Ciência
30/11/2021 às 08:56•3 min de leitura
Em quase 2 anos de pandemia, já deu para aprender boa parte do alfabeto grego: depois das variantes alfa, beta, gama, delta (e por aí vai...), chegamos na ômicron. É a 15ª letra dele — mas falamos mais sobre isso à frente. O objetivo deste texto é reunir o que já sabemos sobre essa novíssima variante do coronavírus.
Eu, na verdade, estou só este meme: não me importando mais.
"E-ela tá sorrindo?!" (Fonte: 9GAG/Reprodução)
Deixando as brincadeiras de lado, vamos às informações.
Para entender o que é a variante ômicron da covid-19, é importante lembrar que os vírus sofrem mutações o tempo todo, conforme circulam. O Sars-CoV-2 já passou por milhares delas, desde que surgiu na China no fim de 2019. A questão é que a maioria delas não importa muito para nós: o vírus continua se espalhando da mesma forma e causando o mesmo estrago.
À medida que são detectadas, essas variações vão recebendo códigos. Mas quando uma série de mutações cria uma versão realmente "diferenciada" do vírus, mais forte e transmissível que as outras, as autoridades de saúde se preocupam e dão um nome específico para ela. Foi assim que alfa, beta, gama e delta surgiram.
A mais recente, a variante B 1.1.5.2.9 do vírus Sars-CoV-2, foi detectada no final de novembro no sul do continente africano. Cientistas da África do Sul e de Botsuana sequenciaram os genes do novo monstrinho e identificaram cerca de 50 mutações, sendo mais de 30 só na proteína spike — a que o vírus usa para invadir nossas células.
Então, o alerta geral começou a soar no mundo todo e a Organização Mundial da Saúde (OMS) batizou a B 1.1.5.2.9 com a 15ª letra do alfabeto grego — ômicron.
Para responder a essa pergunta, podemos usar outro meme:
(Fonte: Meme Generator)
A verdade é que os cientistas ainda estão começando a estudar a nova variante e não dá para ter certeza de nada sobre ela. A OMS classificou a ômicron como "risco global muito alto", mas respostas mais definitivas só virão nos próximos dias ou semanas.
A princípio, sabe-se que ela surgiu em países da região sul do continente africano — África do Sul e Botsuana, principalmente —, mas já foi detectada em alguns países da Europa, além de Austrália e Hong Kong.
Isso levou diversos países a restringirem voos vindos do sul África — além dos dois países citados, o Brasil não está aceitando passageiros de Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. Porém, uma pessoa que desembarcou da África do Sul em Guarulhos já pode ter trazido a ômicron consigo.
Parece que a nova variante é mais transmissível, pois coincide com um novo pico de casos na África do Sul em novembro — um pico bem menor do que nas variantes beta e delta, porém preocupante mesmo assim. Contudo, essa "nova onda" pode ter relação com outros fatores, então não dá para bater o martelo e dizer que a ômicron é ou não é mais transmissível.
Também não dá para confirmar se seus sintomas são mais leves. Uma médica sul-africana que tratou de pacientes infectados pela ômicron disse que eles sentiram mais cansaço e dores no corpo, mas sem tanta tosse ou dor de garganta, tampouco perda de olfato ou paladar. Também há poucas internações. Mas ela também observa que esses casos foram detectados em pessoas jovens — que podem não ter sofrido tanto por esse motivo.
Uma das únicas certezas é que a variante ômicron tem mais de 50 mutações, com mais de 30 na proteína spike. Desse modo, é sensato acreditar que o vírus terá mais facilidade para entrar nas células. Além disso, é essa proteína spike que algumas vacinas usam para detectar o vírus e atacá-lo. Então, isso quer dizer que elas perderam a eficácia?
As vacinas continuam funcionando, mesmo contra a variante ômicron. Elas até podem perder um pouco da eficácia, mas é bem difícil que essa mutação consiga driblar totalmente os anticorpos. Na verdade, essas novas variantes estão surgindo justamente porque muita gente ainda não se vacinou e o vírus continua circulando.
(Fonte: Shutterstock)
A Moderna já afirmou que consegue entregar uma vacina "atualizada" para a ômicron no início de 2022, pois não serão necessárias tantas modificações. Já a CoronaVac, que usa o vírus inteiro na fórmula, pode ser mais eficaz para detectar as novas variantes. Além disso, novos remédios para sintomas da covid-19, em fase avançada de desenvolvimento, podem dar uma ajuda extra na luta contra novas variantes. Em resumo, há motivos para preocupação, mas não para pânico.
É provável que a covid-19 se torne como a gripe hoje: uma doença incômoda, que precisa de cuidados, mas com a qual convivemos normalmente. As vacinas da gripe sempre são atualizadas, e as da covid-19 provavelmente precisarão ser.
Para finalizar, a variante ômicron usa a 15ª letra do alfabeto grego, pulando duas letras depois da lambda — a última detectada, porém menos dominante que a delta. Por que isso? Veja bem: as duas letras "ignoradas" foram Nu e Xi. A primeira é parecida demais com "new" em inglês (e nu, em português mesmo), e a segunda é um sobrenome comum em países asiáticos — tem o Xi Jinping, presidente da China, por exemplo. Melhor evitar, né?