Ciência
07/12/2020 às 06:00•2 min de leitura
Pesquisadores da Universidade do Sul da Dinamarca conseguiram identificar novos detalhes sobre o trágico fim do inuíte Jørgen Brønlund e sua equipe, que realizaram uma expedição para a costa sudeste da Groenlândia em 1906. O estudo, que contou com novas análises no diário de viagem do explorador, revelou mais informações sobre uma mancha negra encontrada entre as páginas, indicando como se passaram as últimas desesperadoras horas do homem.
No início do século XX, uma equipe liderada pelo etnólogo dinamarquês Ludvig Mylius-Erichsen e integrada por Jørgen Brønlund e pelo cartógrafo Niels Peter Høeg Hagen saiu da Dinamarca para a costa da Groenlândia. Pouco tempo após a partida, a morte de cada um dos membros foi confirmada, ocorrendo enquanto tentavam retornar ao acampamento.
Em março de 1908, outra expedição se dirigiu ao destino de Jørgen e, ao encontrar seu corpo, enterraram-no onde havia morrido. Porém, um diário pessoal pertencente ao inuíte, no qual todos seus passos eram registrados, logo revelaria como se passaram os últimos momentos do trio e tudo que os levou ao beco sem saída. Segundo os textos, Mylius-Erichsen e Niels Peter Høeg Hagen haviam morrido de exaustão, enquanto o autor faleceu isolado em uma caverna.
Abaixo da assinatura de Brønlund, uma densa mancha negra estava incrustada, e apenas através de um estudo recente, que contou com técnicas de espectrometria de massa de plasma, fluorescência de raios-X e outros métodos, foi possível identificar as substâncias que compunham o material.
As análises acabaram confirmando a presença de cálcio, titânio e zinco, os principais componentes minerais utilizados na produção de borracha natural. Além disso, rastros de traços de gordura e derivados de petróleo permitiram que os cientistas concluíssem que o explorador morreu enquanto tentava acender o fogo.
“Naquela época, Brønlund passou semanas com fome, estava cansado além de sua capacidade e estava congelando”, escreveram os cientistas. “É provável que suas mãos tremessem quando ele usou os fósforos do depósito para pré-aquecer e acender o fogo na pequena caverna”.
Aparentemente, o explorador deixou a marca negra em seu diário para que fosse posteriormente encontrada e pudesse contar um pouco sobre a trágica jornada às terras polares, dando fim a um mistério que persistiu por décadas.