Ciência
18/12/2023 às 04:30•2 min de leitura
Durante séculos, a busca pela "fonte da juventude" intrigou a humanidade. Recentemente, cientistas da Universidade de Bolonha mergulharam no intrigante reino dos moluscos bivalves, incluindo amêijoas, mexilhões, ostras e vieiras, para desvendar os mistérios da longevidade. Em um estudo publicado na revista Genome Biology and Evolution, os pesquisadores revelaram uma rede de genes que evoluem de maneira única em bivalves de vida longa, oferecendo visões valiosas sobre os mecanismos genéticos subjacentes ao envelhecimento e à prolongação da expectativa de vida.
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
Moluscos bivalves são uma classe de animais marinhos ou de água doce caracterizados por conchas em duas partes. Eles desafiam as expectativas ao apresentarem uma notável diversidade em suas expectativas de vida, que variam desde um único ano até surpreendentes 500 anos. Essa ampla gama torna-os um grupo excepcional para a exploração dos mistérios por trás da longevidade, desafiando a visão tradicional de que apenas animais de grande porte podem desfrutar de séculos de existência.
Arctica islandica. (Fonte: Getty Images / Reprodução)
Ao mergulharem no intricado mundo genético dos bivalves, a equipe de pesquisa direcionou seus esforços para quatro espécies notáveis, com destaque para a Arctica islandica, cujo recorde de 507 anos a torna uma protagonista nesse estudo. A análise minuciosa de seus genomas permitiu que os cientistas identificassem uma rede de genes associados à longevidade, muitos dos quais já eram conhecidos por seu papel fundamental em outros animais.
As pesquisas revelaram uma intrincada rede de genes que evoluem de maneira distinta nos bivalves de vida longa em comparação com os de vida mais curta. Padrões convergentes de evolução foram observados em genes relacionados à resposta a danos no DNA, regulação da morte celular e vias apoptóticas. Essa convergência aponta para uma fascinante estrutura molecular compartilhada, sugerindo que a longevidade prolongada é uma característica intrínseca a diversas linhagens animais.
Para além dos genes já conhecidos, a pesquisa destacou a presença de proteínas cujos papéis na longevidade ainda carecem de confirmação. Notavelmente, genes relacionados à proteostase, indicando a gestão eficiente de proteínas danificadas, emergiram como protagonistas.
Essas descobertas não apenas ampliam nosso entendimento sobre os impulsionadores da longevidade em bivalves, mas também abrem as portas para investigações adicionais sobre o aumento da expectativa de vida em diversas espécies.
Embora o entendimento completo dos mecanismos que prolongam a vida útil permaneça desafiador, os bivalves oferecem uma perspectiva única sobre o envelhecimento. A ciência, historicamente centrada em humanos e modelos animais convencionais, agora se volta para organismos não-modelo de vida longa.
Os pesquisadores da Universidade de Bolonha estão entusiasmados com as possibilidades futuras, destacando a importância de explorar o mundo natural ao nosso redor para compreender melhor a biologia humana e desvendar os segredos da longevidade.