Artes/cultura
24/10/2020 às 06:00•3 min de leitura
Quando Derek e Maria Broaddus compraram uma casa no endereço 657 Boulevard, na pacata cidade de Westfield, nos Estados Unidos, acreditaram que estavam mudando para o lar de seus sonhos, um lugar ideal para seus três filhos. Infelizmente, a situação logo virou um pesadelo, quando a família começou a receber cartas perturbadoras assinadas pelo “Vigia”.
A primeira correspondência chegou em uma noite de junho. Derek havia acabado de pintar as paredes de sua nova residência e foi verificar a caixa de correio, apenas para encontrar um envelope endereçado ao “novo proprietário”.
As primeiras linhas continham palavras calorosas, dando boas-vindas à família, mas logo passou para sentenças bizarras e assustadoras que descreviam como o autor estava vigiando o local por décadas, e que aparentemente o pai e o avô também haviam feito o mesmo no passado.
“Você conhece a história da casa? Você sabe o que está dentro dessas paredes? Por que vocês estão aqui? Eu vou descobrir”, dizia a carta. Além disso, o Vigia também quis saber o nome das crianças, afirmando que assim seria mais fácil atraí-las.
Perturbado pelo conteúdo sombrio, o pai de família entrou em contato com a polícia local, que recomendou a ele tirar qualquer equipamento de construção do lado de fora caso o responsável pela ameaça decidisse jogá-los pela janela. O outro conselho consistiu em não dizer nada para os vizinhos, pois todos eram suspeitos naquele momento.
O casal decidiu entrar em contato com os Woods, que haviam vendido a casa para eles, só para descobrir que Andrea Woods já tinha recebido uma nota desse tipo antes, mas considerou uma brincadeira de mau gosto e a jogou fora. Aparentemente, a mulher morou com o marido na casa por 23 anos, e só ouviu falar do tal Vigia esta única vez.
A segunda carta surgiu duas semanas após a primeira, mas desta vez já cotinha o nome da família no campo de destinatário, e listava as três crianças Broaddus por data de nascimento e apelido. O mais aterrorizante para o casal é que o documento também mencionava um cavalete que uma das crianças havia montado em uma varanda que só poderia ser vista dentro da propriedade e perguntava se a garota em questão era a artista da família.
Extremamente em pânico e nervosos, Derek e Maria suspenderam as reformas e pararam de levar seus filhos para a casa, apenas para receber uma terceira correspondência algumas semanas depois com os dizeres “Para onde vocês foram? A 657 Boulevard está sentindo sua falta”.
O detetive Leonard Lugo, do departamento de polícia de Westfield, foi responsável pela investigação por um tempo, chegando a suspeitar que Michael Langford, um dos vizinhos do casal e diagnosticado com esquizofrenia, estava por trás das ameaças.
Entretanto, o DNA encontrado em um dos envelopes indicava que a responsável era uma mulher, e a amostra não batia com ninguém da família de Michael.
Desesperados por uma resolução, os Broaddus chegaram a entrar em contato com o FBI, uma empresa de segurança chamada Kroll e até mesmo com um linguista forense, mas ninguém foi capaz de encontrar as respostas que eles tanto precisavam.
“No final do dia, tudo se resumiu ao que estávamos dispostos a arriscar. E não íamos colocar nossos filhos em perigo”, explicou Maria sobre a decisão de vender a casa depois de seis meses desde a primeira carta.
Infelizmente, todos os compradores em potencial sumiam ao descobrirem sobre o Vigia, e aos poucos a comunidade começou a se perguntar se a própria família não estava escrevendo as ameaças como uma forma de saírem de uma casa que não podiam pagar, o que Derek nega veementemente até hoje.
Sem saber mais o que fazer, e sem conseguir vender, o casal decidiu demolir a residência e construir algo novo no local, apenas para receber mais uma correspondência sombria prometendo vingança caso os planos fossem em frente.
“Talvez um acidente de carro. Talvez um incêndio. Talvez algo tão simples como uma doença leve que nunca parece passar, mas faz você se sentir mal dia após dia. Talvez a misteriosa morte de um animal de estimação. Entes queridos morrem de repente. Aviões, carros e bicicletas podem dar problema. Os ossos quebram”, dizia o Vigia no documento.
No final, a família finalmente conseguiu vender a casa em 2019, com um prejuízo de US$ 440 mil (mais de R$ 2 milhões). Mas mesmo em momentos sombrios, algo de bom pode surgir, e no caso dos Broaddus, além da paz de espírito de não sofrerem mais ameaças, também teve a compra dos direitos de sua história pela Netflix, para uma adaptação deste conto real e assustador.