Ciência
05/11/2019 às 06:00•2 min de leitura
Um homem de 43 anos passou 30 deles tendo sintomas que evoluíram progressivamente até chegar a um estado no qual ele teve que ser submetido a uma cirurgia de emergência. E por que? Ele estava com um escroto maciço e inchado que já ultrapassava o nível dos joelhos e começou a apodrecer. Ou seja, não havia outra alternativa para os médicos a não ser o procedimento cirúrgico.
A chegada ao hospital foi dramática: além do inchaço extenso e pele espessa no escroto e na parte superior da perna, ele estava com febre de mais de 39 °C e batimentos cardíacos acelerados. Além disso, ele tinha duas feridas abertas no escroto e imagens adicionais feitas pelos médicos revelaram que havia uma grande hérnia em parte do cólon, um enorme abscesso, danos significativos nos tecidos e acúmulo de líquidos.
Os impactos com gangrena e sepse eram tantos que os médicos rapidamente o levaram para a sala de cirurgia. Os médicos patologistas encontraram uma extensa inflamação ao examinar o tecido do escroto e, além disso, detectaram a dissolução de parte da pele.
Sem sucesso no tratamento com antibióticos intravenosos, com as feridas cirúrgicas sem evoluir no tratamento e com infecção dolorosa que persistia no paciente, os médicos optaram pela remoção do testículo e do escroto do lado esquerdo. A cirurgia também reparou a hérnia com uma malha biológica. Além disso, os médicos realizaram cirurgias plásticas para reparar o períneo e o pênis que haviam sido danificados pela massa que cresceu durante 30 anos.
Após quatro semanas de internação, o próprio paciente afirmou que a recuperação estética e funcional estava indo bem.
Os exames de sangue não foram totalmente conclusivos quanto aos motivos que causaram esse estado extremo que levou o paciente para a cirurgia às pressas, mas os médicos suspeitam de que tudo tenha iniciado com uma filariose linfática não tratada. A filariose linfática é uma doença parasitária transmitida por picadas de mosquitos.
A partir da picada, vermes se reproduzem no corpo e passam a residir no sistema linfático, causando inflamação. Apesar de comumente não ter sintomas, alguns pacientes podem desenvolver linfedema – inchaço do tecido –, elefantíase – espessamento da pele e do tecido – e hidrocele – inchaço escrotal. Sem tratamento, essa disfunção linfática pode facilitar infecções bacterianas.
O homem disse ao chegar ao hospital que utilizava um andador para se locomover e era ajudado pela mãe nas tarefas diárias.
O caso raro foi publicado na revista Urology Case Reports e a conclusão dos médicos liderados por Katherine Dowd é de que o caso precisou de intervenção emergente e abordagem multidisciplinar para tratamento agudo. “O paciente foi poupado do tratamento prolongado da ferida, trocas dolorosas de curativos, sem sacrificar os resultados estéticos e funcionais”, ressaltou.
A estimativa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças é de que mais de 120 milhões de pessoas em 72 países distintos da Ásia, África, Pacífico Ocidental, Caribe e América do Sul sofram com a doença.