Ciência
19/06/2018 às 04:00•2 min de leitura
Nenhum ambiente de guerra é saudável, e as sequelas deixadas por esse tipo de confronto são sempre tristes e pavorosas. No caso da Segunda Guerra Mundial, quando as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram atingidas por bombas nucleares, o cenário visto foi de completa destruição e genocídio. Parecia impossível que alguém presente naquelas cidades fosse capaz de sobreviver.
Talvez esteja na hora você conhecer a história de um homem chamado Tsutomo Yamaguchi, que foi a única pessoa reconhecida pelo governo japonês como sobrevivente dos atentados que presenciou quando tinha apenas 29 anos.
Yamaguchi havia partido para uma viagem de negócios naquele fatídico dia 6 de agosto de 1945, quando a primeira bomba foi lançada. Naquela época, ele trabalhava como engenheiro na Mitsubishi e, quando ia tomar o trem para voltar à Nagasaki, percebeu que estava sem a passagem e voltou para o hotel no qual tinha se hospedado.
Fonte da imagem: Reprodução/TodayIFoundOut
Quando Yamaguchi voltava à estação, percebeu que dois pequenos paraquedas estavam caindo e, então, o cenário descrito por ele foi tomado por uma luminosidade que prejudicava a visão, um barulho ensurdecedor, muito vento e temperaturas superaltas. O engenheiro estava a apenas 3 km da explosão que marcou a História. Entre os efeitos imediatos, Yamaguchi citou a cegueira temporária, a ruptura de seus tímpanos e a queimadura da parte superior do corpo.
Apesar de tudo isso, ele conseguiu se orientar e procurar um lugar onde pudesse respirar com mais qualidade e receber os primeiros socorros. Ele se sentiu melhor e retornou ao trabalho apenas três dias depois do ocorrido. Já em Nagasaki, enquanto contava o fato aos chefes incrédulos, Yamaguchi presenciou a queda de outra bomba nuclear e, então, jogou-se embaixo de uma mesa imediatamente, já familiarizado com a situação. Ele chegou a declarar que pensava que a nuvem em formato de cogumelo havia o seguido.
As duas bombas explodiram nas regiões centrais de Hiroshima e Nagasaki, e ambas, curiosamente, explodiram a 3 km do local onde Yamaguchi se encontrava nos dois momentos. Em Nagasaki, o engenheiro teve melhores chances de fuga, já que a cidade contava com várias passagens fluviais, o que dificultava o alastramento do fogo.
Fonte da imagem: Reprodução/WHS
Yamaguchi afirmou que a segunda bomba levou mais tempo a causar os efeitos que ele sentiu quando estava em Hiroshima. O maior problema foi a alta radiação e a falta de medicamentos e materiais para o tratamento emergencial da população, já que muitos desses itens foram simplesmente queimados.
Apesar de toda essa exposição aos dois atentados, o engenheiro teve sequelas que considerou não muito sérias, levando em conta toda a carga radioativa à qual havia sido submetido: ele perdeu a audição do ouvido esquerdo e, por um tempo, ficou completamente sem cabelos e pelos no corpo todo, porém não sofreu grandes traumas psicológicos. Yamaguchi chegou, inclusive, a casar e ter filhos, que nasceram perfeitamente saudáveis.
Durante sua vida, o engenheiro registrou-se como sobrevivente da bomba que atingiu Nagasaki. De acordo com a sua filha, Yamaguchi não quis registrar que sobreviveu aos dois bombardeios em respeito às muitas vítimas dessa tragédia. Ele morreu de câncer no estômago, em 2010, aos 93 anos.
Se você gosta de estudar política e história de Guerras, há um livro intitulado "Hiroshima", escrito pelo jornalista John Hersey, que voltou à cidade um ano após o atentado e registrou, de maneira jornalística e também literária, as feridas deixadas nesse cenário pós-guerra.
*Publicado originalmente em 17/06/2013.
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