Ciência
01/07/2023 às 06:00•2 min de leitura
Prisioneiros, de qualquer tipo, já enfrentaram diversos métodos de tortura durante a história. Mas, durante a Idade Média (476 d.C. a 1453 d.C.), certamente um dos mais assustadores e mortais não visava a dor física. Feitas para enfraquecer o corpo e destruir mente, estamos falando das oubliettes.
A origem do termo remonta ao francês "oublier", que significa "esquecer". A escolha dessa expressão não é à toa, visto que a função das oubliettes era realmente "esquecer" dos seus prisioneiros.
Desenho da estrutura de uma oubliette. (Fonte: Wikimedia Commons)
A oubliette, também conhecida como "masmorra de garrafa", consistiam em poços verticais profundos e bastante estreitos (como o gargalo de uma garrafa) conectados a celas na sua parte inferior.
Os prisioneiros que tinham alguma sorte eram deixados sozinhos nas oubliettes. Já os menos afortunados, eram forçados a compartilhar o espaço minúsculo com os restos mortais em putrefação dos prisioneiros anteriores – e com os diversos vermes que se deliciavam das vítimas mais recentes.
Alguns prisioneiros eram deixados para morrer de fome, como se fossem realmente esquecidos nas masmorras, enquanto outros ganhavam alimentos só para prolongar o sofrimento. Diante da total escuridão e desconforto, eram também condenados à insanidade.
Oubliette do Castelo Leap, na Irlanda. (Fonte: Leap Castle/Reprodução)
Essas prisões horripilantes estavam espalhadas em castelos por toda a Europa, com destaque para a França, local de origem do termo e onde ficava a famosa prisão da Bastilha.
No País de Gales, lugares como o Castelo de Pembroke e os Castelos de Conwy, eram conhecidos por abrigar oubliettes apavorantes. O famoso Castelo Leap, na Irlanda, considerado um dos castelos mais assombrados do mundo, também possuía uma masmorra digna de filme de terror.
Ainda no Castelo Leap, dentro da sugestiva "Capela Sangrenta", foi encontrada uma cena assustadora: oubliettes que possuíam estacas no fundo, com diversos esqueletos empalados.
(Fonte: Getty Images)
Embora as masmorras do período da Idade Média sejam conhecidas como oubliettes, o termo surgiu bem mais tarde, no século XVIII, graças a popularização por escritores como Alexandre Dumas e Victor Hugo — ambos franceses. Eles normalmente faziam uso da expressão em seus livros para indicar esse tipo de masmorra, onde os prisioneiros eram deixados ao esquecimento.
Porém, ao contrário do imaginário popular, engana-se quem acha que as masmorras eram usadas com frequência. Dentro do ponto de vista histórico, os relatos sobre seu uso como método de tortura são escassos e pulverizados pelos dos séculos, tornando complicada a tarefa de saber, com certeza, se as oubliettes eram usadas com tanta frequência assim.