Ciência
24/02/2024 às 12:00•3 min de leitura
O infame líder nazista Adolf Hitler pôs fim à própria vida em 30 de abril de 1945. Na verdade, pode-se dizer que ele já estava morrendo aos poucos desde o início daquele ano, conforme a Alemanha se aproximava da derrota na Segunda Guerra Mundial — e o sonho do Terceiro Reich, com sua raça ariana pura, ficava cada vez mais distante.
Por isso, ao descobrir que seu aliado de primeira hora, Benito Mussolini, tinha sido executado violentamente na Itália, só restou uma solução. Adolf Hitler e sua companheira de longa data, Eva Braun, cometeram suicídio no bunker onde passaram os últimos meses de suas vidas — e onde oficializaram sua união, um dia antes de morrer.
Dessa maneira, não houve a catarse de "fazer justiça com as próprias mãos", como os italianos tiveram com Mussolini. Mas também não houve um julgamento com o rigor da lei, como outros oficiais nazistas tiveram no Tribunal de Nuremberg. Hitler decidiu seu próprio fim.
A partir disso, podemos fazer um exercício de "e se...". Afinal, o que teria acontecido com o líder nazista — e maior culpado pelas atrocidades da Segunda Guerra —, se ele tivesse sido capturado vivo em Berlim? O que os Aliados fariam com Hitler?
(Fonte: Wikimedia Commons)
Já em 1942, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill dizia com todas as letras que queria Hitler morto ao final da Segunda Guerra Mundial. Ele até defendia que o líder nazista fosse executado em uma cadeira elétrica. Para Churchill, esse era o método mais indicado para alguém que ele considerava um gângster.
Conforme a possibilidade se tornava real, o primeiro-ministro britânico continuava defendendo essa ideia da execução sumária, sem direito à defesa. Segundo ele, qualquer julgamento para um homem como Hitler seria uma farsa.
Porém, os líderes dos outros países aliados não concordavam com essa solução tão drástica. Por um lado, acreditava-se que execuções sumárias passariam a impressão de que os aliados tinham medo de julgar os nazistas adequadamente. Mas, além disso, havia quem quisesse algo próximo daquela farsa mencionada por Churchill.
Josef Stalin, o líder da União Soviética, defendia o julgamento dos nazistas em um tribunal — o que foi essencial para a criação do Tribunal de Nuremberg. Para Stalin, a corte era um "teatro" político importante e um julgamento depois da Segunda Guerra serviria para aumentar a união entre seu povo, bem como o prestígio internacional de seu país.
Sob Stálin, a União Soviética realizou inúmeros julgamentos encenados — cujos resultados já estavam decididos desde o início. E a ideia dele era que todo o Tribunal de Nuremberg fosse dessa forma, ao contrário dos desejos de Winston Churchill.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A partir disso, nós podemos pensar melhor no que aconteceria se Adolf Hitler estivesse vivo quando o Exército Vermelho tomou Berlim, em 1945.
Em primeiro lugar, os soviéticos teriam mais poder nos debates que decidiram o formato do Tribunal de Nuremberg. Caso não conseguissem convencer os Aliados ocidentais de fazer um julgamento encenado como queria, Stalin poderia levar Hitler para Moscou. Mantendo-o sob seu poder, o líder soviético poderia "aproveitá-lo" na Guerra Fria que começava a surgir.
Mas outra consequência interessante de capturar Hitler vivo seriam as defesas do Tribunal de Nuremberg. Afinal, a maioria dos líderes nazistas alegou que estava "só cumprindo ordens" e, por isso, tinha menos culpa.
Caso a origem de todas as ordens — o Führer, em pessoa — também estivesse no banco dos réus, será que essas defesas seriam diferentes? Aliás, qual seria a defesa do próprio Hitler, já que ele não poderia alegar nem o cumprimento de ordens, nem desconhecimento.
Ele poderia alegar que as leis foram criadas após os crimes, por isso não teriam validade. Ou, então, dizer que esse tipo de crime só pode ser imputado a estados e não pessoas. Porém, é improvável que qualquer uma dessas defesas funcionasse. Hitler receberia o mesmo veredito da maioria de seus companheiros: a morte por enforcamento.
Na verdade, também existe outra hipótese: mesmo que o Führer não tivesse cometido suicídio antes do Exército Vermelho tomar Berlim, ele não viveria para chegar a Nuremberg. Ele poderia ser assassinado pelos soviéticos ou sucumbir aos problemas de saúde com os quais já sofria.