Artes/cultura
16/05/2013 às 05:41•2 min de leitura
De acordo com a Time, quase 20 anos depois de a ovelha Dolly ter sido clonada — e praticamente uma década após o falso anúncio de que o coreano Woo Hwang havia clonado 30 embriões humanos —, um grupo de pesquisadores finalmente conseguiu obter células embrionárias humanas a partir de uma célula adulta por meio do processo de transferência nuclear, ou seja, através de uma técnica que pode ser chamada de clonagem terapêutica.
O estudo foi conduzido pelo cientista russo Shoukhrat Mitalipov, que trabalha no ONPRC — ou Centro Nacional do Oregon para a Pesquisa sobre Primatas, nos EUA. Depois de conseguir obter células-tronco de macacos em 2007, os pesquisadores deram continuidade aos experimentos, modificando a técnica anterior para conseguir produzir essas mesmas estruturas a partir do material coletado de pacientes com órgãos e tecidos deteriorados.
Ovelha Dolly Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
A técnica de transferência nuclear se tornou famosa em todo o mundo depois da clonagem da ovelha Dolly e, de lá pra cá, cientistas de todo o planeta passaram a clonar diversos animais, como cães, camelos e vacas. Contudo, todas as tentativas de fazer o mesmo com células humanas resultaram em fracassos.
A equipe de Mitalipov, embora tenha conseguido realizar o que cientistas de todo o mundo vêm tentando há anos, não criou um clone humano. Eles aplicaram essa mesma técnica para produzir células-tronco embrionárias, utilizando para isso o óvulo de uma doadora saudável e a célula epitelial do paciente em tratamento. O processo envolve introduzir a célula epitelial no óvulo não fecundado, que tem o DNA previamente extraído de seu núcleo.
A novidade é que todo o procedimento ocorre em uma solução enriquecida com cafeína, que inibe a ação de algumas enzimas que agiam sobre o processo. Dessa forma, a equipe conseguiu evitar que a transferência nuclear fosse ativada de maneira prematura, que era o problema que os cientistas enfrentavam anteriormente e tornava inviável a obtenção de células-tronco embrionárias.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
As células-tronco resultantes são, então, cultivadas para que seja possível obter células específicas — como as musculares, as nervosas e as hepáticas — que poderão ser implantadas posteriormente nos pacientes. Segundo Mitalipov, essas células-tronco podem regenerar e substituir células danificadas, além de ajudar a melhorar doenças que afetam a milhões de pessoas.
Apesar de o resultado apresentado pelos pesquisadores do ONPRC ser incrivelmente promissor, ainda serão necessários vários testes para que a técnica seja aplicada com sucesso, pois, de momento, seu impacto clínico é um pouco limitado e é necessário demonstrar que essa terapia pode ser utilizada com segurança na medicina regenerativa.
No entanto, apesar de os cientistas do centro não terem conseguido clonar pessoas durante os experimentos, o estudo conduzido por Mitalipov torna real a possibilidade de que algum dia seja possível criar um clone humano. Afinal, se eles conseguiram obter um embrião, não seria nada do outro mundo implantar essa estrutura em um útero e esperar para ver o que acontece!