Ciência
14/10/2023 às 10:00•2 min de leitura
O limão-taiti é uma espécie de fruta cítrica bastante popular no Brasil e em outras partes do mundo. Esse alimento pode ser usado em inúmeras receitas, seja para aproveitar o seu suco, espremê-lo em cima de alguma coisa ou até mesmo usar apenas as raspas de sua casca.
Porém, ele se destaca por não apresentar nenhuma semente, enquanto a maioria das limas tem. De acordo com pesquisadores, indícios mostram que a composição cromossômica da fruta tem grande influência nesse processo.
(Fonte: Getty Images)
A grande maioria dos limões vendidos no Brasil são os limões-taiti. Embora muitas vezes seja considerada uma espécie própria, esta fruta é um híbrido natural de limão-grego e cidra. Essa mistura genética fez com que o limão-taiti se tornasse partenocárpico, o que significa que é produzido sem fertilização e, por isso, não possui sementes.
Como os limões-taiti são maiores e possuem cascas mais espessas que os limões-gregos, são mais resistentes a doenças do que as frutas que os originaram e têm uma vida útil mais longa. Porém, por que eles pararam de produzir sementes? É preciso destacar que isso não tem nada a ver com alimentos modificados geneticamente em laboratório.
Na verdade, frutas sem sementes não são um fenômeno novo na natureza. Em geral, os frutos normais começam a se desenvolver quando o óvulo de uma flor é fertilizado pelo pólen. O fruto partenocárpico, por outro lado, desenvolve-se sem fertilização por ter problemas com os óvulos, espermatozoides, problemas de polinização ou desiquilíbrios cromossômicos.
(Fonte: Getty Images)
Os limões sem sementes, ou de "frutos grandes", são diferentes dos demais por possuírem três conjuntos de cromossomos em vez de dois. Embora alguns frutos partenocárpicos ocorram naturalmente, essa anormalidade genética torna a reprodução selvagem da espécie algo extremamente raro.
Justamente pelo número ímpar de cada cromossomo, não existem pares suficientes para se emparelharem durante o processo de meiose. Isso faz com que alguns genes sejam segregados e faz com que as sementes nunca se formem. Curiosamente, frutas em plantas com genoma multiplicado têm tendência a serem maiores do que o normal — o que é uma vantagem comercial para o limão-taiti e uma dificuldade reprodutiva.
Para superar isso, os agricultores utilizam uma técnica chamada enxertia, onde parte de uma tília sem sementes é retirada e inserida em uma nova árvore. Basicamente, isso clona a árvore original, garantindo a produção de mais limões sem sementes. Esses mesmos enxertos também podem ser usados para consertar árvores frutíferas que foram danificadas.
Curiosamente, você até pode acabar encontrando uma semente aleatória dentro de um limão-taiti quando estiver procurando no supermercado. Mas por que isso acontece? Os chamados limões sem sementes podem ocasionalmente ter uma semente ou outra devido à polinização cruzada. Isso é algo comum se eles forem cultivados perto de outras frutas. Portanto, se você encontrar alguma semente em seu limão-taiti, não precisa ficar surpreso e achar que foi enganado, isso é apenas um processo natural e relativamente comum.