Entrega sempre o trabalho atrasado? Saiba que isso pode prejudicar você

30/11/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 30/11/2024 às 18:00

Todo mundo já passou por aquela experiência estressante (mas até meio emocionante) de fazer um trabalho correndo e entregá-lo na última hora, ou mesmo com atraso. Se isso é uma prática recorrente na sua vida, é melhor repensar a sua organização.

Um estudo sugere que quase sempre um trabalho que é enviado com atraso é lido como de qualidade inferior, mesmo que esteja no mesmo nível de outro trabalho concluído no prazo. Além disso, a percepção do próprio estudante ou trabalhador que o entregou também se torna mais negativa.

A “roubada” do trabalho atrasado

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Mesmo atrasando um pouco para fechar o seu projeto, isso vai pesar contra você. (Fonte: GettyImages / Reprodução)

Um grande estudo envolvendo 18 experimentos diferentes foi realizado por uma equipe de cientistas com um total de 6.982 participantes. Esses voluntários eram convidados a avaliar uma variedade de projetos, ao mesmo tempo que eram informados se os trabalhos foram enviados com antecedência, com pontualidade ou atraso.

O que foi se descobrindo é que os trabalhos atrasados recebiam notas inferiores, mesmo que o atraso fosse pequeno. O estudo verificou ainda que os projetos entregues com antecedência não sofriam quaisquer alterações em suas avaliações. Ou seja: um trabalho entregue três dias ou três horas antes do prazo vai ser visto da mesma forma pelos avaliadores.

De acordo com Sam Maglio, psicólogo social da Universidade de Toronto Scarborough, no Canadá, foi observado que o dado referente à entrega era sempre considerado pelos avaliadores. "Todos viram exatamente a mesma inscrição em concurso de arte, inscrição escolar ou proposta de negócios, mas não puderam deixar de usar seu conhecimento de quando chegou para orientar sua avaliação de quão bom era", explicou.

A classificação dos trabalhos 

(Fonte: GettyImages / Reprodução)
Não vale a pena dar desculpas esfarrapadas pelo atraso. (Fonte: GettyImages / Reprodução)

Chega-se então à análise das avaliações de acordo com mudanças sutis na entrega. O que se constatou é que o efeito prejudicial do atraso da submissão variou entre os diferentes experimentos. A partir de um estudo feito com o pesquisador David Fang, da Stanford Graduate School of Business, Maglio pontuou que o cenário das avaliações variava em uma escala de −3 a +3 pontos. Um mesmo trabalho poderia receber uma classificação média de 0,53 quando era rotulado como enviado no prazo e 0,07 quando foi rotulado como um dia atrasado.

E para quem acha que ajuda avisar antecipadamente que vai atrasar, há uma notícia não muito boa: comunicar antes sobre isso não faz muita diferença na avaliação. O mesmo serve para os casos em que a pessoa tem já uma boa avaliação prévia, tendo sempre entregado tudo sempre no prazo: mesmo assim ela vai se dar mal.

Os pesquisadores notaram ainda que os resultados dos experimentos não variavam muito conforme as culturas. Em um teste realizado pelos pesquisadores, crianças em idade escolar no Leste Asiático foram convidadas a julgar as obras de arte umas das outras, e as submissões tardias tiveram uma classificação mais baixa. 

Por fim, há uma única ressalva: quando as pessoas dão explicações razoáveis sobre o motivo do atraso, alguns dos danos podem ser reparados. Ou seja, nada de tentar a velha desculpa de “o cachorro comeu meu trabalho”.

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