Ciência
19/01/2018 às 04:01•4 min de leitura
John Ronald Reuel Tokien, ou simplesmente J. R. R. Tolkien, é o homem brilhante que criou o mundo fantástico por trás de obras como "O Senhor dos Anéis", "O Hobbit" e "O Silmarillion". Se você não leu os livros dele, você provavelmente já viu alguns dos filmes baseados no rico universo inventado por Tolkien décadas atrás.
Apesar de as suas obras serem extremamente populares, existem muitas pessoas que não conhecem alguns fatos curiosos sobre o Professor Tolkien, como é chamado até hoje pelos seus fãs.
O site Mental Floss reuniu algumas dessas características e nós trazemos esse breve apanhado para vocês também. Quão bem você conhece o criador da Terra-Média, Valinor e Arda no geral? Veja alguns fatos interessantes logo abaixo:
Tolkien foi um renomado linguista com especialidade em Inglês Antigo e Nórdico Antigo, sendo professor da Universidade de Oxford de 1925 até 1959. Ele foi reconhecido pela quantidade de aulas que ministrou na Universidade, sempre muito além do que o seu contrato demandava. Porém, o mais interessante é o jeito que as aulas de Tolkien possuíam.
Apesar de ser bastante quieto e tímido em público, nas salas Tolkien se transformava com aulas consideradas dinâmicas para a época. Relatos dizem que ele foi a festas em Oxford fantasiado de urso polar, perseguiu um vizinho vestido de guerreiro anglo-saxão com um machado, entre outras histórias. Um aluno dele comentou no passado: "Ele consegue transformar uma sala de aula em um salão de hidromel".
Tolkien foi professor primeiro e depois se tornou escritor, um processo lento e que levou muitos anos para estabelecer os mitos do universo criado por ele. Quando o material publicado fez sucesso, o professor ficou bastante feliz e surpreso, porém recusou várias propostas para adaptar os livros e seus escritos no início – principalmente porque ele achou que essas adaptações não capturavam o escopo épico e nobre das histórias. É no mínimo curioso imaginar o que Tolkien acharia dos filmes dirigidos por Peter Jackson hoje...
Escrever os livros da Terra-Média foi algo importante para Tolkien, porém não foi seu trabalho principal. O essencial para ele foi ser professor na Universidade de Oxford, sendo que dedicava bastante tempo com os estudos literários e traduções de obras antigas do inglês.
Aos 16 anos, Tolkien se apaixonou por Edith Bratt. Contudo, por Tolkien ser estudante e dever se focar primordialmente nos estudos, o Padre Francis (que era um tipo de tutor e pai para Tolkien) proibiu que os dois se encontrassem até o jovem atingir a maioridade e completar 21 anos. Ao atingir a idade, Tolkien se encontrou com Edith e os dois puderam se conhecer melhor. Ela terminou um noivado que ocorreu durante a separação dos dois e se converteu ao catolicismo para que os dois pudessem se casar. Eles ficaram juntos até o final de suas vidas e o túmulo de ambos é compartilhado, sendo que ele possui os nomes "Beren" e "Lúthien" gravados também – referência a uma das histórias românticas mais emocionantes e épicas já escritas por ele.
Tolkien e Lewis, autor de "As Crônicas de Nárnia", são frequentemente chamados de melhores amigos, e realmente todos os indícios apontam que os dois escritores compartilhavam muitas coisas em comum. Contudo, quando Lewis supostamente teve um comportamento considerado pouco cristão, como namorar uma mulher americana divorciada (algo bastante negativo na época), o relacionamento dos dois esfriou.
Tolkien lamentou a separação deles e, quando Lewis faleceu, o professor já idoso escreveu uma carta a sua filha com os seguintes dizeres: "Até o momento eu me sinto como uma árvore velha que está perdendo todas as suas folhas uma por uma, porém isso parece um golpe de machado nas raízes" – comentou, referindo-se à morte de Lewis.
J. R. R. Tolkien lutou na Primeira Guerra Mundial em uma das batalhas mais intensas e agressivas desse período, conhecida como Batalha de Somme. Muitas das privações que Frodo e Sam passaram no caminho até Mordor refletem um pouco dos horrores que Tolkien viveu nos confrontos reais nas trincheiras. Vários de seus amigos morreram na época ao seu lado, o que fez com que essas tragédias inspirassem algumas das coisas que vemos em "O Senhor dos Anéis", "O Hobbit" e "O Silmarillion".
Como Tolkien foi um filólogo e estudou as mais variadas línguas e seus efeitos culturais, ele manteve seu cérebro exercitado ao desenvolver suas próprias línguas que utilizou nas obras (como os idiomas élficos que possuem suas próprias vertentes, o Quenya e o Sindarin). Inclusive, Tolkien escreveu poemas e músicas nessas línguas fictícias, como modo de agregar aspectos culturais a elas.
Se você escrever algum livro ficará feliz ao publicá-lo enquanto estiver vivo, porém no caso de Tolkien muitos livros foram lançados depois que ele faleceu. Apesar de obras como "O Senhor dos Anéis" e "O Hobbit" terem chego às prateleiras enquanto ele estava vivo, muito mais livros foram editados com base nas extensas anotações que o professor fez sobre o universo de Arda, Valinor e a Terra-Média e publicados posteriormente.
O seu filho, Christopher Tolkien, foi o responsável por reunir essas anotações e editá-las em formato de livros que complementam o mundo criado pelo seu pai. "A História da Terra-Média", "Contos Inacabados", "Os Filhos de Húrin" e "O Silmarillion" são alguns desses exemplos.
Os trabalhos de Tolkien na reconstrução do Nórdico Antigo e das lendas germânicas eram extremamente populares entre os nazistas, que tentavam recuperar parte da cultura anciã germânica durante o período de Hitler. Entretanto, o professor disse publicamente ter aversão aos nazistas e à Hitler, inclusive considerando proibir a tradução de "O Hobbit" para o alemão depois que o editor pediu para ele certificar que era um "homem ariano".
Em uma carta que Tolkien escreveu ao seu filho, ele comentou: "Eu tenho nessa Segunda Guerra um rancor que provavelmente me faria um melhor soldado aos 49 anos do que fui aos 22. Aquele pequeno ignorante Adolf Hitler... Arruinando, pervertendo, aplicando de modo errado o nobre espírito do norte, uma contribuição suprema para a Europa que eu sempre amei e tentei apresentar na sua verdadeira luz".
Onde quer que fosse, Tolkien sempre participou e fundou os mais variados clubes de estudo, que normalmente se enchiam após as aulas. Quando foi professor da Universidade de Leeds, ele criou o Viking Club. Já no seu período em Oxford, ele fundou os Inklings, um grupo focado na discussão literária.
*Publicado em 31/10/2014