Estilo de vida
07/09/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 07/09/2024 às 06:00
Quem superou sintomas de baixa estima, insegurança, ansiedade e outros, por ser considerado um geek de videogame, procure o contato de seu psicólogo, pois velhos estereótipos que pareciam enterrados estão voltando à tona. E o que é pior: amparados por um estudo publicado recentemente no respeitado National Bureau of Economic Research, dos EUA.
No artigo, assinado por cinco pesquisadores, é utilizado um conceito chamado “atratividade física”, que não é muito bem explicado, para concluir que "descobrimos evidências que sustentam que existe uma relação causal em adultos: a atratividade reduz o tempo que eles jogam videogame, e não o contrário".
Para sustentar sua tese, os autores citaram alguns estudos paralelos — Hamermesh & Parker (2005), Mehic (2022) ou Babin et al. (2020) — que defendem a ideia de que a beleza tem influência positiva na avaliação de professores e alunos. Resumindo: esses autores propõem que, se forem mais bonitas, essas pessoas recebem melhores avaliações e melhores notas.
Para comprovar sua hipótese sobre a relação entre atratividade física e o tempo que as pessoas dedicam a jogos de vídeo/computador, a equipe afirma ter usado dados do American Add Health Study, um amplo estudo longitudinal realizado nos EUA, que examina a saúde e o bem-estar dos adolescentes, à medida que crescem e ingressam na vida adulta.
Com base nas informações coletadas, Andy Chug e seus colegas afirmam que "adultos mais bonitos têm mais amigos próximos". A justificativa é bem simples, talvez até simplória: como eles são "atraentes", jogar se torna mais "caro para eles", pois eles perderiam chances de interações sociais mais intensas e gratificantes.
Essa regra também se aplicaria aos adolescentes fisicamente atraentes, enquanto aqueles pouco atraentes, às vezes conhecidos como "feinhos", passam mais tempo jogando durante a semana do que seus homólogos mais bonitos. Os adultos atraentes também jogam pouco e, quando o fazem, "passam menos tempo jogando do que adultos menos atraentes".
Há duas principais conclusões no estudo. A primeira é que adolescentes, mas especialmente adultos atraentes "gastam menos tempo em videogames [...] porque eles têm mais amigos para socializar".
A segunda é que como feios não são feios no ciberespaço, essas pessoas hipossuficientes em atratividade optam pelos games porque assumem identidades virtuais que não refletem suas aparências físicas reais.
Embora os autores afirmem que a natureza longitudinal do Add Health Study traz "evidências de apoio de que essas relações são causais para adultos", é importante destacar que correlação não implica obrigatoriamente em causalidade. Da mesma forma, dizer que "feios jogam mais" pode ser um perigoso estereótipo, capaz de reforçar discursos preconceituosos.