Ciência
14/05/2022 às 11:00•2 min de leitura
Se você estiver em La Paz, na Bolívia, e pretende conhecer a cidade de Coroico (ou vice-versa), uma das rotas é o chamado Camino de la Muerte. A estrada, construída por prisioneiros de guerra paraguaios após a Guerra do Chaco (1932–1935), possui uma paisagem belíssima, mas também é o local onde milhares de pessoas já perderam suas vidas.
Durante um trajeto de 64 km, com uma descida acentuada de 3.500 m (sentido Coroico), os viajantes que se arriscam nesta perigosa estrada, se deparam com um mortal visual de tirar o fôlego. Partes do trajeto têm apenas 3 m de largura, diversas curvas são fechadas e alguns pontos possuem uma queda quase vertical de 1.000 m.
Fonte: Shutterstock
O nome pode parecer um exagero, mas foi dado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento durante a década de 1990. O número de veículos que escorregavam para uma queda mortal foi tão grande que foi preciso criar uma alerta para quem decidisse se aventurar pelo local.
Hoje, quem decide fazer a viagem saindo da região da Cordilheira dos Andes em La Paz até os vales úmidos nas planícies amazônicas da região conhecida como Yungas ("terras quentes" na língua indígena aimará), pode utilizar uma rodovia asfaltada e de boa qualidade. Porém, aos que se arriscam a encarar a estrada da morte, cruzes brancas, buquês de flores e fotos amareladas são um alerta constante para os perigos que a aventura também carrega.
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Quem chega até as Yungas pode conhecer o Rio Coroico, que no passado foi um local agitado pela corrida do ouro. Lá, os moradores relatam histórias que datam do século XVIII, quando os jesuítas lideraram uma busca pelo metal precioso. Eles foram expulsos da Bolívia em 1767, quando a coroa espanhola considerou que eles haviam enriquecido demais.
Sem conseguir carregar tudo o que encontraram, eles teriam enterrado parte do ouro, gerando rumores de tesouros escondidos e fortunas esquecidas. Hoje, essas histórias não passam de uma lenda local, porém, o garimpo ainda é uma realidade nas proximidades do Coroico. Grande parte da mineração é ilegal e está ligada ao crime organizado, o que explica a escolha pela Estrada da Morte por parte dos garimpeiros.
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Mas para algumas pessoas, o perigo tem seu charme. A fama e o perigo da estrada a tornou uma atração turística e atrai um fluxo constante de viajantes ansiosos para pedalar em ambos os sentidos. Embora seja menos perigoso do que para quem se arriscar a cruzar a estrada em carros ou ônibus, não são raros os registros de ciclistas que morrem no local. Este é mais um alerta para as pessoas que decidem se arriscar a conhecer a estrada mais perigosa do mundo.