Estilo de vida
08/09/2024 às 06:00•2 min de leituraAtualizado em 08/09/2024 às 06:00
Em uma entrevista recente ao site IFLScience, o engenheiro de propulsão sênior do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA (JPL), Christopher S. Jacobs, revela algumas "utilidades" de buracos negros massivos em nossa vida cotidiana, que sequer imaginávamos. "Na Terra, temos o meridiano de Greenwich, que é onde começa a longitude. No espaço, usamos quasares [...] e é assim que fixamos nossas coordenadas", diz
E, embora quasares não sejam buracos negros, essas regiões muito brilhantes e energéticas no centro de uma galáxia jovem constituem um conjunto de componentes que incluem: um buraco negro supermassivo no centro da galáxia, um disco de acreção ao redor com eventuais jatos de partículas e energia e uma região emissora de radiação intensa. Esta última define o quasar, que é um acrônimo em inglês para fonte de rádio quase estelar.
Assim como os antigos navegadores usavam as estrelas para se orientar em suas primeiras viagens intercontinentais, e da mesma forma que usamos informações de satélite para descobrir um novo bar que abriu na periferia, o GPS se orienta pelo chamado Sistema de Referência Celeste (ICRS), que é baseado em quasares extragalácticos distantes.
Tudo começa com um buraco negro supermassivo, que os astrônomos acreditam existir no centro de cada galáxia. Geralmente silenciosos, esses monstrengos dos quais nem a luz escapa começam, de um bilhão de anos para outro, a se alimentar, por exemplo, de uma grande quantidade de gás que os torna extremamente brilhantes. É o início da fase quasar.
Para funcionar, o Sistema de Referência Celeste necessita de pontos fixos no espaço e, nesse sentido, os quasares são os principais objetos usados, não devido à sua natureza, mas também pela sua distância, pois, por estarem extremamente longe, o seu movimento próprio é praticamente imperceptível na Terra.
Além disso, a sua luz intensa permite que essas fontes de rádio sejam suficientemente brilhantes para serem observadas com rigor, o que permite medições precisas. Finalmente, por estarem distribuídos por todo o cosmos, eles permitem uma cobertura abrangente.
Com uma técnica de interferometria chamada VLBI, o ICRS é criado por um esforço científico colaborativo global, que envolve astrônomos, geodesistas e outros especialistas do mundo inteiro. No catálogo, são listados os objetos de referência e suas posições, que são periodicamente revistas e atualizadas.
Além de servir como referência para a principal ferramenta de navegação e posicionamento global, o ICRS também entrega uma grande variedade de aplicações científicas e tecnológicas, que vão de estudos de estrutura e evolução galáctica até o monitoramento climático e o movimento das placas tectônicas da Terra.