Ciência
20/01/2023 às 11:00•3 min de leitura
Para muitas pessoas, a noite do dia 12 de janeiro de 1928 era apenas mais uma noite qualquer. Mas, para Ruth Snyder, uma dona de casa de Long Island era o seu fim. A mulher foi eletrocutada na prisão de Sing Sing, Nova York. O motivo? Ela assassinou seu marido, Albert Snyder. Com ela, Judd Gray, também seguia para a câmara da morte. Gray foi amante e cúmplice de Ruth.
Essas execuções são consideradas por historiadores jornalísticos como o clímax de um dos casos de assassinato mais sensacionalistas ocorridos na década de 1920. A coisa toda tomou proporções gigantescas graças a guerra intensa entre a mídia envolvendo os tabloides de Nova York. A batalha para ver quem teria exclusividade ultrapassou todos os limites possíveis, atingindo novos patamares de mau gosto, para evitar termos piores.
Execução de Snyder. (Fonte: Smithsonian Mag/ Tom Howard / NY Daily News Archive/ Getty Images/ Reprodução)
O responsável pela primeira foto de uma execução em cadeira elétrica foi o jornalista Tom Howard, que conseguiu passar pela segurança da prisão Sing Sing com uma câmera escondida. Howard, na época, prestava serviços para o tabloide Daily News.
O jornal estava tão ansioso em conseguir a imagem que “contrabandeou” a câmera para dentro da sala de execução amarrada ao tornozelo do jornalista. A imagem registrada por Tom estava na primeira capa do dia seguinte do Daily News com Ruth Snyder tendo a corrente elétrica atravessando seu corpo enquanto permanecia amarrada. A manchete trazia apenas uma única palavra: morta!
(Fonte: Smithsonian Mag/ Tom Howard / NY Daily News Archive/ Getty Images/ Reprodução)
Embora ilícita e repulsiva, a fotografia é considerada uma das mais importantes do fotojornalismo criminal.
Marco Conelli, detetive aposentado do Departamento de Polícia de Nova York e um expert no tema, comentou certa vez que a “A foto da eletrocussão de Snyder continua sendo uma das peças mais horríveis do fotojornalismo – uma imagem que deixa o espectador com a sensação de que não deveria estar vendo isso. Seu fator de choque duradouro vem daquele momento em que, visível a olho nu, a vida está deixando seu corpo.”
Ruth Snyder. (Fonte: Smithsonian Mag/ Bettman/ Getty Images)
Não poderíamos deixar de comentar sobre a personagem principal de tudo isso: Ruth Snyder. Nascida em 1983, ela deixou os estudos de lado ao se formar na oitava série. Conseguiu um emprego em uma companhia telefônica enquanto se dedicava a um curso de administração à noite.
Ruth conheceu seu marido e futura vítima enquanto trabalhava como secretária da revista Motor Boating. Albert Snyder era 13 anos mais velho que ela. O casamento ocorreu poucos meses após ambos se conhecerem.
A vida financeira dos dois melhorou e até se mudaram para casas maiores. Mas os planos de Ruth tinham mais a ver com sucesso pessoal do que com um casamento precoce.
Ruth era amante da diversão e muito sociável. Seu marido, era o oposto. Queria mais filhos e sempre fazia comparações entre ela e suas outras esposas, mais “sérias”.
No meio das tensões dentro de casa, Ruth conhece Judd Gray, com quem manteve um relacionamento de 18 meses. Embora não se saiba exatamente quem foi o responsável por planejar o assassinato, sabe-se que ele ocorreu nas primeiras horas do 20 de março de 1927, pouco após Ruth e Albert voltarem de uma festa.
(Fonte: Shutterstock/ Reprodução)
Judd Gray, embriagado, invadiu o quarto de Albert enquanto ele dormia e tentou matá-lo golpeando sua cabeça com um peso. O primeiro golpe apenas acordou Albert, que lutou. Incapaz de continuar, Gray pediu ajuda para Snyder, que entrou na sala e terminou o assassinato, esmagando o crânio de Albert.
Eles então cloroformizaram e estrangularam Albert com um fio antes de chamar a polícia. Snyder mentiu para as autoridades, dizendo ter sido atacada por um intruso de cor morena, mas acabou confessando e apontando Gray como o responsável.
A imprensa da época tratou Snyder com desprezo, a chamando de "esposa demônio", "mulher de mármore" e "Ruthless Ruth". O New York Post a considerou uma "mulher de cara dura", "exagerada" e em busca de "poder e autoridade", definições que refletiam, claramente, o clima sexista da época.