Ciência
14/08/2021 às 07:00•2 min de leitura
Era 1963 quando um grupo de estudantes da Alemanha Ocidental começou a cavar um túnel sob o Muro de Berlim, há cerca de 2 anos após sua inauguração, com o intuito de reencontrarem a antiga vida. Entre esses jovens estava Joachim Neumann, que havia fugido da Alemanha Oriental usando um passaporte emprestado de um estudante suíço.
A barreira de pedra de 155 quilômetros que cercava a Berlim Ocidental separava o jovem de sua família, amigos, namorada e de uma vida inteira, mas Neumann e seus comparsas não passavam de mais alguns desesperados que tentavam transpor a edificação.
De todas as tentativas ao longo de quase 30 anos, apenas cerca de 300 pessoas conseguiram escapar. Além de uma missão suicida, que poderia ter sido encerrada pelas balas da polícia da Alemanha Oriental, o que também era considerado uma estupidez. Mas mesmo assim o jovem não desistiu.
(Fonte: Huffopost/Reprodução)
O primeiro projeto de túnel de Neumann fracassou quando alguém informou à Stasi, polícia secreta da Alemanha Oriental, que prendeu os refugiados esperançosos. No entanto, ele continuou de maneira implacável; então, começou a cavar em uma padaria abandonada no oeste, indo mais longe até que seu empreendimento alcançasse a extensão de um campo de futebol. Conhecida como Túnel 57, a passagem funcionou durante 2 dias, tornando-se a fuga isolada de maior sucesso na história do Muro de Berlim.
Na época, Neumann tinha 21 anos e estudava Engenharia Civil na cidade de Cottbus, na Alemanha Oriental, a cerca de 120 quilômetros a sudeste de Berlim, quando decidiu fugir. Porém, não foi uma tarefa fácil, como ele mesmo percebeu, ainda mais diante das estatísticas: mais de 250 mil pessoas foram detidas como prisioneiros políticos tentando escapar e 100 foram mortas.
(Fonte: Sutori/Reprodução)
Enganava-se quem pensava que só ser preso era o final da linha. Nas instalações da Stasi, os desertores sofriam todos os tipos de tortura física e mental, além de serem submetidos a condições de vida deploráveis.
Então, o jeito foi cavar 11 metros no chão de uma padaria perto da fronteira e ir longe o suficiente para passar pela "Faixa da Morte", uma vasta porção de terra repleta de espigões de aço, além de ser supervisionada por holofotes e torres de guarda.
O árduo trabalho de construir o túnel levou 5 meses. Os jovens dormiam na padaria e revezavam os turnos durante as semanas. A passagem ficou pronta em 3 de outubro de 1964, foi quando eles enviaram uma mensagem para todas as pessoas para as quais eles haviam cavado dizendo em que momento deveriam encontrá-los no prédio Strelitzer Strasse 55 e sussurrar a palavra "Tóquio".
(Fonte: The New York Times/Reprodução)
Foi um dos guardas da fronteira que notou a movimentação e mandou alguns policiais até o prédio, que perceberam rapidamente o que estava acontecendo. Na confusão que se sucedeu, enquanto os jovens recuavam pelo túnel para tentar voltar para a padaria, um deles foi baleado e morto pelos policiais.
O governo da Alemanha Oriental demoliu o túnel e atribuiu a morte dele aos "jovens radicais". Como resposta a acusação, os escavadores enviaram balões por cima da do Muro de Berlim com a mensagem:
"O verdadeiro assassino é o sistema que abordou a fuga em massa de seus cidadãos não removendo a causa do problema, mas construindo uma parede e dando ordem para os alemães atirarem nos próprios alemães".