Será que é normal odiar alguém que já amamos um dia?

27/02/2018 às 05:002 min de leitura

Muitas pessoas dizem que amor e ódio são dois lados da mesma moeda, e pode até ser isso mesmo, mas por que será que muitos relacionamentos amorosos acabam se transformando em raiva? O que será que faz com que o nosso cérebro caia de amores por uma pessoa e, depois de um tempo, passe a nos fazer sentir uma verdadeira repulsa por ela?

Deixando discussões filosóficas, morais e sentimentais de lado, hoje vamos tratar do assunto pelo viés da Neurociência, que costuma nos dar respostas fundamentadas em diversas pesquisas sobre o funcionamento do nosso órgão pensante e cheio de curvas.

Um estudo publicado recentemente analisou justamente pessoas que sentem muito ódio por indivíduos específicos. Sem surpresa, os objetos de ódio escolhidos pelos participantes foram justamente seus ex – alguns escolheram colegas de trabalho e poucos escolheram figuras políticas.

Pesquisa

tapa na cara

Ao decidir quem mais odiavam, essas pessoas tiveram suas atividades cerebrais monitoradas enquanto observavam fotos desses indivíduos que tanto detestam. Para comparação, os participantes do estudo viam também imagens de pessoas que consideram neutras.

No fim das contas, o que se descobriu foi que o circuito cerebral do ódio reúne duas estruturas cerebrais chamadas de putâmen e ínsula. A primeira é conhecida por nos fazer ter sentimentos de desprezo e desgosto; e a segunda está ligada às nossas respostas a estímulos angustiantes.

Até aí, nada muito surpreendente, não é mesmo? Mas, segundo o neurobiólogo e pesquisador Semir Zeki, a rede que envolve o trabalho dessas duas regiões é quase idêntica à rede que nosso cérebro cria quando estamos apaixonados por alguém. Ou seja: tem caroço nesse angu.

Dois lados

gatos brigando

“O ódio é muitas vezes considerado uma paixão doentia”, explicou Zeki, nos mostrando que até mesmo as estruturas do nosso cérebro consideram amor e ódio lados da mesma moeda. Ainda que sejam sentimentos antônimos, fisiologicamente falando eles estão superligados um ao outro.

É claro que não se pode dizer que são sentimentos parecidos, mas quer dizer, basicamente, que olhar as fuças de alguém que você odeia faz com que uma pequena parte do seu córtex cerebral (região ligada ao raciocínio e ao julgamento) seja desligada. Na contrapartida, quando você vê a foto do seu mozão, grandes partes dessa mesma região deixam de ser ativadas.

Essa história de ligar e desligar conexões cerebrais na verdade quer dizer que quando você está totalmente apaixonado, sua capacidade de exercer a lógica e um bom julgamento é alterada, mas quando você está querendo que aquela pessoa que você odeia entre em combustão espontânea, sua capacidade de fazer julgamentos fica mais afiada.

Ódio é normal, então?

briga de casal

Para Zeki, é por isso que pessoas apaixonadas relevam todos os defeitos do ser amado e só enxergam seus pontos positivos enquanto que, com relação às pessoas que odeiam, são extremamente cautelosas na hora de julgar e de encontrar motivos para fundamentar seu ódio. Diz aí: seres humanos são ou não são incríveis e relativamente patéticos ao mesmo tempo?

Basicamente, o que isso tudo quer dizer é que é normal, sim, sentir ódio daquele ser humano que você já amou muito um dia. Isso não significa, no entanto, que você deve alimentar esse ódio – na verdade, quanto menos você pensar naquele seu ex insuportável, melhor para você e para a sua saúde mental.

Quando a fúria vier com tudo, recorra a meios de aliviar as tensões: vale ver um bom filme, sair dar uma volta, tomar um sorvete, assistir um vídeo engraçado e deixar que o sentimento passe. O ódio não é o problema, o problema é o que você pode fazer com ele.

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