Ciência
10/06/2023 às 11:00•3 min de leitura
Imagine um ser vivo que testemunhou a construção das Pirâmides do Egito, todo o período da antiguidade clássica, a queda do Império Romano e a Idade Média, as transformações geradas pelas Grandes Navegações, até a Revolução Industrial e os avanços tecnológicos dos séculos XX e XXI. Quanta coisa esse ser vivo teria visto, né?
Os seres humanos vivem, no máximo, uns cento e tantos anos — e os animais terrestres mais idosos já registrados não passam dos 200. Porém, quando falamos de árvores, é possível, sim, que elas sobrevivam a todos esses períodos que mencionamos no início.
Nós sabemos disso por conta da dendrocronologia. A ideia é relativamente simples: a partir de uma amostra da base da árvore, contam-se os anéis, que demonstram o crescimento da árvore ao longo dos anos. Cada anel corresponde a um ano. Contudo, além disso, a dendrocronologia permite estudar as mudanças no ambiente ao longo do tempo.
É claro que, de maneira geral, os especialistas tentam pegar amostras da árvore sem precisar cortá-las — usando ferramentas específicas para isso. Mas, como vamos ver já nesse primeiro exemplo, nem sempre isso dá certo. Então, sem mais delongas, vamos à lista das árvores mais antigas do mundo.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Como você pode notar pela foto, a árvore Prometheus foi totalmente cortada e não está mais viva — mesmo tendo sobrevivido por, ao menos, 4900 anos. Isso porque, em 1964, o geógrafo Donald R. Currey estava estudando as eras glaciais e recebeu permissão para colher amostras da árvore para sua pesquisa.
Há várias versões para a história, mas, segundo as mais difundidas, Prometheus não deveria ter sido cortada. Isso só aconteceu porque as ferramentas de Currey não funcionaram direito. Além disso, dizem que ninguém sabia que estava diante da árvore mais antiga de que se tem registro. Ele contou 4.862 anéis — mas, como a amostra não foi colhida da base da árvore, sua verdadeira idade é estimada em mais de 4.900 anos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Essa árvore não foi batizada por acaso, né? Ela testemunhou todos os fatos que narramos no início do texto e ainda está viva — e sabe-se lá o que mais ela vai testemunhar ao longo de sua vida. Ela foi descoberta num parque nacional, na Califórnia.
Mas para evitar que seu fim seja o mesmo de Prometheus, os serviços florestais dos Estados Unidos não dizem qual árvore, exatamente, é Matusalém. Só revelaram que ela está em uma trilha no meio desse parque. Só os cientistas que cuidam dela sabem qual ela é. A foto acima, por exemplo, é da trilha.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Outra árvore inteligentemente batizada é "O Grande Avô" — ou Gran Abuelo, no original em espanhol, já que a árvore está no Chile. Seu tronco é tão grande, com 4,3 metros de largura, que os pesquisadores só conseguiram pegar uma pequena amostra da base para calcular a idade da árvore sem danificá-la.
Dessa pequena amostra, foram contados 2.400 anéis. O resto da idade pode ser calculado por modelos estatísticos. Há quem diga que "O Grande Avô" tem 5.484 anos, por esses cálculos — o que s colocaria em primeiro lugar. Mas, como esses métodos ainda não são consenso entre a comunidade científica, a deixamos no terceiro lugar.
(Fonte: Getty Images)
As sequoias gigantes estão entre as maiores árvores do mundo — uma delas, batizada como General Sherman, tem 83 metros de altura e 11 metros de diâmetro, sendo a maior árvore viva de que temos registro. Por isso, temos o mesmo problema do exemplo anterior: não é possível calcular sua idade com amostras que não danifiquem a árvore.
Os cálculos exatos são realizados com exemplares que eventualmente são cortados ou caem naturalmente. A partir disso, a idade das árvores vivas é estimada. General Sherman tem entre 2.200 e 2.700 anos, por exemplo. Mas, na Floresta Gigante da Califórnia há muitas outras com mais de 3.000 anos.
(Fonte: Getty Images)
De modo geral, as árvores são batizadas oficialmente com essas siglas de letras e números — elas ganham nomes ou apelidos quando se tornam famosas. Não é o caso desse cipreste, que foi encontrado em um parque na Carolina do Norte, Estados Unidos.
Ela foi descoberta por cientistas em 2019 e sua localização exata não foi revelada, para garantir sua proteção. Para descobrir a idade, foram extraídas pequenas amostras de algumas árvores da região. Logo, há muitas árvores com mais de 2 mil anos por ali.
É impressionante que essas árvores conseguiram sobreviver por tanto tempo — mas precisem de proteção contra ação humana, que destrói milhares de anos em poucos segundos.