Ciência
29/09/2024 às 21:00•3 min de leituraAtualizado em 29/09/2024 às 21:00
Em 1932, um crime ocorrido em Nova Jersey, próximo a Nova York, chocou os Estados Unidos. Um bebê de apenas um ano e oito meses, filho do famoso aviador Charles Lindbergh, foi sequestrado dentro de sua casa.
Dez semanas depois, a criança foi encontrada morta, gerando um desfecho trágico e misterioso em uma história que foi muito explorada pelos jornais da época.
O bebê Charles Augustus Lindbergh Jr. foi sequestrado por volta das 21 horas do dia 1º de março de 1932, enquanto estava no berçário localizado no segundo andar da casa da família. Os pais só se deram conta de sua ausência às 22 horas, quando a babá relatou o sumiço.
Em seguida, uma busca feita pela casa levou a um bilhete que estava no parapeito da janela, exigindo um resgate de US$ 50 mil para a libertação do bebê. A polícia local foi comunicada e assumiu o comando das investigações.
Nos dias seguintes, foram encontradas algumas pistas. Descobriu-se então que duas partes da escada foram usadas para que o sequestrador alcançasse a janela. Porém, nada foi encontrado ao redor do berço.
Os pais entraram em ação fazendo apelos públicos aos sequestradores, o que não deu qualquer resultado. Até que, no dia 6 de março, o coronel Lindbergh encontrou uma nova nota de resgate, aumentando o pedido para US$ 70 mil. Dois dias depois, uma terceira nota chegaria informando que um intermediário nomeado pelos Lindberghs não seria aceito e solicitando uma nota em um jornal.
O caso culminaria até uma sexta nota de resgate com instruções para que família enviasse um representante até um homem em um cemitério para fechar a negociação do dinheiro. O sujeito não identificado concordou em fornecer ao intermediário uma prova da identidade da criança, e um traje de dormir foi entregue ao coronel Lindbergh.
Mas o caso não pararia por aí. As notas vindas dos sequestradores continuariam sendo encontradas, trazendo novas mensagens e instruções. A quantia de US$ 50 mil foi então entregue ao estranho do cemitério em troca de informações sobre onde a criança estaria. A próxima nota informou que o bebê estaria em um barco chamado "Nellie" perto de Martha's Vineyard, Massachusetts.
Por fim, no dia 12 de maio de 1932, o corpo do bebê foi encontrado por acaso. Ele estava parcialmente enterrado e em terrível estado de decomposição, em local relativamente próximo à casa dos Lindbergh. Sua cabecinha estava esmagada, com um buraco no crânio, e faltavam alguns membros. O exame do legista determinou que a criança estava morta há cerca de dois meses. A causa seria uma pancada na cabeça.
O FBI entrou na investigação no intuito de entender o que havia acontecido com o pobre bebê Lindbergh. Em seguida, a Polícia Estadual de Nova Jersey anunciou a oferta de uma grande recompensa para quem desse pistas que resultassem na prisão dos sequestradores.
Foi aí que coisas estranhas começaram a acontecer. Violet Sharpe, uma funcionária da casa da avó do bebê cometeu suicídio bebendo veneno. E um vigarista chamado Gaston B. Means afirmou que havia sido abordado pelos sequestradores para participar do crime. Ele acabou recebendo US$ 100 mil, que depois precisou devolver ao FBI quando foi preso por fraude.
Foram literalmente milhares de pistas que não davam em lugar algum, em um trabalho que durou 30 meses. Foi descoberto enfim um certificado do dinheiro de resgate em um caixa de banco ligada a um posto de gasolina. O recibo pertencia ao carro de um carpinteiro chamado Richard Hauptmann, que tinha ficha criminal na Alemanha.
Uma busca em sua casa levantou US$ 14 mil do dinheiro de resgate, junto com um revólver. Hauptmann então foi preso em flagrante e espancado pela polícia, embora tenha dito que o valor era de um amigo que morreu pouco tempo antes. Mas outras pistas foram achadas, ligando o carpinteiro ao crime.
Hauptmann acabou sendo indiciado por extorquir US$ 50 mil de resgate a Charles Lindbergh, e pelo assassinato do pequeno Charles Augustus Lindbergh Jr. O caso deu espaço a um dos maiores julgamentos de todos os tempos, reunindo centenas de jornalistas. Sentenciado à morte, ele foi eletrocutado em 3 de abril de 1936.