Artes/cultura
23/12/2023 às 07:00•2 min de leitura
Infelizmente, a política é capaz de catapultar eventos terríveis que jamais imaginaríamos serem possíveis. Contudo, o ser humano, ao ser contaminado pelo poder e pela cegueira moral, é capaz de promover os acontecimentos mais abomináveis.
Algumas dessas tragédias não ficaram tão célebres quanto deveriam. Mas são importantes: afinal, não esquecê-las é uma forma de evitar que fatos semelhantes voltem a ocorrer. Confira a seguir quatro eventos desumanos da história norte-americana que você provavelmente não conhecia.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Apesar de não estar inclusa em boa parte dos livros escolares, entre 1899 e 1902, ocorreu um grande conflito conhecido como a Guerra Filipino-Americana. É "esquecida" provavelmente porque perdeu lugar a outras guerras mais impactantes, como a do Vietnã e a Guerra Civil.
Mas, esta tragédia envolveu até a criação de áreas semelhantes a campos de concentração, onde os filipinos ficavam restritos em condições precárias. A ideia do exército norte-americano era estabelecer uma demarcação rigorosa para suprimir a influência das guerrilhas sobre a população.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Pouco lembrada na América Latina, a Operação Condor foi um esforço envolvendo países do Cone Sul (Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia, Brasil e Peru) nos anos 1970, com o intuito de suprimir a oposição política, agindo a favor dos interesses dos Estados Unidos. A base da operação era em Santiago, no Chile.
A Operação Condor compreendeu várias questões, como a criação de uma base de dados sobre grupos e movimentos sociais. Mais adiante, a operação identificou adversários políticos e executou ações para eliminar indivíduos.
No Brasil, o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, chegou a levantar a suspeita de que os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek teriam sido assassinados pela Operação Condor. Contudo, isso nunca foi efetivamente comprovado.
(Fonte: Getty Images)
No início do século XX, os Estados Unidos executaram projetos de esterilização compulsória em mais de 30 estados. Tratava-se de um claro processo de eugenia, que visava influenciar a futura composição étnica e genética no país.
Mais de 60 mil pessoas foram esterilizadas. A maior parte delas eram pessoas com deficiências mentais ou físicas, ou com algumas doenças. Ou seja, os EUA executaram um projeto muito semelhante ao realizado pela Alemanha nazista, entre 1924 e 1945. A título de comparação, neste período de sua história, os alemães executaram cerca de 350 mil esterilizações, num movimento que teve influência justamente do que ocorrera nos Estados Unidos.
E o mais chocante: mesmo depois da revelação deste escândalo americano, alguns estados continuaram fazendo as esterilizações até a década de 1970.
(Fonte: Getty Images)
Durante o governo do presidente americano Dwight D. Eisenhower, houve a execução de uma política chamada de "Lavender Scare" (algo como "pânico da lavanda"). Em poucas palavras, foi a instalação de um pânico moral coletivo, propagado pelo governo, tendo como alvo a população de gays e lésbicas.
Para isso, foi instalado um terror infundado de que essas pessoas seriam uma ameaça ao país, pois teriam "caráter moral fraco" e causariam vários tipos de danos. Entre outras coisas, a Lavender Scare levou à demissão de milhares de funcionários do governo por conta de sua orientação sexual.
Essa política associava a comunidade LGBTQIA+ aos riscos de segurança no país, embora não houvesse qualquer evidência disso. Esta população também foi associada à suposta ameaça comunista que, segundo o governo, rondava o país.
Além das perdas de empregos, isso também resultou em milhares de suicídios de pessoas que se sentiam humilhadas e rejeitadas pelo seu próprio país.