Ciência
20/09/2023 às 13:00•2 min de leitura
Imaginar como o mundo teria sido se um determinado evento tivesse se desdobrado de forma diferente é algo muito presente entre os aficionados por história. O mesmo vale para hipóteses que anulam a ocorrência de um determinado fato. E em ambos os casos, além de não oferecerem uma melhor compreensão de como o mundo realmente é, não são questionamentos que oferecem respostas conclusivas.
Mas e quanto a negar que a Idade Média tenha existido de fato? Sem dúvidas, seria levar o mundo hipotético a um novo patamar. E por mais estranho que pareça, é justamente isso o que defende a Hipótese do Tempo Fantasma.
Hipótese do Tempo Fantasma defende que 297 anos de história foram inventados. (Fonte: Wikimedia Commons)
Segundo o historiador alemão Heribert Illig, defensor da Hipótese do Tempo Fantasma, a Idade Média não existiu em sua totalidade. Ou melhor, os anos entre 614 a 911 d.C. não aconteceram, pois os fatos associados a esse período teriam sido inventados por figuras poderosas da era medieval: o Papa Silvestre II, o Imperador Romano-Germânico Otão III, e possivelmente Constantino VII, imperador bizantino.
Essa mudança teria sido realizada para alinhar o início do reinado de Otão com o ano 1000 d.C. e fabricar registros históricos. Levando essa linha de raciocínio adiante, segundo a teoria de Illig, os árabes não avançaram em território espanhol a partir de 711 d.C. Isso dificultaria bastante, por sua vez, explicar como tantos reflexos da cultura árabe, a exemplo da sua arquitetura, podem ser encontrados hoje por ali.
O mesmo vale para a explicação de como teria se dado o domínio temporário de Carlos Magno sobre parte da Espanha moura. Afinal, ele é associado a uma série de conquistas nesse período, anexando a Saxônia, a Baviera e a Frísia. Os rumos da sociedade medieval teriam sido delineados ali, defendem historiadores.
Mas de acordo com essa teoria da conspiração, o Império Carolíngio teria sido inventado, ou melhor, apenas documentado. Da mesma forma, o Império Bizantino também não teria existido da forma como acreditamos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Vamos às contas: a partir da constatação que 297 anos da Idade Média não existiram, nós estaríamos atualmente no ano de 1726, e não em 2023. Parece demais para acreditar? Pois ainda há quem vá além dessa linha de raciocínio.
Um professor de matemática da Universidade Estadual de Moscou faz uso de outra abordagem para contestar o passado: para Anatoly Fomenko, a história da humanidade teria iniciado em 800 d.C. Muitos acontecimentos anteriores a esse período teriam ocorrido, portanto, dentro da Idade Média. E dentro de fatos com cronologias semelhantes, muitos poderiam ser simplesmente falsos.
Ou seja, além de Carlos Magno, as batalhas de Júlio César na Roma Antiga, as conquistas de Alexandre, o Grande, da Macedônia, entre muitos outros fatos marcantes, incluindo o desenvolvimento de sociedades menos estudadas, como a chinesa, não teriam se dado da maneira como contam os livros de história. O que dizer das Pirâmides do Egito, então? Teríamos um universo paralelo para assimilar.
Para os críticos dessas teorias da conspiração, tudo não passa de uma tentativa de redesenhar o passado, reduzindo o valor de eras consideradas menos significantes dentro de uma determinada perspectiva. Afinal, estamos falando de períodos validados com veemência por uma série de elementos, a exemplos de obras de arte, materiais escritos e evidências arqueológicas.