Saúde/bem-estar
15/03/2023 às 04:00•3 min de leitura
Além de ser a mais antiga das Sete Maravilhas do Mundo, a Grande Pirâmide de Gizé é conhecida por ser o monumental túmulo do faraó Quéops. Porém, esse também é um belíssimo registro detalhado da vida egípcia antiga. Como os faraós eram considerados deuses no Egito Antigo, as grandes tumbas eram construídas para proteger seus restos mortais e conduzir suas almas à vida após a morte.
No entanto, os monarcas não eram as únicas pessoas envolvidas nessa história. Cerca de 20 mil trabalhadores e 16 a 20 mil pessoas de apoio atuaram no projeto da pirâmide de Gizé, extraindo e transportando pedras, construindo rampas, fornecendo comida e água e supervisionando o local de trabalho.
(Fonte: Repositório de imagens NZN)
Estima-se que a pirâmide de Gizé levou de 20 a 30 anos para ser construída, usando 6,5 milhões de toneladas de pedra. Porém, ela não foi a primeira pirâmide do Egito Antigo. À medida que o país crescia em poder, os túmulos dos faraós e da nobreza também foram crescendo. Foi assim que surgiu as primeiras ambições de criar um projeto de pirâmide com os lados lisos.
Foram séculos de aprimoramento de técnicas, o que contribuiu para um salto imenso na engenharia da época. O faraó Seneferu, quem insistiu para que os trabalhadores criassem novos projetos de pirâmides, só foi de fato ficar satisfeito com o surgimento da Pirâmide Vermelha — chamada assim por sua cor rubro-clara —, a terceira maior pirâmide do Egito.
Registros históricos apontam evidências de que os escravos não construíram, de fato, as maiores pirâmides do Egito. Na realidade, grande parte dos construtores eram pagos. Os trabalhadores incluíam agricultores em busca de trabalho fora da estação e outros em busca de salários estáveis. Inclusive, muitos deles foram enterrados na base das pirâmides com potes contendo cerveja e pão para prepará-los para a vida após a morte, uma honraria improvável para escravos.
(Fonte: Repositório de imagens NZN)
Não há nenhum registro histórico de que os escravos estiveram participando das obras das pirâmides. No entanto, existe uma série de documentos registrando a cobrança de impostos trabalhistas no Egito daquela época. O que os egiptólogos não sabem dizer ao certo, no entanto, é porque tantas pessoas viajaram para a região de Gizé para trabalhar nesses projetos.
Entre as principais hipóteses estão uma extrema lealdade ao faraó em questão ou o simples desejo de fazer parte de um grande projeto imortal. Com tantos trabalhadores nos projetos da pirâmide, seria ineficiente fazer com que eles saíssem de suas casas. Por esse motivo, uma comunidade de mais de 150 mil m² foi construída ao sudoeste do projeto para abrigar os trabalhadores durante seu turno de três meses, para alimentá-los e suprir suas necessidades.
A cidade era protegida por Heit al-Ghurab, a "Muralha do Corvo", uma parede de calcário de 10 metros de altura e com um portão de 6,5 metros. O projeto funcionava basicamente como uma cidade universitária, onde os trabalhadores poderiam descansar enquanto participavam das obras.
(Fonte: Repositório de imagens NZN)
Como em qualquer cidade universitária, a maioria dos residentes nas cidades pirâmides era transitória. Eles dedicariam seu tempo e depois seguiriam em frente. No entanto, alguns trabalhadores optaram por assumir turno integral e se tornaram funcionários permanentes.
Eles não só viveram na cidade, como também estabeleceram casas próprias e criaram famílias dentro da Muralha do Corvo. Essas residências usaram materiais mais resistentes e estáveis. Evidências arqueológicas mostram que tijolos de barro foram usados para construir as habitações permanentes.
Apesar da vida "confortável" em relação aos escravos do Antigo Egito, os trabalhadores das pirâmides não tinham nenhum tipo de moleza. O trabalho era fisicamente esgotante e prejudicou a saúde de vários deles. Inclusive, vários restos mortais mostram que muitos morreram por ferimentos que receberam no trabalho.
No fim das contas, esses funcionários de fato tiveram fundamental participação em um trabalho histórico que dificilmente um dia será esquecido. Seus nomes, infelizmente, nem de perto atingiram a mesma relevância que os grandes faraós receberam nos livros de história.