Artes/cultura
27/02/2024 às 08:00•2 min de leitura
Um grupo de astrônomos encontrou recentemente o objeto mais brilhante conhecido no universo. O quasar, como é chamado, é um núcleo brilhante de uma galáxia localizada a 12 bilhões de anos-luz de distância da Terra. Em geral, os quasares são os objetos mais brilhantes do cosmos, cada um consistindo em um buraco negro supermassivo que devora ativamente um disco em órbita de gás e poeira.
Porém, o buraco negro neste quasar recordista está absorvendo diariamente mais massa do que a massa de um Sol por dia, tornando-o no buraco negro de crescimento mais rápido já visto antes, declarou a Agência Espacial Europeia (ESA) em comunicado oficial.
(Fonte: Wikimedia Commons)
O objeto gigantesco estende-se por cerca de sete anos-luz de diâmetro e faz o nosso Sol parecer uma mera piada, brilhando 500 bilhões de vezes mais do que a estrela do nosso Sistema Solar, relataram os investigadores no estudo publicado na revista Nature Astronomy.
“Este quasar é o lugar mais violento que conhecemos no universo”, disse Christian Wolf, autor principal do novo estudo e astrofísico da Universidade Nacional Australiana, em entrevista à Associated Press (AP). Segundo o coautor da pesquisa Christopher Onken, é uma surpresa que esse quasar tenha permanecido desconhecido até hoje, uma vez que mais de um milhão de quasares menos impactantes já foram descobertos no passado.
Os buracos negros supermassivos, que estão no centro de cada quasar, crescem puxando estrelas e nuvens de gás para um anel de material em órbita chamado disco de acreção — engolindo tudo que vê pela frente. A matéria que circunda o buraco negro acaba se esfregando, o que cria uma fricção que libera calor brilhante que pode ser visto de muito longe no universo.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Os pesquisadores avistaram, sem saber, o quasar ultrabrilhante, também chamado de J059-4351, em imagens tiradas em 1980 pelo Schmidt Southern Sky Survey — um telescópio na Austrália. Porém, a princípio, eles o identificaram erroneamente como uma mera estrela. Normalmente, os astrônomos encontram quasares usando modelos de aprendizado de máquina treinados para pesquisar grandes áreas no céu em busca de objetos do tipo.
Contudo, isso também abriu uma brecha para que o quasar extraordinariamente brilhante passasse desapercebido pelo sistema. No ano passado, no entanto, os autores do estudo determinaram que o objeto era verdadeiramente um quasar usando o telescópio do Observatório Siding Spring, também na Austrália. Em torno desse quasar, o disco de acreção tem 15 mil vezes o comprimento entre o Sol e Netuno, segundo a ESA, e seu buraco negro pesa aproximadamente 17 bilhões de sóis.
Vale destacar que a luz desse quasar levou cerca de 12 bilhões de anos — a maior parte da história do universo — para chegar até nós. Na visão dos pesquisadores, é bem provável que seu buraco negro tenha parado de crescer há muito tempo dado que grande parte do gás que antes flutuava livremente ao seu redor se consolidou em estrelas viajando longas órbitas. Sendo assim, esses objetos massivos já não têm tanto material assim para se alimentar como tinham no universo primitivo.