Ciência
09/02/2017 às 05:00•3 min de leitura
Quem nunca foi completamente surpreendido por aquela revelação inesperada ou reviravolta executada com maestria em um bom filme ou livro de mistério? Seja lá qual for seu meio favorito de entretenimento, na ficção não faltam exemplos de acontecimentos que parecem abrir um alçapão sob os nossos pés e virar de cabeça para baixo tudo o que achávamos saber sobre um enredo. E, como costumam dizer, a vida muitas vezes imita a arte.
De tempos em tempos, os mistérios da vida real sofrem viradas tão friamente calculadas e absurdas que parecem até ter saído diretamente de um dos livros de Dan Brown. A seguir, você pode conferir alguns casos cheios de elementos obscuros que acabaram sendo solucionados sob circunstâncias tão insanas e inesperadas que parecem até fruto da imaginação de algum escritor.
Em 26 de novembro de 2010, a italiana de 13 anos de idade Yara Gambirasio desapareceu enquanto voltava para sua casa, o que deu início a buscas por parte das autoridades. Três meses depois, o corpo da garota foi encontrado com diversos ferimentos de perfuração. Embora a jovem não apresentasse sinais de estupro, os policiais descobriram traços do DNA do bandido em seu sutiã e começaram uma caçada que foi acompanhada por toda a Itália.
Mais de 15 mil testes genéticos foram realizados na região e levaram as autoridades até um homem chamado Damiano Guerinoni, que não era o culpado, mas tinha um DNA bastante semelhante ao do criminoso. Fazendo buscas que envolveram a árvore genealógica do rapaz, os policiais descobriram que o seu falecido avô, Giuseppe Guerinoni, era pai do assassino procurado ainda não identificado.
Para isso, eles coletaram materiais em selos que o ancestral do culpado havia lambido quando ainda estava vivo. Como o DNA de seus descendentes legítimos não batia com o do criminoso, os investigadores deduziram que o suspeito era um filho bastardo de Giuseppe. Os detetives então passaram a investigar quem era a mãe do assassino e, interrogando seus antigos colegas de trabalho, descobriram que ele tivera um caso com uma mulher chamada Ester Arzuffi.
A relação extraconjugal tinha dado origem a um casal de gêmeos, entre os quais estava Massimo Giuseppe Bossetti. A polícia então montou uma falsa blitz de bafômetro em um trajeto comumente utilizado pelo suspeito para coletar seu material genético, que acabou se mostrando uma combinação perfeita com o encontrado no sutiã de Yara. Mais de três anos depois do desaparecimento da jovem, o culpado finalmente foi capturado.
Quando a senhora de 70 anos Blanche Kimball sumiu por vários dias em 1976, seus vizinhos resolveram chamar a polícia para olhar dentro de sua casa em Augusta, no estado norte-americano do Maine, e se depararam com uma cena brutal. A idosa havia morrido no chão de sua cozinha após ser esfaqueada múltiplas vezes.
O principal suspeito era um sem-teto de 27 anos chamado Gary Robert Wilson, que havia morado por algum tempo na casa de Kimball antes do assassinato. Pouco tempo depois, o homem foi pego tentando invadir uma residência em outra vizinhança, mas fugiu da cidade e desapareceu, levando o caso a ser arquivado por falta de mais evidências ou possíveis culpados.
Cerca de 36 anos depois, em 2010, um morador de rua chamado Gary Raub se envolveu em uma briga com um homem na cidade de Seattle e acabou cortando a barriga do seu alvo. O caso acabou arquivado quando a vítima não prestou queixas e não pode mais ser localizada, mas a faca do sem-teto surpreendentemente acabou revelando traços de DNA do sangue encontrado na cena do assassinato de Blanche Kimball.
Para conseguir uma amostra de material genético diretamente do homem, a polícia de Seattle o abordou nas ruas da cidade sob um disfarce peculiar, dizendo que gostariam que ele participasse de uma pesquisa de opinião sobre uma nova goma de mascar. Os testes subsequentes revelaram que Raub na verdade era Gary Robert Wilson e o ligaram à morte da idosa, levando-o definitivamente para a cadeia.
Maria Ridulph era uma garotinha de sete anos que estava brincando com uma amiguinha perto de casa, no estado norte-americano de Illinois, quando foram abordadas por um jovem homem que afirmou se chamar Johnny. Naquele dia, 3 de dezembro de 1957, a colega de Maria foi até sua casa buscar suas luvas e, quando voltou, descobriu que os outros dois haviam sumido.
O esqueleto da garotinha foi encontrado somente em 26 de abril do ano seguinte, em um campo a mais de 160 km de distância, mas não havia evidências que apontassem para o culpado. O principal suspeito era um vizinho de 17 anos chamado John Tessier, que era fisicamente parecido com o rapaz visto pela amiga de Maria, mas tinha um álibi perfeito: ele havia viajado até outra cidade para se alistar na aeronáutica no dia em que a garota sumiu.
Cerca de 54 anos depois, em 1994, a mãe de Tessier morreu e, em seu leito de morte, supostamente confessou para as irmãs do rapaz que ele teria sido realmente responsável pelo caso. Como uma delas havia sofrido abusos sexuais por parte de John na sua infância, ela convenceu a polícia a reabrir o caso – nessa mesma época, o suspeito havia mudado seu nome para Jack McCullough.
Embora o álibi dele ainda parecesse perfeito, as investigações chegaram a uma evidência cujo aparecimento parece explicado por pura sorte. Quando uma das ex-namoradas de McCullough enviou uma foto emoldurada dos dois para os investigadores, eles acabaram encontrando escondida na moldura a passagem de trem que ele teria usado na noite do desaparecimento de Maria.
Como o papel não tinha sido carimbado, a evidência acabou provando que John Tessier na verdade não chegou a embarcar no transporte para o outro município naquele dia. Juntado a informação ao testemunho da amiga de Maria, o já idoso culpado acabou sentenciado à prisão perpétua.