Descoberta do campo ambipolar, previsto por pesquisadores há mais de 60 anos, revela novas possibilidades para o estudo da evolução da atmosfera terrestre.

Após mais de 60 anos de especulação, cientistas conseguiram detectar e medir um campo de energia invisível e fraco ao redor do planeta Terra, chamado de campo ambipolar, pela primeira vez. Essa descoberta é um marco que promete transformar como estudamos o comportamento e a evolução do nosso <a href="https://www.megacurioso.com.br/universo/102885-os-6-planetas-mais-extremos-que-ja-foram-descobertos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">planeta</a>. “Qualquer planeta com uma atmosfera deve ter um campo ambipolar”, afirma o astrônomo Glyn Collinson, do Goddard Space Flight Center da NASA.&nbsp;Esse campo elétrico, teorizado pela primeira vez na década de 1960, age como uma força oposta à gravidade, permitindo que partículas escapem da atmosfera terrestre para o espaço. Sua detecção foi possível graças à missão Endurance, que lançou um foguete em maio de 2022 com equipamentos especialmente projetados para medir o campo. A missão alcançou 768 km de altitude e conseguiu registrar uma mudança de 0,55 volts, um valor pequeno, mas suficiente para confirmar a existência do campo ambipolar.<h2>Como funciona o campo ambipolar?</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/31/31095404072004.jpg" alt="Existência do campo ambipolar já era cogitada por pesquisadores há mais de 60 anos. (Fonte: Getty Images)"><figcaption>Existência do campo ambipolar já era cogitada por pesquisadores há mais de 60 anos. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>O campo ambipolar começa a atuar na Terra na ionosfera, a cerca de 250 km de altitude. Nessa região, a radiação solar e ultravioleta ioniza os átomos, separando os <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/teoria-curiosa-diz-que-existe-so-um-eletron-em-todo-o-universo-isso-e-possivel" rel="noopener noreferrer" target="_blank">elétrons</a> dos íons. Enquanto os elétrons, que são mais leves, tentam escapar para o espaço, os íons mais pesados são puxados em direção ao solo. No entanto, para manter a neutralidade de carga, forma-se um campo elétrico entre essas partículas, unindo-as.Esse campo é chamado de ambipolar porque age nas duas direções: os íons exercem uma força para baixo e os elétrons para cima. O resultado é que a atmosfera se “incha”, permitindo que íons escapem para o espaço. Isso explica os chamados ventos polares, fenômeno detectado em missões anteriores.Essa força, mesmo sendo extremamente fraca, é capaz de lançar íons de hidrogênio no espaço com 10,6 vezes a força da gravidade. Além disso, íons mais pesados, como os de oxigênio, também são elevados, o que aumenta a densidade da ionosfera em altitudes elevadas em até 271%.<h2>Impactos para o futuro</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/31/31095458320006.jpg" alt="Como próxima etapa dos estudos, pesquisadores planejam entender as implicações do campo ambipolar. (Fonte: Getty Images)"><figcaption>Como próxima etapa dos estudos, pesquisadores planejam entender as implicações do campo ambipolar. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Embora o campo ambipolar tenha sido finalmente detectado,&nbsp;os cientistas ainda estão nos primeiros passos para entender como ele realmente funciona e quais são suas implicações.&nbsp;De acordo com os pesquisadores, ainda há muitas perguntas a serem respondidas: qual é o papel desse campo na evolução da Terra? Há quanto tempo ele existe? Como ele influencia a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124610-como-seria-a-temperatura-da-terra-sem-uma-atmosfera.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">atmosfera</a> e o surgimento da vida no planeta?Collinson destaca que essa descoberta abre portas para muitas novas investigações. “Esse campo é uma parte fundamental do funcionamento da Terra”, afirma o cientista. Agora que foi medido, o próximo desafio será desvendar seu impacto na história do nosso planeta e na atmosfera de outros mundos.

large_cientistas-detectam-campo-eletrico-invisivel-na-terra-pela-1a-vez-thumb.png

medium_cientistas-detectam-campo-eletrico-invisivel-na-terra-pela-1a-vez-thumb.png

small_cientistas-detectam-campo-eletrico-invisivel-na-terra-pela-1a-vez-thumb.png

thumbnail_cientistas-detectam-campo-eletrico-invisivel-na-terra-pela-1a-vez-thumb.png

cientistas-detectam-campo-eletrico-invisivel-na-terra-pela-1a-vez-thumb.png

Cientistas detectam campo elétrico invisível na Terra pela 1ª vez

Pesquisadores buscaram informações sobre como a levedura da cerveja pode se comportar quando fermentada no espaço sideral.

Um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, coletou diversos dados sobre o que acontece com a levedura da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/por-que-a-cerveja-fica-melhor-quando-esta-gelada" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cerveja</a> quando ela é fermentada no espaço. De acordo com os pesquisadores, a fermentação é um processo essencial na criação de produtos alimentícios, biocombustíveis e muitos produtos farmacêuticos.No entanto, a escolha pela cerveja como objeto de análise se deve pelo fato do líquido ser fabricado pelos humanos há milhares de anos, tendo uma base estabelecida de conhecimento para estudar. A ideia era saber se o ambiente espacial poderia alterar a qualidade e o sabor de uma cerveja fermentada fora da Terra.<h2>Cerveja no espaço</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/21/21191131203331.jpg" alt="Novo estudo testou fermentação da cevada em microgravidade. (Fonte: Getty Images)"><figcaption>Novo estudo testou fermentação da cevada em microgravidade. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Em comunicado oficial, o professor associado de ciência dos alimentos da Universidade da Flórida e principal autor do estudo, Andrew MacIntosh, revelou que os pesquisadores pretendem conduzir fermentações sob microgravidade no futuro, à medida que continuamos a exploração espacial. Até lá, existem alguns resultados difíceis de prever."É essencial que analisemos quais podem ser alguns desses resultados agora, para podermos decidir quais processos serão os primeiros que realizaremos sob microgravidade, como os adaptamos e como podemos aproveitar as mudanças que vemos", destacou.Para a coleta de dados, os investigadores coletaram <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/plastico-de-amido-de-cevada-uma-revolucao-biodegradavel" rel="noopener noreferrer" target="_blank">cevada</a> cultivada na região de Live Oak e a amassou para criar mosto — uma solução líquida de grãos extraídos. Então, eles dividiram o mosto em seis amostras idênticas e iniciaram o processo de fermentação.Três tubos atuaram como grupo de controle e os três restantes foram colocados dentro de um clinostato, um dispositivo que simula a microgravidade girando amostras em torno de um eixo horizontal.&nbsp;<h2>Dados impressionantes</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/21/21191205398334.jpg" alt="De acordo com pesquisadores, cerveja fermentada fora da Terra poderia ser ainda mais saborosa. (Fonte: Getty Images)"><figcaption>De acordo com pesquisadores, cerveja fermentada fora da Terra poderia ser ainda mais saborosa. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Conforme os pesquisadores já imaginavam, a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127953-5-itens-bizarros-que-pegaram-uma-carona-para-o-espaco.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">microgravidade</a> não afetou negativamente o número de células de levedura. Em vez disso, a taxa de fermentação aumentou nesse cenário. Eles atribuíram esse resultado à suspensão constante das células, o que maximizou a disponibilidade de nutrientes ao impedir a sedimentação.Durante o estudo, a equipe também observou que a levedura exposta à microgravidade produziu menos ésteres, que são os subprodutos da fermentação responsáveis pelos sabores desejáveis e indesejáveis na cerveja. Assim, os cientistas concluíram que os níveis de éster observados nas amostras de microgravidade provavelmente levariam à criação de um produto de maior qualidade aos observados nas amostras de controle.Portanto, se você é um verdadeiro amante de uma boa cerveja, pode ficar empolgado: as análises primárias indicam que toda cerveja produzida fora da Terra será ainda mais saborosa do que temos aqui. O lado negativo, porém, é que você provavelmente terá que gastar uma boa fortuna para ter esse produto em mãos.&nbsp;

large_fabricar-cerveja-no-espaco-pode-mudar-sua-qualidade-thumb.png

medium_fabricar-cerveja-no-espaco-pode-mudar-sua-qualidade-thumb.png

small_fabricar-cerveja-no-espaco-pode-mudar-sua-qualidade-thumb.png

thumbnail_fabricar-cerveja-no-espaco-pode-mudar-sua-qualidade-thumb.png

fabricar-cerveja-no-espaco-pode-mudar-sua-qualidade-thumb.png

Fabricar cerveja no espaço pode mudar sua qualidade?

Novas simulações indicam que a colisão entre a Via Láctea e Andrômeda, prevista para bilhões de anos no futuro, pode não ser tão inevitável quanto se pensava, trazendo dúvidas sobre o destino das duas galáxias.

Por muito tempo, acreditou-se que a Via Láctea estava <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115882-via-lactea-e-andromeda-ja-se-tocam-no-espaco.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">destinada a colidir</a> com sua vizinha galáctica, Andrômeda, em um futuro distante, provocando um espetáculo cósmico sem precedentes. Essa ideia era baseada em cálculos da aproximação entre as duas galáxias, que se movem uma em direção à outra a uma velocidade impressionante de 110 quilômetros por segundo. A previsão era clara: em cerca de 5 bilhões de anos, o embate seria inevitável.&nbsp;No entanto, novas simulações trouxeram um alívio – ou talvez mais dúvidas – para essa previsão apocalíptica. Existe uma chance de 50% de que as galáxias não se choquem, ao menos pelos próximos 10 bilhões de anos.&nbsp;<h2 style="text-align:justify;">Refinando as simulações</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/29/29203735238026.jpg" alt="Haverá algum ser humano vivo quando as galáxias se encontrarem? (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Haverá algum ser humano vivo quando as galáxias se encontrarem? (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>&nbsp;Andrômeda, que está a cerca de 2,5 milhões de anos-luz de nós, tem sido um foco de estudo desde que o astrônomo Vesto Slipher, em 1912, notou que sua luz estava se deslocando para o azul, um indício de que ela se aproximava da nossa galáxia.&nbsp;Com o avanço das tecnologias de observação, especialmente com telescópios como o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/james-webb-complica-cosmologos-ao-confirmar-previsao-do-hubble" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Hubble</a> e o Gaia, os cientistas conseguiram medir com mais precisão o movimento das estrelas dentro de Andrômeda, dando uma dimensão mais clara do cenário que se desenrolava entre as duas gigantes cósmicas.&nbsp;Estudos anteriores previam uma colisão inevitável, um verdadeiro “abraço mortal” que culminaria na fusão das duas galáxias em uma só, muitas vezes referida como "Milkomeda". Esse evento, embora catastrófico em escala cósmica, não seria tão destrutivo para sistemas solares individuais, dada a vastidão do espaço que separa as estrelas.No entanto, o novo estudo, que introduziu <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/exploracao-cosmica-novo-mapa-da-via-lactea-vai-revelar-20-bilhoes-de-estrelas" rel="noopener noreferrer" target="_blank">simulações mais refinadas</a> ao considerar fatores como a massa das galáxias e as interações com galáxias menores no entorno, revela que esse cenário pode ser bem diferente.&nbsp;A inclusão da Galáxia do Triângulo, por exemplo, aumentou as chances de uma colisão, mas ao adicionar a Grande Nuvem de Magalhães na equação, as probabilidades voltaram a cair, indicando que Via Láctea e Andrômeda podem muito bem evitar uma colisão frontal e, ao invés disso, passar de raspão uma pela outra.&nbsp;<h2 style="text-align:justify;">Por que é incerto?</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/29/29203334154025.jpg" alt="Os pontos brancos representam as vezes que as duas galáxias, Via Láctea (MW) e Andrômeda (M31), podem se chocarem. (Fonte: Till Sawala et al./ Divulgação)"><figcaption>Os pontos brancos representam as vezes que as duas galáxias, Via Láctea (MW) e Andrômeda (M31), podem se chocarem. (Fonte: Till Sawala et al./ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Essa incerteza deriva de vários fatores. A medição precisa das massas dessas galáxias é particularmente desafiadora, pois grande parte dessa massa é composta de matéria escura, invisível e difícil de quantificar. Além disso, o movimento das galáxias menores que orbitam a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128626-galaxias-em-espiral-como-a-via-lactea-na-verdade-sao-bem-raras.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Via Láctea</a> e Andrômeda influencia significativamente as trajetórias dessas gigantes. Tudo isso complica uma previsão concreta.Mesmo que a colisão não ocorra, isso não significa que nossa galáxia estará segura para sempre. A gravidade exerce um papel implacável no universo, e todas as galáxias do chamado Grupo Local, que inclui a Via Láctea, Andrômeda e outras menores, acabarão se fundindo eventualmente em uma galáxia elíptica gigante.&nbsp;Enquanto isso, o universo está se expandindo cada vez mais rapidamente, afastando as outras galáxias além do nosso <a href="https://www.megacurioso.com.br/astronomia/102771-evidencias-apontam-que-horizontes-de-eventos-dos-buracos-negros-sao-reais.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">horizonte de eventos</a>. Dentro de dezenas de bilhões de anos, a única galáxia visível para nós pode ser essa nova e imensa estrutura resultante da fusão.Embora a ideia de um choque cósmico seja alarmante, o destino da Via Láctea e Andrômeda ainda é incerto. A ciência seguirá refinando essas previsões, mas qualquer desfecho ocorrerá muito além do tempo de existência da humanidade. Enquanto isso, só nos resta observar e tentar compreender a grandiosidade dos eventos cósmicos.

large_colisao-cosmica-adiada-a-incerteza-sobre-o-futuro-da-via-lactea-thumb.png

medium_colisao-cosmica-adiada-a-incerteza-sobre-o-futuro-da-via-lactea-thumb.png

small_colisao-cosmica-adiada-a-incerteza-sobre-o-futuro-da-via-lactea-thumb.png

thumbnail_colisao-cosmica-adiada-a-incerteza-sobre-o-futuro-da-via-lactea-thumb.png

colisao-cosmica-adiada-a-incerteza-sobre-o-futuro-da-via-lactea-thumb.png

Colisão cósmica adiada? A incerteza sobre o futuro da Via Láctea

Após quase 50 anos de mistério, o famoso sinal "Wow!" pode ter sua origem explicada: um raro fenômeno cósmico que em nada se relaciona com qualquer tipo de comunicação alienígena.

Em 1977, um sinal misterioso vindo do espaço profundo fez o astrônomo Jerry Ehman escrever "Wow!" ("uau!", em bom português) nas margens dos dados capturados pelo <a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/267765-radiotelescopio-chines-fast-detecta-pulsar-emitindo-dezenas-pulsos-anoes.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">radiotelescópio</a> Big Ear, da Universidade Estadual de Ohio. Esse sinal, que durou apenas 72 segundos, intrigou a comunidade científica por décadas, com muitos especulando que poderia ser uma tentativa de comunicação alienígena. Mas, após quase 50 anos de mistério, uma nova pesquisa sugere que o famoso "sinal Wow!" pode ter uma explicação mais simples — e fascinante.A busca por respostas começou com uma equipe liderada por Abel Méndez, astrobiólogo da Universidade de Porto Rico em Arecibo, que não estava inicialmente focada em resolver o enigma do sinal Wow!. Na verdade, o interesse surgiu por acaso, quando Méndez assistiu a um vídeo online sobre o assunto. Foi então que ele percebeu que poderia encontrar pistas sobre a origem desse sinal enigmático nos dados coletados pelo antigo Observatório de Arecibo.<h2 style="text-align:justify;">Estrela de nêutrons</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/27/27155257846261.jpg" alt="Telescópio Big Ear foi de onde partiu a detecção do famoso sinal. (Fonte: Big Ear/ Divulgação)"><figcaption>Telescópio Big Ear foi de onde partiu a detecção do famoso sinal. (Fonte: Big Ear/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Ao vasculhar os arquivos do projeto de Emissões de Rádio de Estrelas Anãs Vermelhas (REDS), Méndez e sua equipe descobriram sinais de banda estreita semelhantes ao sinal Wow!, mas significativamente mais fracos. Esses sinais pareciam originar-se de uma <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128190-exoplaneta-gigante-e-descoberto-orbitando-estrela-ana-de-massa-baixa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">estrela anã</a> vermelha chamada Estrela de Teegarden, localizada a apenas 12,5 anos-luz da Terra.&nbsp;A pesquisa revelou que esses sinais poderiam ter sido causados por nuvens interestelares de hidrogênio frio, estimuladas por uma fonte de radiação extremamente forte, como um magnetar — uma estrela de nêutrons com campos magnéticos intensos.Os magnetares, remanescentes de estrelas que explodiram como supernovas, possuem campos magnéticos tão poderosos que podem gerar explosões de radiação detectáveis a grandes distâncias no espaço. Quando essa radiação interage com <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128922-enorme-reservatorio-de-hidrogenio-e-encontrado-em-mina-na-albania.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nuvens de hidrogênio</a>, ela pode criar um fenômeno conhecido como maser — um tipo de laser natural que emite micro-ondas.&nbsp;Essa interação poderia explicar a intensidade e a banda estreita do sinal Wow!, que foi detectado perto da linha de hidrogênio, uma faixa de frequência de 1420 MHz, considerada um ponto de referência no espectro eletromagnético.<h2 style="text-align:justify;">Sinal raro</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/27/27164044930292.jpg" alt="Página completa impressa pelo computador onde foi anotado o famoso "><figcaption>Página completa impressa pelo computador com a famosa anotação "Wow!". (Fonte: Big Ear/ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Essa teoria é especialmente interessante porque explica a singularidade do sinal: a combinação rara de um magnetar e uma nuvem de hidrogênio perfeitamente alinhados para emitir um pulso tão poderoso. Isso também justifica por que o sinal nunca foi captado novamente. A equipe de Méndez agora se dedica a testar essa hipótese no Very Large Telescope, no Chile, em busca de dados que possam confirmá-la.Obviamente que fica a frustração por parte daqueles que nutriam a esperança de o famoso sinal ser a manifestação de alguma <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/128613-sera-que-nossas-construcoes-e-luzes-sao-visiveis-para-civilizacoes-alienigenas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">civilização alienígena</a>. Contudo, as evidências trazidas pelo estudo são também muito importantes, pois apontam para um fenômeno natural igualmente impressionante e muito difícil de se detectar.&nbsp;Por isso, a pesquisa de Méndez não apenas avança na compreensão desse enigma cósmico, mas também adiciona uma nova camada de complexidade às nossas observações do universo.&nbsp;Cada descoberta como essa nos lembra que o espaço é cheio de mistérios — e que a resposta para alguns deles pode estar escondida nas forças extremas e nas condições raras que <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/universo-espelho-a-teoria-do-antiuniverso-que-corre-ao-contrario-no-tempo" rel="noopener noreferrer" target="_blank">moldam o cosmos</a>. E cabe lembrar que a busca por vida além da Terra continua, mas, enquanto isso, o "Uau!" permanece como um testemunho das maravilhas naturais do universo.

medium_o-misterio-do-sinal-wow-de-que-canto-do-espaco-estamos-recendo-essa-mensagem-thumb.png

small_o-misterio-do-sinal-wow-de-que-canto-do-espaco-estamos-recendo-essa-mensagem-thumb.png

thumbnail_o-misterio-do-sinal-wow-de-que-canto-do-espaco-estamos-recendo-essa-mensagem-thumb.png

o-misterio-do-sinal-wow-de-que-canto-do-espaco-estamos-recendo-essa-mensagem-thumb.png

O mistério do sinal Wow!: de que canto do espaço estamos recendo essa mensagem?

Recentes descobertas sobre a atmosfera de Vênus mostram um ciclo fascinante de água e ácido sulfúrico, revelando novos mistérios sobre o passado aquoso do planeta e suas implicações para a habitabilidade.

A atmosfera de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124810-venus-pode-ter-mais-de-85-mil-vulcoes-em-sua-superficie.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Vênus</a>, conhecida por suas nuvens densas de ácido sulfúrico, pode ter um papel fundamental em uma distribuição inesperada de água no planeta. Essa descoberta intrigante foi feita por pesquisadores que, utilizando dados da missão Venus Express da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), observaram concentrações incomuns de água e deutério – um isótopo do hidrogênio – em altitudes superiores.&nbsp;A observação sugere que a história de Vênus pode ser muito mais complexa do que imaginávamos, talvez até indicando que o planeta já teve composições químicas semelhantes às da Terra.&nbsp;<h2>Ambiente inóspito</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/27/27092615513030.jpg" alt="(Fonte: Arnaud Mahieux et al./ Divulgação)"><figcaption>Esquema mostra como ocorre a dinâmica na atmosfera de Vênus. (Fonte: Arnaud Mahieux et al./ Divulgação)</figcaption></figure></figure>Vênus, frequentemente chamado de "<a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120587-venus-teria-sido-paraiso-para-humanos-no-passado-diz-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gêmeo da Terra</a>" devido ao seu tamanho semelhante, apresenta hoje um ambiente extremamente hostil. A superfície do planeta registra temperaturas que podem derreter chumbo e pressões quase 100 vezes maiores que as da Terra.&nbsp;Além disso, suas espessas nuvens de ácido sulfúrico criam uma atmosfera árida, com pouca água, concentrada principalmente abaixo e dentro dessas camadas de nuvens. No entanto, as novas descobertas sugerem que, em algum momento no passado, Vênus pode ter tido quantidades de água comparáveis às da Terra.O estudo focou em dois tipos de moléculas de água na atmosfera venusiana: a água comum (H2O) e a água "semipesada" (HDO), onde um dos átomos de hidrogênio é substituído por <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/115564-novo-metodo-de-fusao-nuclear-pode-alimentar-espaconaves-no-futuro.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">deutério</a>. Esperava-se que a proporção entre H2O e HDO em Vênus fosse similar à da Terra, mas as medições mostraram uma surpresa.&nbsp;Na atmosfera superior de Vênus, entre 70 e 110 quilômetros de altitude, a quantidade de HDO é até 1.500 vezes maior do que nos oceanos terrestres. Esse enriquecimento de deutério é causado pela radiação solar, que quebra as moléculas de água, permitindo que o hidrogênio, mais leve, escape para o espaço mais facilmente do que o deutério.<h2 style="text-align:justify;">Ciclo sulfúrico</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/27/27125554683173.jpg" alt="Raios solares (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>O Sol, por meio da radiação solar, impacta diretamente as dinâmicas atmosféricas de Vêncus. &nbsp;(Fonte: GettyImages/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>A pergunta que fica é: por que a proporção de HDO aumenta tanto em altitudes maiores? A resposta pode estar no ciclo do ácido sulfúrico na atmosfera venusiana. Aerossóis de ácido sulfúrico hidratado se formam logo acima das <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/128765-como-as-nuvens-permanecem-flutuando-no-ceu-mesmo-com-o-peso-da-agua.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nuvens</a> e, ao flutuarem para altitudes mais elevadas, acabam liberando mais HDO. Este vapor, ao retornar para camadas inferiores, condensa-se e recomeça o ciclo, criando uma distribuição dinâmica e complexa de água em diferentes formas.Essas descobertas trazem novas questões sobre a evolução do planeta e sua história aquosa. Se Vênus e a Terra começaram com proporções semelhantes de HDO/H2O, como a Terra conseguiu reter tanto da sua água enquanto Vênus a perdeu? Cientistas especulam que isso pode ser devido às diferenças nas atmosferas e nos processos que as afetam. Vênus, mais próximo do Sol, é bombardeado por radiação solar mais intensa, o que pode ter acelerado a perda de água.Entender esses processos é crucial não só para reconstruir a história de Vênus, mas também para prever o futuro da Terra. Se Vênus, que compartilhou tantas características com nosso planeta, pode se transformar em um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124762-microbios-alienigenas-prosperam-em-ambiente-inospito-de-mina-abandonada.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">mundo tão inóspito</a>, o que isso significa para o futuro da Terra?&nbsp;Estudar como a altitude afeta a atmosfera de Vênus e a proporção de deutério para hidrogênio pode responder a questões importantes. As próximas missões, como DAVINCI+ da NASA e EnVision da ESA, serão cruciais para expandir esse conhecimento e podem oferecer insights valiosos para a preservação da Terra.

large_acido-sulfurico-e-agua-a-quimica-inesperada-que-revela-segredos-de-venus-thumb.png

medium_acido-sulfurico-e-agua-a-quimica-inesperada-que-revela-segredos-de-venus-thumb.png

small_acido-sulfurico-e-agua-a-quimica-inesperada-que-revela-segredos-de-venus-thumb.png

thumbnail_acido-sulfurico-e-agua-a-quimica-inesperada-que-revela-segredos-de-venus-thumb.png

acido-sulfurico-e-agua-a-quimica-inesperada-que-revela-segredos-de-venus-thumb.png

Ácido sulfúrico e água: a química inesperada que revela segredos de Vênus

Físico indiano propõe a existência de um universo gêmeo, onde o tempo corre ao contrário, explicando potencialmente os mistérios da antimatéria e da energia escura.

Um universo onde o tempo corre ao contrário pode soar como uma ideia de ficção científica, mas alguns físicos estão considerando essa possibilidade seriamente. A proposta sugere que o nosso universo teria um "gêmeo" — um <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122745-teoria-do-antiuniverso-somos-originais-ou-uma-copia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">antiuniverso</a> — onde o tempo flui para trás. Essa teoria, embora pareça absurda à primeira vista, busca responder a dois grandes mistérios da cosmologia: o destino da antimatéria e a enigmática energia escura que acelera a expansão do cosmos.Nos primórdios do nosso universo, logo após o Big Bang, acredita-se que quantidades iguais de matéria e antimatéria foram criadas. No entanto, hoje, o cosmos é dominado pela matéria, enquanto a antimatéria parece estar quase ausente.Se matéria e antimatéria se aniquilam mutuamente ao se encontrarem, por que o universo não foi destruído logo após seu nascimento? A resposta pode estar na existência desse antiuniverso. Se ele realmente existe, a antimatéria pode estar "escondida" nele, inacessível para nós.<h2 style="text-align:justify;">Irmãos inseparáveis</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/19/19172930178296.jpg" alt="A ideia de um universo que corre "><figcaption>A ideia de um universo que corre "para trás" é fascinante, embora gere descrença em muita gente. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>A teoria foi sugerida por Naman Kumar, doutorando no Instituto Indiano de Tecnologia. Ele propôs que o universo e seu antiuniverso são como um par inseparável, surgindo simultaneamente no momento do Big Bang. Enquanto nosso universo se expande para frente no tempo, o antiuniverso faz o mesmo, mas para trás. Essa ideia ousada poderia também resolver outro grande mistério: a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124401-buracos-negros-podem-ser-fontes-de-energia-escura.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">energia escura</a>.A energia escura é uma força misteriosa que parece estar acelerando a expansão do universo. Medições de estrelas distantes mostram que, em algum momento, a expansão do cosmos começou a acelerar, um fenômeno que ainda não foi compreendido pelos cientistas.&nbsp;Portanto, a energia escura é usada como uma explicação provisória para esse comportamento estranho, mas sua natureza exata permanece desconhecida. Kumar sugere que a expansão acelerada do universo pode ser um efeito natural da existência de um universo gêmeo, tornando a energia escura desnecessária.<h2 style="text-align:justify;">Emaranhamento quântico e dimensões superiores</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/19/19173312143298.jpg" alt="Será que o Big Bang gerou mais de um universo? (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Será que o Big Bang gerou mais de um universo? (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>Essa ideia de antiuniverso não é completamente nova. Outros <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/114988-por-que-alguns-fisicos-acreditam-na-teoria-do-universo-espelho.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">físicos já propuseram que o universo poderia ter um gêmeo</a> que corre para trás no tempo, com características espelhadas em relação ao nosso. A novidade na proposta de Kumar é que ela se baseia em conceitos de entropia e emaranhamento quântico.&nbsp;Essencialmente, se o universo e seu antiuniverso surgiram como um par entrelaçado, a expansão natural de ambos pode explicar a aceleração cósmica que observamos, sem precisar recorrer a entidades misteriosas como a energia escura.Kumar também investigou a ideia de que o nosso universo poderia ser uma "brana" – uma espécie de membrana tridimensional – flutuando em um espaço de dimensões superiores. Nesse cenário, o comportamento da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127239-nova-teoria-sugere-que-universo-e-mais-velho-do-que-achavamos.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">expansão cósmica</a> poderia ser influenciado por tensões nessas dimensões adicionais, oferecendo mais uma forma de explicar a aceleração sem invocar a energia escura.Embora essa teoria do antiuniverso e das branas seja fascinante, é importante lembrar que, por enquanto, são apenas ideias. A ciência avança por meio de hipóteses e testes, e teorias como essa precisam ser confrontadas com observações. Muitas vezes, o que parece uma solução elegante e intrigante acaba não sendo confirmado pelos dados.

large_universo-espelho-a-teoria-do-antiuniverso-que-corre-ao-contrario-no-tempo-thumb.png

medium_universo-espelho-a-teoria-do-antiuniverso-que-corre-ao-contrario-no-tempo-thumb.png

small_universo-espelho-a-teoria-do-antiuniverso-que-corre-ao-contrario-no-tempo-thumb.png

thumbnail_universo-espelho-a-teoria-do-antiuniverso-que-corre-ao-contrario-no-tempo-thumb.png

universo-espelho-a-teoria-do-antiuniverso-que-corre-ao-contrario-no-tempo-thumb.png

"Universo Espelho": a teoria do "antiuniverso" que corre ao contrário no tempo

Um dos momentos fundamentais do Universo foi a transição de um cosmos preenchido por hidrogênio e hélio para galáxias, estrelas e metais atuais.

Uma das pesquisas mais difíceis em astronomia é pelas primeiras estrelas que se formaram no Universo. Batizadas com o nome de População III, elas são um conceito ainda hipotético de astros <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124563-novas-imagens-de-james-webb-podem-mudar-nossa-compreensao-do-universo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">que poderiam ter se formado nos cem milhões de anos seguintes ao Big Bang</a>.&nbsp;Por uma questão de coerência, elas deveriam ser compostas exclusivamente de hidrogênio e hélio, uma vez que os elementos mais pesados ainda não existiam.Em algum momento entre 150 milhões e 1 bilhão de anos após o Big Bang, o Universo evoluiu desse estado neutro para um estado ionizado, quando os átomos antigos de hidrogênio começaram a perder elétrons. Isso ocorreu como consequência da radiação emitida pelas primeiras estrelas e galáxias em formação.<h2>Como enxergar estrelas que já morreram há bilhões de anos?</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;text-align:center;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/16/16093930563026.jpg" alt="HD 140283 (Estrela Matusalém), uma das mais antigas já observada. (Fonte: Digitized Sky Survey (DSS), STSCi/Aura/Divulgação)"><figcaption>HD 140283 (Estrela Matusalém), uma das mais antigas já observada. (Fonte: Digitized Sky Survey (DSS), STScI/Aura/Divulgação)</figcaption></figure></figure>Nesse contexto de mudança fundamentais, as estrelas da População III "criaram as condições e abundâncias elementares das quais as estrelas em nossa galáxia se formaram", afirma o astrônomo da UCLA William Lake à Popular Science. Sem elementos extras em suas atmosferas, esses corpos celestes eram mais massivos que as estrelas atuais, mais quentes e brilhantes, mas com vidas curtas. E por isso não as vemos: elas morreram há muito tempo.A boa notícia é que podemos, sim, enxergar esses “fantasmas” estelares, <a href="https://www.tecmundo.com.br/ciencia/281863-quao-podemos-enxergar-universo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">graças à velocidade finita da luz, que leva tempo para chegar até nós.</a> Ou seja, uma estrela a 12 bilhões de anos-luz de distância aparece hoje como era há 12 bilhões de anos. Mas essa observação é tão difícil, que até hoje não conseguimos ver ninguém da “turma” Pop III.Isso ocorre porque tudo no Universo distante é muito vermelho, e é aí que entra o James Webb (JWST), um telescópio especializado em observar no infravermelho. No entanto, o JWST não consegue voltar ao início do universo, mas perto da época da reionização. Mas o problema é que as estrelas da População III, muito minúsculas e fracas do nosso ponto de vista, começaram a ficar escondidas atrás das estrelas “normais”.<h2>Observando através das lentes gravitacionais do Universo</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;text-align:center;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/16/16094531306029.jpg" alt="X. (Fonte: NASA/ESA/B. Salmon/STScI)"><figcaption>&nbsp;Galáxia SPT0615-JD, que pode conter algumas das primeiras gerações de estrelas do Universo. (Fonte: NASA/ESA/B. Salmon/STScI)</figcaption></figure></figure>Com todos esses obstáculos, ainda e pouco provável que consigamos observar estrelas da População III, embora com o JWST, <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/124843-ilusao-de-optica-revela-buraco-negro-30-bilhoes-de-vezes-maior-que-o-sol.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">os astrônomos esperem uma ajuda das lentes gravitacionais</a>, locais do Universo onde a luz se curva em torno de objetos massivos.&nbsp;Só que, ao contrário dos telescópios terrestres, aqui precisamos contar com a sorte, para que esses objetos gigantescos se alinhem de forma a ampliar gravitacionalmente uma estrela antiga.Para o astrônomo da UCLA Sahil Hegde, procurar essas contemporâneas da Pop III em meio às grandes populações de estrelas atuais é como tentar observar um fenômeno celeste no meio das luzes de uma cidade. Uma possibilidade seria “procurar um fundo de ondas gravitacionais de buracos negros binários semeados pela Pop III”, mas isso só será possível a partir de 2030, com a inauguração do observatório de ondas gravitacionais Einstein.

large_GettyImages-3075156.jpg

medium_GettyImages-3075156.jpg

small_GettyImages-3075156.jpg

thumbnail_GettyImages-3075156.jpg

GettyImages-3075156.jpg

A busca (inglória) das estrelas mais antigas do Universo

Segundo pesquisadores, dados não indicavam que o Sol estaria tão ativo neste ciclo e tal atividade intensa poderá ser sentida na Terra.

Se no céu da Terra enxergamos o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/teoria-afirma-que-sol-pode-ter-consciencia-propria-sera-possivel" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Sol</a> como apenas uma pequena bola amarela, de perto ele é uma exibição caótica e eruptiva de atividade solar. Contudo, astrofísicos vêm afirmando que o nível de atividade nessa altura do campeonato está muito mais forte do que o esperado.&nbsp;Segundo especialistas, os ciclos solares ocorrem tipicamente a cada 11 anos. Nesse período, o Sol oscila da atividade solar mínima para a máxima, atingindo seu pico no meio do ciclo — quando seus campos magnéticos se invertem. O último ciclo solar aconteceu entre 2008 a 2019. Agora estamos no meio do ciclo solar atual e estamos nos aproximando da atividade magnética máxima.&nbsp;<h2>Atividade solar intensa</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/22/22184018317382.jpg" alt="Manchas solares são utilizadas para medir nível de atividade no Sol. (Fonte: Getty Images)"><figcaption>Manchas solares são utilizadas para medir nível de atividade no Sol. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Em entrevista ao Business Insider, o chefe de departamento e diretor do Centro de Pesquisa Solar-Terrestre do Instituto de Tecnologia de Nova Jersey, Andrew Gerrard, afirmou que a atividade solar momentânea é um tanto quanto inesperada. "Não achávamos que o Sol estaria tão ativo neste ciclo em particular, mas as observações são completamente opostas", destacou.De acordo com o pesquisador, a atividade magnética solar aumentada que vem crescendo nos últimos anos é tão forte que sufoca a energia das profundezas do Sol, impedindo que ela alcance a superfície. Isso faz com que bolsas frias sejam criadas na superfície solar que se parecem com manchas escuras, também chamadas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/122942-mancha-solar-apontada-para-terra-preocupa-cientistas.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">manchas solares</a>.Inclusive, essas manchas são usadas por cientistas para determinar os níveis de atividade solar, que vem atingindo recordes máximos no último ano. No início de agosto, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), dos Estados Unidos, relatou que observações preliminares encontraram 299 manchas solares, todas aparecendo em um período de 24 horas.<h2>Impacto na Terra</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/22/22184107636386.jpg" alt="Auroras boreais e austrais são reflexo do impacto da atividade solar no nosso campo magnético. (Fonte: Getty Images)"><figcaption>Auroras boreais e austrais são reflexo do impacto da atividade solar no nosso campo eletromagnético. (Fonte: Getty Images)</figcaption></figure></figure>Conforme contam os especialistas, o atual número de manchas solares é o maior registro diário em mais de 22 anos. Rastrear essas manchas é um passo muito importante para a ciência, uma vez que elas servem como marco zero de erupções solares de classe X e erupções massivas chamadas ejeções de massa coronal.Elas podem representar ameaças à Terra, causando apagões de rádio e interrupções na rede elétrica, interrompendo a navegação por GPS e até mesmo fazendo com que satélites caiam do espaço. Mas isso não é tudo: se o nosso planeta estiver no caminho das explosões solares, há uma chance que as partículas liberadas por elas possam interferir no nosso campo eletromagnético, causando tempestades geomagnéticas.Essas tempestades geomagnéticas podem também desencadear belíssimas <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/viajantes-a-espreita-8-fotos-de-auroras-feitas-do-espaco" rel="noopener noreferrer" target="_blank">auroras</a> boreais e austrais. As exibições coloridas de luzes no céu têm surgido mais ao sul do que o normal, o que é um reflexo da atividade solar. Porém, são essas mesmas partículas que eventualmente podem gerar caos nas emissões de rádio de alta frequência.&nbsp;&nbsp;&nbsp;<img src="data:image/png;base64,iVBORw0KGgoAAAANSUhEUgAAABQAAAAUCAQAAAAngNWGAAABDUlEQVR4AYXRgUZDYRjH4TegFTKgpEqiFJgoWAoMEQGBgBboChaaAKxLKAhAhQqAdAmpBIQolkCFqp2nITvNKXuA7+/Hhzey5OWjE4Nq3rzY1f9/NGHPB549492+8Ww060iCS2XdctZdI3GsECmb+HJoIX6x6EgDm+lURTH+YB7V9nAqE5WNme4YKuOiY6iMe6PaQxUUIuTbswgFVNJwA8sO3Bn6yR6bWZMSNtJwDtuWfHpQxaPx9C9zadil7jrCigbq6UXceNIVKTWUIqypm2ytJdTiNyNeXclF6GttOVfeDEc7qzjR23r3OMFqZKng1kw0mXGLrfibHTScOZWgGv9TdC6ROFeMTgwYiIxvJzMRWQbeGZUAAAAASUVORK5CYII=" alt="Ícone &quot;Verificada pela comunidade&quot;" height="16" width="16" data-csiid="uK7HZo3ULJDR5OUP06OBmAU_5" data-atf="0">&nbsp;

large_o-sol-esta-mais-ativo-do-que-a-ciencia-imaginava-mas-por-que-thumb.png

medium_o-sol-esta-mais-ativo-do-que-a-ciencia-imaginava-mas-por-que-thumb.png

small_o-sol-esta-mais-ativo-do-que-a-ciencia-imaginava-mas-por-que-thumb.png

thumbnail_o-sol-esta-mais-ativo-do-que-a-ciencia-imaginava-mas-por-que-thumb.png

o-sol-esta-mais-ativo-do-que-a-ciencia-imaginava-mas-por-que-thumb.png

O Sol está mais ativo do que a ciência imaginava, mas por quê?

Astrônomos usam um novo mapa 3D de estrelas, criado pelo telescópio Chandra, para acelerar a busca por planetas habitáveis e possíveis sinais de vida alienígena.

Astrônomos estão mais próximos de encontrar vida fora da Terra com um novo mapa 3D de estrelas, criado pelo telescópio de raios X Chandra, da <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/nasa-descobre-primeira-caverna-na-lua-sera-que-ela-pode-virar-uma-base-lunar" rel="noopener noreferrer" target="_blank">NASA</a>. O mapa destaca estrelas próximas ao Sol e pode ser crucial na busca por planetas com potencial para abrigar vida. O objetivo é identificar exoplanetas que orbitam essas estrelas em "zonas Cachinhos Dourados", onde a temperatura permite a existência de água líquida na superfície.A ferramenta pode ajudar a direcionar futuras missões de telescópios, como o Habitable Worlds Observatory (Observatório de Mundos Habitáveis, em tradução livre), para examinar esses planetas e, quem sabe, encontrar sinais de vida alienígena.<h2 style="text-align:justify;">Mapa da vida</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/19/19093407053027.jpg" alt="Mapa ajudará na busca por planetas habitáveis. (Fonte: NASA,CXC,M.Weiss/ Divulgação)"><figcaption>Mapa ajudará na busca por planetas habitáveis. (Fonte: NASA, CXC, M.Weiss / Divulgação)</figcaption></figure></figure>O Chandra, em órbita há 25 anos, é crucial na missão de encontrar planetas habitáveis, pois detecta <a href="https://www.megacurioso.com.br/educacao/123187-raio-x-como-sao-tiradas-as-fotografias-do-nosso-esqueleto.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">raios X,</a> uma radiação de alta energia emitida por estrelas. Isso é importante porque raios X podem prejudicar a vida, destruindo atmosferas planetárias e moléculas essenciais. Se uma estrela emite muitos desses raios, os planetas ao seu redor podem não ser bons candidatos para a vida.Em estudo recente, uma equipe de astrônomos, liderada por Breanna Binder, da California State Polytechnic University, utilizou o Chandra para mapear 57 estrelas próximas ao nosso sistema solar. Essas estrelas foram organizadas em anéis concêntricos ao redor do Sol, a distâncias que variam entre 16,3 e 49 anos-luz.&nbsp;A ideia é que, por estarem relativamente próximas, telescópios futuros possam captar espectros de planetas nas zonas habitáveis dessas estrelas. Esses espectros, obtidos quando a luz das estrelas atravessa as <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/126871-poeira-do-saara-remove-metano-da-atmosfera-diz-estudo.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">atmosferas planetárias</a>, podem revelar características como continentes, oceanos e até mesmo composições químicas que indiquem a presença de vida.O mapa tridimensional das estrelas funciona como um filtro inicial. Com tantos sistemas possíveis, quais merecem a atenção dos telescópios mais poderosos? A resposta pode estar nos dados de raios X: planetas sob bombardeio constante de raios X são descartados, permitindo que os cientistas foquem em sistemas estelares com condições mais favoráveis, semelhantes às da Terra.<h2 style="text-align:justify;">Difícil detecção</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/19/19093721951028.jpg" alt="Telescópios mais modernos e potentes serão fundamentais para acharmos planetas potencialmente habitáveis. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Telescópios mais modernos e potentes serão fundamentais para acharmos planetas potencialmente habitáveis. (Fonte: Getty Images / Reprodução)</figcaption></figure></figure>Um detalhe interessante é que nem todos os planetas são fáceis de detectar. Muitas vezes, o método mais comum de detecção, conhecido como trânsito, pode não funcionar, pois depende de o planeta passar diretamente entre sua <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/afinal-com-que-frequencias-estrelas-morrem-na-via-lactea" rel="noopener noreferrer" target="_blank">estrela</a> e a Terra, bloqueando parte da luz estelar.&nbsp;Isso faz com que planetas menores ou mais distantes das suas estrelas, especialmente aqueles com massas e tamanhos próximos aos da Terra, possam escapar à detecção. Por isso, o mapa do Chandra é tão valioso: ele ajuda a identificar quais estrelas valem o esforço de uma observação mais detalhada.Os próximos passos na busca por vida extraterrestre incluem o uso de telescópios extremamente potentes, como o Habitable Worlds Observatory, que poderá captar imagens diretas de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/o-estranho-exoplaneta-que-deveria-ser-apenas-uma-rocha-mas-nao-e" rel="noopener noreferrer" target="_blank">exoplanetas</a> em zonas habitáveis. Embora apareçam como pontos de luz, os espectros dessas imagens revelarão muito sobre as superfícies e atmosferas desses mundos distantes.Com o tempo de observação em telescópios cada vez mais disputado, é crucial que os cientistas saibam onde focar seus esforços. O mapa 3D das estrelas pode acelerar a descoberta do primeiro planeta semelhante à Terra. Em breve, talvez estejamos observando de perto um mundo onde a vida floresceu longe daqui.

large_caca-as-estrelas-mapa-3d-pode-ajudar-a-revelar-vida-alienigena-thumb.png

medium_caca-as-estrelas-mapa-3d-pode-ajudar-a-revelar-vida-alienigena-thumb.png

small_caca-as-estrelas-mapa-3d-pode-ajudar-a-revelar-vida-alienigena-thumb.png

thumbnail_caca-as-estrelas-mapa-3d-pode-ajudar-a-revelar-vida-alienigena-thumb.png

caca-as-estrelas-mapa-3d-pode-ajudar-a-revelar-vida-alienigena-thumb.png

Caça às estrelas: mapa 3D pode ajudar a revelar vida alienígena

Pesquisadores apresentaram estudo propondo a ideia de utilizar nanopartículas metálicas para mudar o clima do planeta. 

Cientistas acreditam ter descoberto uma nova forma de aquecer Marte, usando um "glitter" atmosférico que poderia elevar a <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/terra-bateu-recordes-de-temperatura-em-todos-os-meses-do-ultimo-ano-confirma-nasa" rel="noopener noreferrer" target="_blank">temperatura do planeta</a> em cerca de 28 graus Celsius. O método consiste em liberar nanopartículas metálicas na atmosfera de Marte, criando um efeito estufa artificial. Essa proposta, por mais estranha que pareça, pode ser a chave para tornar Marte mais habitável para futuras colônias humanas.O Planeta Vermelho, como sabemos, não é exatamente um local acolhedor. Suas temperaturas médias giram em torno de 64 graus Celsius negativos, um clima extremamente frio, até mesmo para os padrões de quem está acostumado com invernos rigorosos. Para que qualquer forma de vida sobreviva ali, é necessário elevar significativamente a temperatura do planeta.&nbsp;Até então, as propostas envolviam a liberação de <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/119719-como-os-cientistas-descobriram-o-efeito-estufa.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">gases de efeito estufa</a> na atmosfera marciana, mas esses métodos exigiam uma quantidade enorme de recursos, algo que Marte simplesmente não possui em abundância. Isso tornava o processo caro e logisticamente inviável.<h2 style="text-align:justify;">Solução prática</h2><figure style="display:inline-block;position:relative;"><figure class="image"><img src="https://img.ibxk.com.br/2024/08/13/13144248048198.jpg" alt="Será preciso dar uma aquecida em Marte se quisermos dar início à terraformação do planeta. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)"><figcaption>Será preciso dar uma aquecida em Marte se quisermos dar início à terraformação do planeta. (Fonte: Getty Images/ Reprodução)</figcaption></figure></figure>A nova proposta, que conta com a colaboração entre especialistas de três universidades (Universidade de Chicago, Universidade da Flórida Central e Universidade Northwestern), oferece uma solução potencialmente mais prática. Em vez de importar recursos ou tentar extrair gases das profundezas do solo marciano, a ideia é utilizar o que já está disponível na superfície de Marte: minerais metálicos, como ferro e alumínio.&nbsp;A equipe propõe transformar esses metais em <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/120956-nanotecnologia-como-ela-esta-presente-no-dia-a-dia.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">nanopartículas</a> — pequenos bastões metálicos, menores que um grão de glitter, que seriam liberados na atmosfera de Marte. Essas partículas brilhantes agiriam como miniespelhos, refletindo a luz solar de volta para a superfície e ajudando a reter o calor.De acordo com os cálculos da equipe, esse método seria até 5 mil vezes mais eficiente do que as propostas anteriores. Ao serem liberadas a uma taxa de 30 litros por segundo, essas nanopartículas criariam um efeito estufa significativo, aumentando gradualmente a temperatura de Marte ao longo de várias décadas.&nbsp;Esse aquecimento não tornaria o <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/agora-vai-exoplaneta-similar-a-terra-e-descoberto-perto-de-estrela-ana" rel="noopener noreferrer" target="_blank">planeta habitável</a> de imediato, mas poderia criar condições mais favoráveis para a vida microbiana fotossintética, um passo crucial para a terraformação do planeta.<h2 style="text-align:justify;">Problemas com a ideia</h2>Apesar do otimismo, ainda há desafios significativos. Não se sabe por quanto tempo as nanopartículas permaneceriam na atmosfera marciana. Com o aquecimento do planeta, elas poderiam atrair vapor d'água e cair como uma chuva metálica, diminuindo a eficácia do processo e criando novos obstáculos para a habitabilidade de Marte.Outro problema são as possíveis consequências inesperadas dessa grande intervenção. Manipular o ambiente de um planeta inteiro traz muitas incertezas. <a href="https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127076-vida-achada-em-marte-ha-50-anos-pode-ter-sido-destruida-sem-querer.htm" rel="noopener noreferrer" target="_blank">Se Marte abrigar vida microscópica</a>, as mudanças atmosféricas podem ser devastadoras. Além disso, o aquecimento poderia ativar compostos tóxicos no solo marciano, fazendo com que a terraformação cause mais danos do que benefícios.Apesar dessas incertezas, a pesquisa representa um avanço significativo no campo da terraformação. Ela abre novas possibilidades para a exploração e colonização de Marte, aproximando-nos um pouco mais do sonho de estabelecer uma presença humana sustentável no Planeta Vermelho.&nbsp;Embora ainda estejamos a décadas de distância de qualquer tentativa prática de terraformação, a ideia de um "glitter" atmosférico marciano é um passo intrigante em direção a esse objetivo ambicioso.

Física e Química

Novidades