Equador com maior intensidade, aquecendo o ar e evaporando sua umidade, o ar quente e seco sobe e se desloca rumo aos polos, voltando a descer nas latitudes de 30º. É por causa deste padrão, também conhecido como célula de Hadley, que desertos como os do Saara, Gobi e Kalahari estão nestas latitudes médias.
Deserto de Gobi. (Fonte: Unsplash)
Ainda conforme a especialista americana, a topografia também influencia no clima seco e na interação com os ventos. Ao atingir uma cordilheira, a corrente de ar vinda do oceano libera toda a sua umidade nas encostas, à medida que sobe, chegando totalmente seca ao descer, do outro lado.
A seca nos desertos pode ser influenciada ainda pela distância em relação aos grandes corpos de água, segundo o cientista Andreas Prein, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica em Boulder, à Live Science. O ar perde a umidade durante o caminho, como acontece em Gobi, na Ásia Central, cujas chuvas são bloqueadas pelo Himalaia.
Mas isto não significa que áreas próximas aos oceanos, e outras fontes de água consideráveis, serão sempre úmidas. Neste caso, a influência pode vir da criação de neblina em clima frio, que acontece a partir do choque entre as correntes geladas do mar e o ar se movendo na direção contrária, o que retém a umidade no alto.
Deserto de Atacama. (Fonte: Unsplash)
É o que acontece no Deserto de Atacama, no Chile, um dos lugares mais secos do mundo. Com cerca de 1 mil km e apresentando paisagem comparada à da superfície de Marte, ele já chegou a registrar mais de 1.400 dias consecutivos sem chuva.
A baixa quantidade de chuvas também é comum em algumas áreas da Antártida e do Ártico, de acordo com Prein. Apesar disso, estes locais têm muita água armazenada no solo sob a forma de gelo.
Na visão dos especialistas, as mudanças climáticas podem acelerar a formação de desertos, redefinindo os limites das áreas marcadas pela aridez. Para Prein, estas alterações têm potencial para espalhar a célula de Hadley ao Norte e ao Sul, tornando o clima seco em mais locais.
O desmatamento nos trópicos também contribui diretamente para a redução da precipitação, propiciando a expansão das regiões desérticas existentes, especialmente quando combinado com o aquecimento global.