Estilo de vida
06/10/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 06/10/2024 às 21:00
É comum na infância que as crianças fiquem seletivas em relação aos alimentos que consomem. O tal “não comi e não gostei” é um tormento para muitos pais que tentam fazer com que seus filhos aceitem ter comidas mais saudáveis no cardápio.
Esse fenômeno, chamado de “seletividade alimentar”, pode apontar a muito mais que uma frescura infantil. Um estudo feito com gêmeos mostrou que, se o seu filho é muito chato na hora de comer, a razão disso pode estar nos genes.
Quem viveu ao lado de uma criança “exigente” na hora de comer sabe que essa é uma situação que pode escalar para um grande tormento. Muitas vezes, os pais se culpam pensando que podem ter sido responsáveis por esse paladar infantil.
Mas um novo estudo sugere que a seletividade alimentar quase sempre é motivada pela genética. Essa foi a constatação de uma pesquisa realizada com gêmeos idênticos e não idênticos, e conduzida na Inglaterra e no País de Gales.
Os dados foram coletados em diversas fases das crianças, quando elas tinham 16 meses, 3 anos, 5 anos, 7 anos e 13 anos. Uma ferramenta chamada Child Eating Behavior Questionnaire, preenchida pelos pais, foi usada para medir tanto a "exigibilidade alimentar" quanto o medo de experimentar novos alimentos.
A opção por comparar os grupos de gêmeos foi uma tentativa de uma análise que se voltasse à influência da genética nas escolhas alimentares. Afinal, gêmeos costumam ter uma criação muito semelhante. Entretanto, enquanto gêmeos idênticos compartilham uma grande proporção de similaridade genética, isso não acontece com os gêmeos não idênticos.
Neste estudo, a equipe descobriu que gêmeos não idênticos eram muito menos semelhantes em sua alimentação exigente do que os gêmeos idênticos, sugerindo que sua genética desempenha um papel maior do que seus ambientes. Eles concluíram que, aos 16 meses, a genética é responsável por cerca de 60% das diferenças na alimentação.
O que os pesquisadores notaram é que os gostos das crianças eram influenciados por vários fatores, como os ambientais, o que envolvia a forma como elas eram criadas. “Fatores ambientais compartilhados, como sentar-se junto como uma família para fazer as refeições, podem ser significativos apenas na infância. Isso sugere que intervenções para ajudar as crianças a comer uma gama maior de alimentos, como expor repetidamente as crianças aos mesmos alimentos regularmente e oferecer uma variedade de frutas e vegetais, podem ser mais eficazes nos primeiros anos”, explicou Clare Llewellyn, uma das autoras do estudo.
Mas a principal constatação da pesquisa é que os pais devem se culpar menos pelos hábitos alimentares dos filhos, pois o excesso de seletividade pode não ter a ver com a educação ofertada por eles. “Esse comportamento não é resultado da criação dos filhos. Nosso estudo também mostra que a alimentação exigente não é necessariamente apenas uma 'fase', mas pode seguir uma trajetória persistente”, complementou Zeynep Nas.
Caso você esteja preocupado com a seletividade alimentar do seu filho, há uma boa notícia: seus hábitos atuais provavelmente não durarão para o resto da vida. “Os pais podem continuar a apoiar seus filhos para que comam uma grande variedade de alimentos durante a infância e a adolescência, mas colegas e amigos podem se tornar uma influência mais importante na dieta das crianças quando elas chegam à adolescência”, acrescenta Alison Fildes.
Aliás, é bem comum que os pequenos tenham algumas birras na hora de comer. Especialistas costumam indicar que forçar a criança a raspar o prato não é uma boa técnica. O mais recomendado é ser sempre paciente com ela e experimentar diferentes formas de preparar o mesmo alimento.