Artes/cultura
15/10/2023 às 11:00•2 min de leitura
Na intrincada geopolítica da história medieval europeia, os bobos da corte aparecem como personagens intrigantes. Também chamados de bufos ou bufões, esses comediantes tinham uma tarefa um tanto ingrata de entreter, principalmente, o rei.
Os bufões de palácio eram únicos na Idade Média, proporcionando risadas e, muitas vezes, críticas em meio à pompa da realeza. Seja por meio de contação de histórias, músicas, poemas, malabarismo, truques de mágica ou de formas de humor menos complexas, como soltar pum, os bobos da corte precisavam entreter a corte real. Caso fizessem um bom trabalho, poderiam ser recompensados, ganhando o favor da nobreza e desfrutando de várias regalias. Conheça alguns dos bobos da corte mais famosos da história.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Pouco se sabe sobre Roland, mas seu apelido já deixa claro o motivo pelo qual ele era conhecido. Roland serviu o Rei Henrique II no século XVII, mas existem algumas teorias que ele servira outros monarcas também.
No entanto, ele ficou conhecido por ter caído nas graças de Henrique II, que lhe deu uma mansão em uma terra de 14 hectares por seus serviços. Um dos registros mais conhecidos é que todo natal Roland apresentava um número chamado "um pulo e assobio e um pum" na festa do monarca.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Pode-se dizer que Jeffrey Hudson fez uma entrada triunfal na corte de Carlos I no século XVII, quando foi presenteado à Rainha Henriqueta Maria de França dentro de um bolo. Com nanismo, Hudson tinha menos de 50 cm na ocasião, quando tinha seis anos. Desde então, ele caiu nas graças da Rainha e a acompanhou por boa parte da vida, tendo sido educado e treinado em muitas artes na corte. Um dos truques mais famosos envolvia outro bobo, William, que com mais de 2,10 metros de altura, tirava Hudson do bolso e fazia um sanduíche.
Infelizmente, o destino de Hudson não foi tão feliz. Depois que eclodiu a guerra entre a França e a Inglaterra, e ele seguiu a Rainha para seu país natal, onde se envolveu em uma briga e desafiou um desafeto para um duelo. Hudson, treinado em armas, matou o oponente, porém duelos eram ilegais na França e a sua vítima era irmão de um nobre poderoso. Hudson fugiu após receber uma sentença de morte, mas foi capturado por piratas e escravizado. Quando conseguiu voltar para a Inglaterra, foi preso por ser católico e morreu na obscuridade.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Às vezes, a confiança que o rei depositava no bobo da corte fazia com que tarefas bem mais difíceis lhe fossem atribuídas, como no caso do bobo de Filipe VI da França. Durante seu reinado, o exército de Filipe sofreu uma das maiores derrotas da Guerra de Cem Anos, entre Inglaterra e França.
As forças inglesas destruíram a frota da França, que era duas vezes maior, matando mais de 20 mil soldados, e coube ao bobo dar as notícias ao rei. Diz-se que ele tentou fazê-lo com um pouco de graça, afirmando ao rei que os ingleses não tinham a mesma coragem dos franceses, afinal, nenhum deles ousou pular no mar com a armadura completa, como os franceses fizeram.
A família de Henrique VIII com Sommers restratado no canto direito. (Fonte: Wikimedia Commons)
Mais do que por um número engraçado, Will Sommers é lembrado por um feito notável: não ter sido decapitado. Ele foi o bobo da corte de Henrique VIII, aquele que rompeu com a Igreja Católica, fundou uma nova religião, usou o dinheiro para financiar gastos extravagantes e alimentar uma série de guerras, casou com seis mulheres e mandou decapitar duas delas.
Sommers caiu nas graças da corte por conseguir acalmar o impulsivo rei e, assim, livrar alguns nobres de um julgamento mais severo.