Estilo de vida
15/03/2013 às 11:23•2 min de leitura
Nos últimos dias fomos testemunhas do “pedido de demissão” de Bento XVI e da eleição do novo papa, Francisco. E é claro que todo mundo cansou de ouvir falar sobre o tal do conclave, ou seja, sobre as famosas reuniões secretas durante as quais um grupo de cardeais delibera e elege o novo pontífice.
No entanto, devido a esse caráter “secreto”, o conclave atrai muita curiosidade. Portanto, decidimos trazer para vocês alguns detalhes sobre esse evento histórico. O termo é proveniente do latim — cum (com) clavis (chave) —, e significa literalmente “com chave”, fazendo referência ao fato de as reuniões ocorrerem a portas fechadas. Além disso, o termo também está relacionado às condições de isolamento máximo com relação ao mundo exterior.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
O costume de fechar os cardeais “a chave” existe desde o II Conclave de Lyon, que ocorreu em 1274. Mas em 1996, João Paulo II modificou a Universi Dominici Gregis — a Constituição Apostólica — ligeiramente. Depois dessa alteração, os cardeais eleitores podem sair da Capela Sistina (local no qual há séculos ocorrem os conclaves) para se instalar na casa de Santa Ana, onde, apesar de ficarem mais confortáveis, continuam incomunicáveis.
Aliás, existe uma história bem curiosa relacionada à duração das reuniões. O conclave mais longo da História teve início em 1268, tendo duração de três anos. O papa — no caso, Gregório X — acabou sendo eleito, mas só depois de os habitantes de Viterbo, cidade próxima a Roma onde ocorreu o evento, restringirem as refeições dos cardeais a pão e água e destruírem o telhado do local onde eles se encontravam reunidos.
Depois disso, ficou estabelecido que após três dias de reuniões os cardeais receberiam apenas uma refeição por dia, e passados oito dias de conclave, a dieta consistiria em apenas pão, água e vinho. Hoje em dia, embora as refeições não possam ser consideradas como pratos gourmet, os cardeais não precisam temer, pois, independente do tempo que levem para eleger o novo pontífice, ninguém passa fome.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipédia
O último conclave — que teve início no dia 12 de março e foi finalizado no dia seguinte — reuniu 115 cardeais na Capela Sistina, todos com menos de 80 anos de idade até a data da renúncia de Bento XVI. Antes de iniciar oficialmente as reuniões, todos participaram de uma missa chamada “pro eligendo Romano Pontifice”, que foi celebrada na Basílica de São Pedro.
Uma vez dentro da Capela Sistina, todos os “Príncipes da Igreja” realizaram um juramento sob os belíssimos afrescos de Michelangelo, prometendo que nenhum detalhe do conclave seria revelado, sob pena de imediata excomunhão. Depois disso, os cardeais participaram de quatro votações diárias, que se repetiram até que um dos candidatos recebeu dois terços de todos os votos.
Fonte da imagem: Reprodução/The New York Times
Se o papa não tivesse sido eleito depois de três dias, os participantes teriam que parar no quarto dia para rezar. Aliás, a eleição do argentino surpreendeu todo mundo — de verdade —, já que um documento supersecreto do Vaticano que vazou na imprensa recentemente revelava que Bento XVI já estava trabalhando em sua sucessão, e o candidato italiano, Angelo Scola, era supostamente o eleito do Papa Emérito.
Aliás, entre os “papáveis” favoritos e que não foram eleitos — como o brasileiro Odilo Scherer, por exemplo —, existia mais um argentino, o Cardeal Leonardo Sandri, que era ainda mais cotado do que o próprio Jorge Mario Bergoglio. E você, leitor, o que achou da eleição?