Ciência
03/10/2022 às 08:00•2 min de leitura
Carlos Magno ficou conhecido como “Pai da Europa” por ter conseguido unir a maior parte do continente europeu desde o apogeu do Império Romano. Por isso, não é uma surpresa saber que existem muitos descendentes dele espalhados pelo mundo. Mas quantas pessoas estão ligadas ao antigo rei dos francos?
De acordo com o geneticista Adam Rutherford, literalmente todos com ascendência europeia descendem diretamente de Carlos Magno. E não para por aí. Genghis Khan também é conhecido por ter deixado muitos descendentes, enquanto a linhagem de Vlad, o Empalador — que inspirou o Drácula — está conectada à família real britânica.
Carlos Magno, o "Pai da Europa".
Se você já se perguntou qual é a relação que você pode ter com seus amigos, com celebridades ou com nobres do passado, saiba que pode ser maior que imagina. Considere que sua árvore genealógica cresce exponencialmente a cada geração que você retorna. Começa com dois para seus pais, quatro para seus avós, oito para os bisavós e assim por diante. Na 33ª geração — algo entre 800 e 1.000 anos atrás — você tem mais de oito bilhões de ramificações diretas.
Esse número é maior que a população mundial hoje. Então, como isso é possível? A explicação desse aparente paradoxo é que a árvore genealógica de uma pessoa não segue linhas diretas. Em vez disso, elas começam a se conectar em diferentes níveis. O resultado disso é que uma mesma pessoa pode ocupar mais de um espaço na sua árvore.
Mas se você está pensando em Dark ou qualquer outra história confusa de ficção científica e viagem no tempo, pode se tranquilizar. A realidade, embora pareça complicada, é bem menos complexa. O que acontece é que uma pessoa que foi pai de um antepassado seu há 15 gerações, também pode ter sido tio de outro antepassado em outro nível.
Na época de Nefertiti, alguém de quem todos descendemos estava vivo em algum lugar do mundo.
Embora não seja possível afirmar com exatidão em que momento da história humana viveu o antepassado de qual todos nós somos descendentes, é possível estimar um período. Usando modelagem matemática e simulações de computador, um grupo de estatísticos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), calculou que nosso (ou nossa) ancestral comum mais recente provavelmente viveu entre 1400 a.C. e 55 d.C. — possivelmente mais perto desta última data.
E se voltarmos um pouco mais é possível chegar a uma data em que nossas árvores genealógicas compartilham não apenas um ancestral em comum, mas vários. Nesta data — em algum momento entre 5300 e 2200 a.C. —, chamada de isoponto genético, as árvores genealógicas de quaisquer duas pessoas na Terra agora, não importa quão distantes pareçam, remontam ao mesmo conjunto de indivíduos.
E como o isoponto genético ocorreu tão recentemente, é possível afirmar com certeza que a ideia de pureza de linhagem, além de uma besteira, é conceitualmente equivocada. Nenhuma pessoa tem antepassados de apenas uma origem étnica ou região do mundo. Embora muitos traços genéticos se percam ao longo da linhagem, pois nós recebemos apenas metade do material genético dos nossos pais, as conexões genealógicas com o globo inteiro significam que não muito tempo atrás seus ancestrais estiveram envolvidos em todos os eventos da história mundial.