Ciência
22/12/2017 às 10:00•2 min de leitura
O mais novo episódio da franquia Star Wars estreou há alguns dias e vem ganhando notas altas entre críticos de cinema, especialmente no site Rotten Tomatoes, o famoso agregador de resenhas que faz uma média em forma de pontuação que vai de 0 a 100% para as produções cinematográficas.
“Os Últimos Jedi” estreou com notas altíssimas que ultrapassavam 96%, sendo considerado o mais bem avaliado filme de toda a saga Star Wars. Com o passar dos dias, a pontuação desceu e se estabilizou em 92%, algo bastante comum após a estreia do filme e, ainda assim, considerado um valor extremamente positivo. Resumindo: o filme de fato caiu no gosto da crítica especializada.
Porém, o que vinha intrigando as fãs da franquia e outros interessados por cinema era a nota que o Rotten Tomatoes demonstrava como dada pela audiência – além da pontuação coletada entre críticos, o site exibe a nota dada pelos usuários do serviço, o público geral que frequenta a página. No caso de “Os Últimos Jedi”, o score dado pelas pessoas “comuns” era de apenas 53%, uma nota considerada ruim na plataforma e que destoava absurdamente do que a crítica pensava.
O grupo, que possui uma página no Facebook para manifestar suas frustrações contra a abordagem que a Disney estaria dando aos novos filmes da franquia Star Wars, declarou abertamente fazer uso de bots
Pois o que aconteceu foi descoberto e revelado por uma reportagem do Huffington Post: um grupo de direita – a chamada “alt right” dos Estados Unidos – teria utilizado bots para baixar a nota do filme do diretor Rian Johnson por ele conter valores e temas considerados “de esquerda”, como críticas ao capitalismo, a inserção de personagens de etnias variadas e o uso de uma pessoa do sexo feminino como protagonista da história.
O grupo, que possui uma página no Facebook para manifestar suas frustrações contra a abordagem que a Disney estaria dando aos novos filmes da franquia Star Wars, declarou abertamente fazer uso de bots na tentativa de desestimular as pessoas a assistirem à produção nos cinemas e causar, assim, um boicote involuntário. Mal sabem eles que os temas chamados de “esquerdistas” pela direita já estão presentes na saga desde seu primeiro capítulo, criado por George Lucas como uma afronta ao presidente neoliberal norte-americano Richard Nixon e a campanha da Guerra do Vietnã.
A publicação Huffington Post entrou em contato com o moderador da página Down With Disney's Treatment of Franchises and its Fanboys (“Abaixo o tratamento da Disney com suas franquias e seus fanboys” em português) no Facebook e ele se mostrou indignado com os produtores de Star Wars por, entre outras coisas, “introduzir mais personagens femininas no universo da franquia”. Outros veículos de imprensa investigaram o acontecimento e descobriram também o uso de bots ou de campanhas organizadas entre grupos de direita para derrubar as notas de “Os Últimos Jedi” em sites especializados em cinema.
O Rotten Tomatoes declarou que está tomando as providências necessárias para evitar que o uso desses recursos possa interferir nas informações fornecidas pela plataforma. O site, porém, afirmou não ter detectado nenhuma atividade anormal no sistema de notas do site.
Grupo de direita forjou nota baixa de “Os Últimos Jedi” usando bots via TecMundo